POLÍTICA

Choradeira de Musk é fake news amplificada pela extrema direita

Relatório do antigo Twitter, descontinuado por Elon Musk, mostra Brasil fora dos 10 países que mais solicitaram exclusões judiciais de contas. Empresário atendeu países totalitários sem reclamar
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 19 de abril de 2024
Choradeira de Musk é fake news amplificada pela extrema direita

Foto: Redes Sociais/Reprodução

Levantamento do UOL, baseado em dados públicos, aponta que a Starlink, provedora de internet via satélite do empresário Elon Musk, detém o monopólio do acesso à web entre garimpos ilegais na Amazônia

Foto: Redes Sociais/Reprodução

Na última terça-feira, 16, a Comissão Eleitoral da Índia ordenou que o X, antigo Twitter, retirasse do ar quatro publicações de políticos, partidos e candidatos. A empresa obedeceu sem reclamar. Bem ao contrário da forma que seu CEO, Elon Musk, por questões políticas e de negócios, reage aos pedidos da Justiça brasileira. O fato ocorreu dias após o multibilionário proprietário da plataforma, ter aberto fogo contra o ministro Alexandre de Moraes, ministro do STF.

Muitos observadores políticos acreditam que Musk está usando uma estratégia para interferir na política brasileira como já fez em outros países, Neste caso, desacreditando o STF e turbinando as teses conspiratórias bolsonaristas em um ano eleitoral, tanto nos EUA, como no Brasil.

Para o juíz de Direito Marcelo Semer, integrante e ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia (AJD), “Musk faz campanha contra condenação de Bolsonaro no Brasil; bolsonaristas abastecem republicanos por campanha contra Biden. Não estão em jogo princípios, mas interesses partidários. Alguns inocentes úteis não se deram conta disso”, afirma.

A afirmação de Musk, de que a rede social X deixaria de cumprir ordens de bloqueio vindas do Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta censura soaram dissonantes com comportamento que a empresa adota com países autoritários, porém parceiros de seus negócios.

A prova disso é que o primeiro ano de gestão de Musk no ex-Twitter e agora X foi marcado pelo magnata autodenominado “absolutista da liberdade de expressão” pela capitulação. Ele se curvou à retirada total ou parcial de 98,8% de pedidos de censura. Entre eles, centenas da Turquia e da própria Índia, países que enfrentaram críticas mundiais por silenciarem opositores aos seus governos. Os fatos foram registrados por veículos da imprensa internacional como a Al Jazeera e El País.

Contradições

A contradição aparece quando dados do antigo Twitter, na época que emitia relatórios periódicos sobre retiradas de posts sob determinação judicial, mostram que mais de 92% dos casos são correspondentes a cinco países: Japão, Rússia, Turquia, Coreia do Sul e Índia.

Antes dos relatórios da rede serem descontinuados sob ordens do próprio Musk, o Brasil ficou na 11ª posição no ranking de pedidos de remoção judicial que envolve 96 países, segundo informa a rede de checagem de dados Aos Fatos. O Brasil ocupa a posição de quarto mercado do X no mundo.

Outra contradição sai do recente fruto dos lobbies da extrema direita brasileira junto aos seus pares norte-americanos.

A denúncia de que o STF teria retirado do Twitter 150 perfis sem explicações maiores à plataforma feita por Republicanos ultra trumpistas sob a liderança do deputado Jim Jordan, além de ser uma intromissão em questões internas que gerou mal-estar no Congresso americano, desconsidera uma desproporção absurda.

Nos EUA, foram retiradas do ar perfis de 150 mil cidadãos norte-americanos que tiveram suas contas no antigo Twitter  derrubadas por discurso antidemocrático por ocasião da Invasão do Capitólio. Ou seja, os perfis derrubados no Brasil representam meros 0,1% em relação do que  que foi derrubado na terra da liberdade de expressão. Segundo dados da rede de TV CBS News, o próprio Twitter, na ocasião, se mostrava preocupado com o que chamava de “bola de neve”, perfis associados a teorias da conspiração em especial fomentadas pelo movimento QAnon.

 

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