Foto: Agência Brasil
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Vivemos em rede. Conectados. Plugados. Praticamente 24 horas por dia on-line. Pela internet, através de nossos computadores e celulares, vamos do Brasil ao Japão em segundos. Temos contatos em todos os cantos do mundo. A tecnologia nos permite esse assombro e nos abre possibilidades fantásticas. Estamos na “rede cercada de gente por todos os lados”.
Mas quem realmente conhecemos? Com quem convivemos? Onde estão as pessoas de carne e osso? E quando elas estão próximas mesmo, estendemos as mãos para elas? Sabemos quais são seus interesses, ideias, princípios? De que valem as redes se elas conectam, criam links, mas não permitem o estabelecimento de laços reais, profundos e verdadeiros entre as pessoas?
As escolas, como nos lembra Paulo Freire – com sua sabedoria própria e peculiar, simples e devastadora –, só se constituem de forma plena enquanto ambientes de aprendizagem se a percebermos (e a realizarmos) indo além do estudo e do trabalho, seus elementos basilares…
Ir à escola para estudar é apenas pretexto e ainda não nos demos conta… A educação encerra possibilidades muito maiores e, ainda, possibilita a aprendizagem, literalmente como efeito colateral, a partir da interação, do encontro, da concretização de laços afetivos, da definição de objetivos comuns e da camaradagem…
E qual o maior ponto de encontro senão o fato de sermos todos seres humanos, gente de carne e osso, com nossas qualidades e fraquezas, medos e inseguranças, vitórias e conquistas? Professores, diretores, alunos, pais, funcionários e todos os elementos que estão na escola reúnem-se a partir da premissa da educação, mas este nobre propósito só se efetiva se conseguirmos criar elos que nos aproximem e que nos permitam unificar ações utilizando a riqueza que há em nossa diversidade…
Passar pela escola, ou ainda, em maior instância, pela vida, sem “criar laços de amizade”, “ambiente de camaradagem”, ou ainda sem “se amarrar nela”, como nos lembra com lirismo o mestre Paulo Freire, não é viver, é apenas sobreviver…
E no mundo de hoje, paralelos entre a escola e a sociedade, aceleradas, mas aparentemente perdidas quanto ao destino, nos conclamam a refletir quanto ao mundo e à vida que queremos, para nós mesmos e nossos descendentes, amigos, parentes, vizinhos, conterrâneos.
Que escola desejamos? Que redes estamos construindo? Que vida almejamos? Pare. Pense. Se articule para chegar aonde realmente quer ir… Vá além dos prédios, dos livros, dos conteúdos…
Ultrapasse o computador, o celular, as redes, a internet… Chegue nas pessoas, abrace seu próximo, estimule o companheirismo, seja amigo… Afinal de contas, é nisso que reside o objetivo final de todos e de qualquer um, simplesmente, na felicidade… E não há maior felicidade no mundo que o encontro fraterno e verdadeiro entre as pessoas…
* Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Aveiro e em Educação pela
PUCRS. Professor adjunto da Faculdade Porto Alegrense de Educação Ciências
e Letras e professor no pós-graduação em Orientação Educacional, Educação
Infantil e Psicopedagogia – FAPA, professor nos cursos de pós-graduação em
Neuropsicopedagogia e Psicopedagogia pela Educinter.