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Vazamento e curto-circuito provocam pânico no Caff

Centro Administrativo foi esvaziado depois que um cano de água estourou junto a uma central elétrica no 12º andar. Servidores querem interdição imediata
Por Gilson Camargo / Publicado em 23 de dezembro de 2022

Foto: Divulgação

Prédio do Centro Administrativo do estado (Caff) foi esvaziado na manhã desta sexta-feira, após o rompimento da rede hidráulica que provocou curto e inundação

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O rompimento de um cano de água próximo a uma central elétrica provocou um curto-circuito e a inundação de vários andares do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), em Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira, 23.

O vazamento ocorreu no início da manhã no 12º andar do prédio que concentra quase todas as secretarias da administração estadual e tem 21 andares e um anexo.

Naquele horário, o local já concentrava um grande número de servidores, trabalhadores terceirizados e visitantes.

O complexo construído nos anos 1970 já passou por diversas reformas e interdições temporárias, mas os problemas estruturais e de segurança são cada vez maiores e mantém os servidores lotados no local em permanente estado de alerta.

Houve princípio de pânico quando a água atingiu uma central elétrica, provocando explosões. O prédio foi evacuado por iniciativa dos próprios servidores, antes da chegada de uma guarnição do Corpo de Bombeiros. Eles desceram pelas escadas dos 21 andares.

Inundação e curto

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Servidores foram surpreendidos pelo incidente que ocorreu no 12º andar

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Localizado  na avenida Borges de Medeiros, no centro histórico da capital, o prédio de 21 andares e duas alas concentra 13 secretarias de estado.

No local, há um anexo onde funciona toda a estrutura da Secretaria Estadual de Educação e a Casa da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, onde há uma sala de concertos com capacidade para 1,1 mil pessoas.

Projetado pelo arquiteto Luis Carlos Macchi nos anos 1970, o complexo concentra cerca de quatro mil servidores públicos e vem sendo parcialmente interditado ao longo de décadas. Diversos laudos apresentados por sindicatos de servidores ao Ministério Público do Trabalho já pediram a interdição total do complexo, por problemas estruturais e risco à vida de quem trabalha e frequenta o local.

Grande parte dos mais de 4 mil servidores lotados nas secretarias já havia subido para seus locais de trabalho quando o alerta foi dado por seguranças e pelos próprios servidores.

Alguns relataram que chegaram para trabalhar a partir das 8h e foram barrados. Eles afirmam que não houve uma ação imediata por meio das brigadas de incêndio para desligar a eletricidade, o é contestado pelo Palácio Piratini.

“Ninguém sabia explicar o que estava acontecendo, apenas que os elevadores estavam fora de serviço. Fomos conferir e nos deparamos com a inundação e o vazamento em frente a uma central elétrica”, relata uma funcionária.

“Já pedimos várias vezes, a todas as autoridades competentes, a interdição desse prédio devido às péssimas condições estruturais. Se omitiram. Nunca fizeram nada. Estão esperando acontecer a tragédia”, desabafa outra servidora.

Sem segurança do trabalho

A diretora-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Sindsepe/RS), Diva Costa, confirma que a entidade há anos denúncia as “péssimas condições estruturais do prédio” que ficaram mais evidentes durante a pandemia, quando foram feitas várias vistorias a pedido do MPT em razão de denúncias feitas pela entidade. “No entanto, nada de concreto é feito pelo poder público”.

Para a dirigente, os problemas do prédio refletem a política de desmonte do serviço público que há anos vem sendo implementado no RS e que, além de desvalorizar o funcionalismo, “sucateia o patrimônio material do estado”.

“Além dos servidores e servidoras, dos trabalhadores e trabalhadoras das empresas terceirizadas, o Caff recebe milhares de pessoas de todo o estado diariamente. Todos estão expostos a todo tipo de risco, porque o prédio não oferece as mínimas condições estruturais ou de segurança para essas pessoas”. Para quem trabalha diariamente naquele espaço, acrescenta, não há segurança do trabalho: “ali tudo acontece à revelia. Os serviços de manutenção foram terceirizados e totalmente precarizados”.

Essa é a realidade também do interior do estado, a exemplo das Coordenadorias Regionais de Saúde, “que funcionam em prédios sucateados, sem as mínimas condições de trabalho e segurança e muitas vezes ficam meses sem serviços de higienização”, enumera Diva.

O que diz o governo

Em nota, o governo do estado informou que o prédio foi interditado nesta manhã “como medida preventiva após a identificação de vazamento de água no 12º andar”.

“Por segurança, a rede elétrica foi desligada”, diz o comunicado. “O vazamento foi controlado e o conserto está em andamento. Após a realização do reparo, será feita nova avaliação para liberar o prédio. O expediente dos servidores que trabalham no Caff seguirá normalmente em home office”, conclui.

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