Luciano Hang e Roberto Jefferson são alvos de operação contra fake news
Foto: reprodução Facebook
A Policia Federal (PF) realizou no início da manhã desta quarta-feira, 27, 29 mandatos de busca e apreensão para integrar as informações que estão compondo o inquérito sobre fake news que atacam e ameaçam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os que receberam os agentes da PF, estão o empresário Luciano Hang, o ex-deputado e um dos principais articuladores informais do Centrão, Roberto Jefferson, e militantes bolsonaristas, como o blogueiro Allan dos Santos e a ativista Sara Winter. Seis deputados federais e dois estaduais também foram abordados pela operação.
Luciano Hang, proprietário da rede varejista Havan, foi apontado pela Folha de São Paulo como um dos articuladores do financiamento de disparos de WhatsApp de mensagens negativas e boatos contra Fernando Haddad, então adversário do candidato à presidência Jair Bolsonaro nas eleições passadas. A prática considerada ilegal pelo Tribunal Superior Eleitoral se deu através de um pool de empreendedores que contrataram uma empresa espanhola para a ação.
“Visão pessoal”
Em life postada no Facebook, Luciano Hang nega ter espalhado fake news contra STF e cobra liberdade de expressão. Afirma que tudo o que postou até agora trata-se de sua “visão pessoal”.
Na realidade, conforme apurou o Extra Classe, o empresário integra o inquérito não por suas opiniões, mas como um dos quatro possíveis financiadores da rede de fake news que está sendo investigada.
Allan dos Santos é editor do site Terça Livre e já prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das fake news no ano passado. Ele, na ocasião, negou receber verbas oficiais. Em nota, Santos disse que a sede do seu site foi alvo da PF nesta manhã. Foram apreendidos, segundo ele, equipamentos pessoais e celulares e computadores do seu veículo.
Deputado reincidente
Já o deputado Douglas Garcia está sob investigação por suspeitas de integrar o chamado Gabinete do Ódio instalado no Palácio do Planalto. É a segunda vez que Garcia é alvo de uma operação da PF. Em dezembro passado, notebook e celular de seu chefe de gabinete, Edson Salomão, foram apreendidos.
Há suspeitas de que mensagens com notícias falsas e de ódio tenham partido em computadores localizados no gabinete do deputado que é líder do Movimento Conservador.
A ex-feminista
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Ex-integrante do grupo feminista Femen, Sara Wiinter deu uma guinada radical à direita e chegou a trabalhar com Damares Alves no ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Apoiadora de Bolsonaro, ela criou o 300 pelo Brasil, grupo que participou das recentes agressões a jornalistas do Estadão e chegou a montar barracas na Esplanada onde divulgou ideias como o uso de táticas de guerrilha para “exterminar a esquerda” e “tomar o poder para o povo”.
Em entrevistas recentes, a ativista disse que integrantes do seu movimento estariam armados.
De fuzil na mão
Roberto Jefferson até começar a dialogar com Bolsonaro em sua ânsia de contar com o Centrão para evitar um possível pedido de impeachment tinha pouca atividade verificadas em apoio ao presidente nas redes.
Especialista em segurança ouvido em caráter de anonimato pelo Extra Classe acredita que pesa contra o ex-deputado posts onde o mesmo, com um fuzil na mão, sugere uma guerra civil em apoio ao mandatário. Jefferson foi cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados em 2005 e condenado por corrupção.
Outros alvos importantes
Bernardo Kuster, youtuber auto-intitulado Católico e Conservador de Direita. Ele, com 862 mil inscritos em seu canal, ataca sistematicamente o Papa Francisco. Elogios frequentes à Bolsonaro e manifestações de fúria a seus adversários e a imprensa muitas vezes contém informações questionáveis.
Conhecido como Comandante Winston, Winston Rodriges Lima é militar reformado da Marinha. Ele foi candidato a deputado distrital em 2018 e é coordenador de manifestações pró-Bolsonaro.
Também seis deputados federais bolsonaristas estão sendo investigados. Todos filiados ao PSL. São eles: Bia Kicis, Carla Zambelli, Daniel Silveira, Filipe Barros, Cabo Junio Amaral e Luiz Philippe de Orléans e Bragança. Todos os seis ainda estão.
Além do deputado Garcia, em São Paulo, o deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP) está sob os olhos da PF. Ele tem comandado as carreatas contra o isolamento social em São Paulo entre outras atividades que espalham boatos sobre o novo coronavírus.
As ordens judiciais estão sendo cumpridas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. Elas foram aprovadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que desde o ano passado preside os trabalhos.
Mandatos de busca e apreensão realizada hoje pela Polícia Federal
Deputados federais
Bia Kicis
Carla Zambelli
Daniel Silveira
Filipe Barros
Cabo Junio do Amaral
Luiz Phillipe Orleans e Bragança
Deputados estaduais de SP
Douglas Garcia
Gil Diniz
Em São Paulo
Edgard Gomes Corona
Edson Pires Salomão
Enzo Leonardo Suzi Momenti
Marcos Dominguez Bellizia
Otavio Oscar Fakhoury
Rafael Moreno
Rodrigo Barbosa Ribeiro
No Rio de Janeiro
Paulo Gonçalves Bezerra
Reynaldo Bianchi Junior
Roberto Jefferson
Em Santa Catarina
Luciano Hang (Dono da Havan)
No Paraná
Bernardo Pires Kuster
Eduardo Fabris Portella
No Mato Grosso
Marcelo Stachin
Em Brasília
Allan Lopes Dos Santos (Allan Terça Livre)
Sara Fernanda Giromini (Sara Winter)
Winston Rodrigues Lima