SAÚDE

Baixo Amazonas replica crise de oxigênio

Após o colapso no sistema de saúde no Amazonas, começam a faltar insumos e leitos nos hospitais do oeste do Pará. Na cidade de Faro, 10% dos 8 mil habitantes estão infectados
Por Gilson Camargo / Publicado em 20 de janeiro de 2021
No município de Faro, no oeste do Pará, servidores improvisam macas com colchões na sala de espera da Unidade Básica de Saúde. Sete pessoas morreram no hospital municipal, que não tem UTI nem cilindros de oxigênios

Foto: Prefeitura de Faro/ Divulgação

No município de Faro, no oeste do Pará, servidores improvisam macas com colchões na sala de espera da Unidade Básica de Saúde. Sete pessoas morreram no hospital municipal, que não tem UTI nem cilindros de oxigênios

Foto: Prefeitura de Faro/ Divulgação

Após o colapso no sistema de saúde no estado do Amazonas, provocado pela falta de oxigênio e leitos para pacientes graves de covid-19, a falta de infraestrutura dos serviços de saúde e de insumos começam a ser replicadas na região do Baixo Amazonas – com cenas de horror e mortres por asfixia em hospitais como ocorreu na capital amazonense na semana passada.

O aumento no número de internações de infectados em estado grave após as festas de final de ano região levou ao limite a estrutura dos serviços de saúde dos pequenos municípios do interior dos dois estados. No Pará, faltam cilindros de oxigênio e leitos de enfermaria e de UTI e hospitais de pequenas localidades começaram a enviar pacientes para outras cidades. O governo do Pará instalou dez leitos de UTI hospital municipal de Juruti para atender os municípios da fronteira.

Na terça-feira, sete pessoas de uma mesma família morreram por insuficiência respiratória em Faro, município de 8 mil habitantes do oeste do Pará, onde um a cada dez moradores testou positivo para covid-19. As vítimas estavam internadas no único hospital do município, que não dispõe de leitos de UTI nem cilindros de oxigênio.

“Nossa reserva de oxigênio está zerada. Temos 37 pacientes internados dividindo 11 balas de oxigênio para que nenhuma vida seja perdida. Estamos pedindo remédios emprestados, oxigênio, não temos recursos. Hoje dependemos de doações, estamos entrando em desespero”, afirmou o secretário Thiago Azevedo, na terça-feira. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde do Pará informou que o estado tem quase 310 mil casos confirmados e 7,5 mil mortes por covid-19.

Procuradores alertam Pazuello

A iminência de um novo colapso na região, menos de uma semana após a crise de Manaus, foi alertada pelo Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério Público estadual (MPPA) em ofício enviado na terça-feira ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e ao governador Helder Barbalho (MDB).

Os procuradores recomendam ao ministério e ao governo paraense que tomem providências para evitar a falta de insumos e garantir o atendimento a pacientes com covid-19 na região, que já sofre com o desabastecimento de oxigênio. O governo do Pará também orientou os municípios do Oeste do Pará a adotarem medidas mais restritivas para evitar a disseminação do vírus. A fiscalização foi reforçada nas divisas dos municípios de Santarém, Juruti, Terra Alta, Faro, Óbidos e Oriximiná para impedir a entrada de embarcações com passageiros oriundos de Manaus.

*Com agências.

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