SAÚDE

Rio Grande adota bandeira preta para atividades não essenciais

Após 51 contágios por Covid-19 em apenas um dia, cidade portuária suspende atividades não essenciais e circulação na orla por uma semana
Por Gilson Camargo / Publicado em 6 de julho de 2020
Cidade portuária registrou 51 novos contágios na sexta-feira e aumentou classificação de risco

Foto: Marcos Jatahy/ PMRG/ Divulgação

Cidade portuária registrou 51 novos contágios na sexta-feira e aumentou classificação de risco

Foto: Marcos Jatahy/ PMRG/ Divulgação

Enquanto 37 prefeituras tentam reverter a classificação em bandeira vermelha, que identifica alto risco de contágio por Covid-19 segundo o modelo de distanciamento controlado do governo do estado, Rio Grande aumentou nesta segunda-feira o alerta para bandeira preta – altíssimo risco. Com isso todos os estabelecimentos e serviços não essenciais ficam inativos por uma semana na cidade portuária, assim como a circulação de pessoas nos espaços públicos e na orla.

Com 232 casos de contágio e oito mortes registradas até esta segunda-feira, 6, Rio Grande não está entre os municípios com os maiores indicadores da pandemia no estado. Está em 30º no painel de dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS). Mas devido a um aumento da incidência da doença combinado com a alta taxa de ocupação de leitos de UTI, havia sido classificada com a bandeira vermelha na nona rodada do distanciamento controlado, divulgada pelo Piratini na sexta-feira, 3. Naquele dia, o município registrou 51 novos casos, o que deixou as autoridades de saúde em alerta. A medida é uma prerrogativa dos municípios, contida no modelo de distanciamento adotado pelo RS. A secretaria municipal de Saúde informou que vai aumentar o número de testes e o monitoramento do contágio, além de buscar alternativas para a aquisição no Uruguai, de medicamentos que faltam no estado.

No domingo, o prefeito Alexandre Lindenmeyer decidiu assinar um decreto que define a adoção de bandeira preta para atividades não essenciais a partir desta segunda-feira. “Se alguém precisar de um leito de UTI para qualquer doença, não vai ter. As cirurgias eletivas estão suspensas, porque não existem medicamentos. Se tivermos um volume de óbitos por Covid-19, não teremos estrutura. Não é um problema só de Rio Grande ou Pelotas. Está na hora de puxar o freio de mão”, alertou.

Lindenmeyer explicou que a bandeira preta no município só incide sobre as atividades não essenciais. As atividades essenciais são reguladas por decreto estadual. “Portanto, a extensa maioria dos serviços não essenciais, conforme detalhado na nota metodológica do sistema municipal de distanciamento controlado, passam a não funcionar pelo prazo de uma semana”, anunciou em uma transmissão pela internet na companhia do vice-reitor da Furg, Danilo Giroldo, dos secretários Roque Werlang (Coordenação e Planejamento) e Cláudio Dutra (Desenvolvimento, Inovação e Turismo).

A decisão foi anunciada após uma reunião extraordinária do Comitê Técnico Municipal em Saúde. Para definir a cor preta, o Comitê tomou como base o Modelo Papareia de Distanciamento Social Controlado, o crescente aumento de casos da Covid-19 em Rio Grande, além da dificuldade de abastecimento de medicamentos nos leitos de UTI para a Covid-19, não só no município, mas no estado e no país, e a situação regional da pandemia no sul do estado.

A restrição não vale para restaurantes, supermercados, farmácias e outros estabelecimentos essenciais, que devem funcionar com a adoção dos protocolos de segurança. Indústria de alimentos, insumos e área portuária não têm gerência da administração municipal.

“A cor vermelha para Rio Grande ficou num quantitativo mais grave do que o definido para a região pelo governo estadual. Percebemos um agravamento de todos os indicadores locais, associados à capacidade de atendimento aos casos da Covid-19, bem como à propagação da do vírus. Dentro dos critérios qualitativos, avaliando o cenário de crescimento muito rápido de todos os indicadores da doença, o Comitê definiu pela adoção da bandeira preta”, explicou Giroldo.

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