SAÚDE

Santa Catarina lidera o ranking de doações

Publicado em 12 de setembro de 2014
Joel de Andrade, coordenador do SC Transplantes, de Santa Catarina

Foto: Igor Sperotto

Joel de Andrade, coordenador do SC Transplantes, de Santa Catarina

Foto: Igor Sperotto

O estado de Santa Catarina é líder nacional em doações de órgãos para transplantes nos últi­mos oito anos. Até junho de 2014, a Central de Transplantes daquele estado atingiu a marca de 29,4 do­adores por milhão de população, índice que se aproxima da Espanha, referência em todo o mundo (veja artigo sobre o modelo espanhol na página 6).

Os bons resul­tados podem estar relacionados a dois fatores: a capaci­tação dos profissionais de saúde para oferecer a doação de órgãos no momento doloroso em que uma família é comunicada da morte de um parente, e a portaria mi­nisterial que prevê a profissionalização dos coordenado­res de transplantes em nível hospitalar.

Desde maio de 2013, cerca de cem coordenadores recebem uma gra­tificação por desempenho da atividade através de um fundo administrado pelo Conselho Municipal de Saúde.

A Central de Transplantes de Santa Catarina, co­nhecida como SC Transplantes, ligada à Secretaria Esta­dual de Saúde, começou a funcionar em 1999. Em 2008, passou por uma reestruturação e investiu em educação e formação com médicos como Valter Garcia, da Santa Casa do Rio Grande do Sul, e a sanitarista Selma Loch. “É impressionante os picos de doação que ocorrem após um evento de educação”, observa Joel de Andrade, mé­dico intensivista e coordenador do SC Transplantes, que fez sua especialização na Espanha.

Andrade está convencido de que, antes de investir em publici­dade sobre doação de órgãos, é preciso preparar os profissionais de saúde. As técnicas de comuni­cação com as famílias no momen­to da doação, difundidas em cur­sos, são fundamentais para alcan­çar os resultados atuais”. A gente não pede órgãos, a gente oferece a possibilidade de doação e a doação é um consolo de que outros deixam de morrer, dá um sentido à vida”, diz.

Os cursos ensinam como o médico pode ajudar uma família a tomar a decisão e permitem di­minuir também a tensão do profissional de saúde. “A doação é quase um efeito colateral da boa comunica­ção”, reflete. Postura, tom de voz, comunicação não verbal, sem julgamentos: é preciso ouvir o familiar, entender que há um primeiro momento de negação da morte, esperar a assimilação da dor.

Atualmente, a SC Transplantes atende a deman­da de Santa Catarina e também de outros estados, principalmente em relação aos transplantes hepáticos. A lista de espera por órgãos ainda é grande, é preciso avançar mais, analisa Andrade. Falta uma política na­cional de Coordenação de Transplantes, assim como existe a coordenação de órgãos, e é importante intro­duzir o tema nos currículos das escolas de Medicina e Enfermagem. “Doação de órgãos não é uma causa, é uma questão de saúde pública”, afirma.

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