TCU verifica se houve atividade privada com dinheiro público no governo Bolsonaro
Foto: Alan Santos/PR
O Tribunal de Contas da União (TCU) começa a analisar nos próximos dias documentos sobre a ida de Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos a dois dias do encerramento do seu mandato. Considerada por muitos analistas políticos como uma fuga para evitar a passagem da faixa presidencial à Luiz Inácio Lula da Silva, a viagem tem registros da própria Casa Civil que apontam para desvio de finalidade no uso de dinheiro público.
Atendendo solicitação do Tribunal, a Casa Civil da Presidência da República enviou à corte um relatório da viagem presidencial que dão o caráter de “atividade privada” na agenda do então presidente.
A documentação foi requerida pelo TCU que atendeu representação de Elias Vaz (PSB-GO), quando ainda era deputado federal, no dia 31 de dezembro passado.
Os registros dão conta da ida de 35 servidores da presidência, a maioria formada por militares do Escalão Avançado (EscAv), antes mesmo do embarque de Bolsonaro, de sua esposa Michele e de sua filha Laura. Além disso, o reporte do EscAV expressa o caráter de atividade sem conexão com o mandato presidencial.
Conforme o documento assinado pelo coronel do Exército Ivan Dias Fernandes Júnior, “a viagem foi realizada no período de 28 de dezembro de 2022 a 1º de janeiro de 2023 e destinou-se a preparar a viagem do Senhor Presidente da República à cidade de Orlando, Estados Unidos da América, a fim de participar de Atividade Privada, realizada nos dias 30 e 31 de dezembro de 2022”.
Entre os servidores enviados ao exterior para viabilizar a ida do então presidente e sua família, médicos, assessores especiais, ajudantes de ordem, despachantes, comissários, um diretor de segurança e um coordenador de viagem. Entre eles, os assessores Sérgio Cordeiro e Max Guilherme, hoje presos preventivamente por envolvimento em fraudes de certificados de vacina da covid-19.
A solicitação de recursos públicos para viagem do EscAV também evidencia o caráter privado da iniciativa. Em 26 de dezembro do ano passado, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) solicitou a liberação de US$ 5 mil para “pagamento de despesas de apoio de solo, taxas aeroportuárias e serviços especiais na missão do Senhor Presidente da República, na atividade privada do senhor Presidente da República, prevista para o período de 28 a 31 de dezembro de 2022”.