Mulheres, negros e indígenas terão prioridade no Programa de Aquisição de Alimentos
Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) criado em 2003 no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi relançado nessa quarta-feira, 22. O programa teve o nome alterado para Alimenta Brasil e foi desarticulado no último governo, que cortou a quase totalidade dos recursos em 2022.
A retomada e a vitalização dos programas de aquisição de alimentos da agricultura familiar foi anunciada na sexta-feira, 17, pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, durante a abertura da 20ª colheita do arroz agroecológico dos assentamentos da reforma agrária no Rio Grande do Sul.
Além do retorno ao nome original, a política pública do governo Lula trará novidades como mais prioridade às mulheres, que terão uma participação mínima de 50% na venda de seus produtos. Antes, eram 40%.
Diante da acentuada perda de verba nos últimos quatro anos, quando chegou até a ser rebatizado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), a iniciativa prevê para este ano o investimento de R$ 500 milhões em compras diretas, pela União, de produtos da agricultura familiar. O preço de aquisição dos itens será o vigente no mercado, garantindo um retorno justo aos trabalhadores do campo.
O próprio presidente viajou a Recife (PE) para a cerimônia que contou ainda com a presença dos ministros do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT/SP) e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT/PI) e do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o gaúcho Edegar Pretto, nomeado na terça-feira, 21.
Os produtos comprados serão destinados a pessoas em situação de insegurança alimentar.
Outras ações ainda integram o PAA como a formação de estoques públicos de alimentos e a aquisição da produção dos pequenos produtores por órgãos do governo, como hospitais públicos, forças armadas, presídios, restaurantes universitários, hospitais universitários e refeitórios de creches.
Valores ampliados
Foto: Emanuel Cavalcante/ Embrapa Amapá
A facilitação de acesso ao programa de agricultores indígenas, quilombolas, assentados da reforma agrária e demais comunidades tradicionais também é outra marca do novo PAA.
O valor limite individual por ano de comercialização do PAA anunciado passará de R$ 12 mil para R$ 15 mil e valerá para as modalidades de doação simultânea, formação de estoques e compra direta.
Mas, como os agricultores poderão participar de mais de uma modalidade de venda, os valores poderão chegar a R$ 45 mil por produtor. Já, considerada a compra institucional de até R$ 30 mil, o limite pode ficar em R$ 75 mil.
Desde sua criação, a iniciativa já investiu mais de R$ 8 bilhões na compra de alimentos. Cerca de 500 mil agricultores familiares foram beneficiados com o direcionamento de sua produção para mais de 8 mil entidades atendidas anualmente.
Alimenta Brasil teve recursos cortados
Como em outras políticas públicas herdadas dos governos do PT, Jair Bolsonaro alterou o nome do programa. O batizou de Alimenta Brasil.
No entanto, ano após ano, as verbas foram cortadas e chegaram quase a zero em 2022. Em dezembro de 2021, às vésperas da eleição, o ex-presidente anunciou um reajuste do valor mínimo de R$ 6 mil para R$ 12 mil por unidade agricultora familiar.
De fato, o PAA que chegou a movimentar R$ 586 milhões em 2012 não passou de R$ 100 milhões no primeiro ano de governo do ex-capitão.
Em 2020, com o avanço da pandemia, emendas parlamentares fizeram o programa voltar ao patamar dos R$ 500 milhões à disposição do governo que, no entanto, executou menos de R$ 300 milhões.
Apesar da continuidade da pandemia, nova queda acentuada no orçamento aconteceu em 2021. O Alimenta Brasil executou R$ 58,9 milhões.
Ironicamente, naquele ano, Bolsonaro chegou a apresentar a iniciativa na ONU como “importante estratégia para o combate à fome e à desnutrição”.
No último ano de seu mandato, em 2022, o governo praticamente extinguiu o programa.
Para se ter uma ideia, diante da crescente fome no país, até o mês de maio apenas R$ 89 mil foram utilizados.
A maior parte dos recursos que deveriam integrar o programa passou a ser vinculada ao orçamento secreto, meio que Bolsonaro utilizou no Congresso para manter seu mandato.
Isso, aliado a alterações nos critérios para a distribuição dos poucos alimentos comprados, tornou mais difícil de saber para quais regiões as verbas foram disponibilizadas.
O resultado foi o encerramento das atividades de diversas cooperativas e projetos sociais que tiveram prejuízo na qualidade da alimentação disponibilizada para as camadas mais pobres da sociedade. Programa de Aquisição Alimentos, Programa de Aquisição Alimentos, Programa de Aquisição Alimentos