POLÍTICA

CPI aprova requerimentos para investigar denúncias de irregularidades na Prevent Senior

Senadores apontam que plano de saúde cerceou autonomia médica, distribuiu kit covid, aplicou terapêuticas não autorizadas, fraudou estudo clínico com hidroxicloroquina e azitromicina e praticou eutanásia
Da Redação / Publicado em 1 de outubro de 2021

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Requerimentos para ouvir médicos da operadora foram aprovados na CPI

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A CPI da Pandemia aprovou quatro requerimentos para aprofundar as investigações sobre a Prevent Senior. O plano de saúde foi acusado de irregularidades durante o atendimento de pacientes diagnosticados com covid-19. Os requerimentos preveem o depoimento de médicos e clientes da operadora, além de um representante da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que tem função de fiscalizar a atuação da empresa.

O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sugeriu a convocação de Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, presidente da ANS. Segundo o parlamentar, Paulo Roberto Vanderlei deve “prestar esclarecimentos sobre as ações e medidas adotadas pela agência para coibir e responsabilizar irregularidades praticadas pela operadora”.

Segundo Randolfe, a CPI “obteve evidências de inúmeras e gravíssimas irregularidades cometidas” pela Prevent Senior. Entre elas, cerceamento da autonomia médica, distribuição do kit covid, aplicação de terapêuticas não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e fraude em estudo clínico sobre a eficácia de drogas como hidroxicloroquina e azitromicina.

Médicos

O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) propôs a convocação dos médicos George Joppert Netto e Andressa Fernandes Joppert. Em depoimento à CPI, o diretor executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou que os dois profissionais “manipularam dados de uma planilha interna para tentar comprometer a operadora”. Os médicos foram demitidos da empresa em junho de 2020.

“De acordo com o diretor-executivo, a planilha divulgada pelos médicos contém graves divergências em relação ao documento original. Além disso, os médicos George Joppert e Andressa Joppert supostamente acessaram a planilha depois do desligamento da empresa e transmitiram as informações para a advogada Bruna Morato, antes da divulgação dos dados pela imprensa”, alega Rogério.

Em depoimento à CPI na terça-feira, 28, a advogada revelou que houve um pacto da Prevent Senior com o Ministério da Economia para validar o chamado “tratamento precoce” como forma de tentar evitar o lockdown, reforçou a atuação do “gabinete paralelo” e do governo federal na defesa de medidas sem comprovação científica na pandemia e apontou o envolvimento do ministro Paulo Guedes e da ANS.

Eutanásia

Para a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), a Prevent Senior praticou eutanásia ao, segundo as denúncias de médicos e pacientes, orientar o “tratamento paliativo” sem possibilitar a reversão do estado clínico do doente com o tratamento convencional.

A senadora questionou a advogada se os médicos que acusam a Prevent Senior de irregularidades chegaram a se reunir com integrantes do “gabinete paralelo” como os médicos Nise Yamaguchi e Paolo Zanotto. Bruna informou que a Prevent Senior oferecia aulas aos profissionais e, nessas ocasiões, eram expostos possíveis casos e estudos de sucesso com o tratamento com uso de medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19.

A CPI aprovou ainda a convocação de outro profissional que atuou no enfrentamento à pandemia em hospitais da Prevent Senior. O depoimento do médico Walter Correa de Souza Neto foi sugerido pelo senador Humberto Costa (PT-PE).

O parlamentar sugeriu ainda um requerimento de convite para Tadeu Frederico Andrade, cliente do plano de saúde. Ele deve falar sobre outra denúncia que pesa contra a Prevent Senior: o encaminhamento de usuários para os chamados cuidados paliativos, conjunto de medidas destinadas a reduzir o sofrimento de pacientes considerados incuráveis.

Segundo Humberto Costa, a Prevent Senior prescreveu o kit covid para Tadeu Andrade em dezembro de 2020. “Seu quadro clínico se agravou, necessitando de internação em unidade de tratamento intensivo. Após um mês na UTI, a equipe da Prevent queria tirá-lo da internação para economizar custos, colocando-o sob cuidados paliativos. A família se recusou a aceitar tal mudança. O senhor Tadeu se recuperou e, vivo, denunciou a Prevent Senior à CPI e ao Ministério Público de São Paulo”, disse o senador.

Relatório

O relatório da CPI da Pandemia deverá ser votado no dia 20 de outubro. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou para a próxima semana os três últimos depoimentos, com excepcionalidade para o caso de surgir alguma informação totalmente nova e fundamental. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), responsável pelo parecer, afirmou que o relatório está praticamente finalizado. Entre os 32 investigados pela CPI estão o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, seu antecessor, Eduardo Pazuello; o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR); e o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni.

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