POLÍTICA

Aliados de Bolsonaro perdem eleições em cinco capitais

Em Porto Alegre e São Paulo, aliados do presidente não passaram para o segundo turno. Ao todo, 57 municípios em todo o país definem prefeitos em 29 de novembro
Da Redação / Publicado em 16 de novembro de 2020
Em Porto Alegre, Manuela d'Ávila (PCdoB) e o vice, Miguel Rosseto (PT) disputam o segundo turno com Sebastião Melo (MDB). O atual prefeito, Nelson Marchezan Jr., ficou em segundo

Foto: Foto: Danilo Christidis/ Divulgação

Em Porto Alegre, Manuela d’Ávila (PCdoB) e o vice, Miguel Rosseto (PT) disputam o segundo turno com Sebastião Melo (MDB). O atual prefeito, Nelson Marchezan Jr., ficou em segundo

Foto: Foto: Danilo Christidis/ Divulgação

Nove dos 13 candidatos a prefeito apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não se elegeram nas eleições proporcionais de domingo, 15. Dois venceram no primeiro turno e dois foram para o segundo turno. Além de eleger menos vereadores em todo o país, o bolsonarismo perdeu prefeitos em cinco capitais.

“O grande derrotado desta eleição é a antipolítica. Aqueles que combatiam a democracia. O extremismo de direita, o bolsonarismo, o Bolsonaro. Esses são os grandes derrotados”, afirmou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PT), após votar em São Luis, no domingo. Dino avaliou que a esquerda compôs um quadro “plural” com outros partidos políticos e obteve “resultados de razoáveis a bons”.

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, argumentou que Bolsonaro não se envolveu nas eleições, o que não é verdade, uma vez que o presidente fez lives do Palácio do Planalto pedindo votos para aliados e para o filho, Carlos Bolsonaro, que se reelegeu em segundo na Câmara de Vereadores do Rio.

Mourão admitiu que os partidos de “centro tradicionais foram os grandes vencedores” do primeiro turno. “O que eu vi também são políticos mais tradicionais, mais conhecidos, os que foram aí eleitos já no primeiro turno em grandes cidades, e aqueles que estão competindo pelo segundo turno. Isso é uma realidade, não dá para fugir disso aí”, justificou o militar.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro também acusou a derrota de Bolsonaro. “O resultado das eleições municipais foi fragmentado, sem um claro vencedor nacional, o que sinaliza a prevalência do interesse local. Há alguns resultados interessantes, os candidatos apoiados pela Presidência fracassaram e o PSol tornou-se o partido de esquerda mais relevante”, reconheceu.

Em São Leopoldo, o petista Ary Vanazzi derrotou o bolsonarista Delegado Heliomar (DEM), sendo reeleito para o quarto mandato

Foto: Charles Dias/ Divulgação

Em São Leopoldo, o petista Ary Vanazzi derrotou o bolsonarista Delegado Heliomar (DEM), sendo reeleito para o quarto mandato

Foto: Charles Dias/ Divulgação

CAPITAIS – Em Porto Alegre, o segundo turno será disputado entre Sebastião Melo (MDB) e Manuela d’Ávila (PCdoB). O atual prefeito da capital gaúcha, o bolsonarista Nelson Marchezan Jr. (PSDB) ficou em terceiro. Em São Paulo (SP), o aliado de Bolsonaro Celso Russomano (Republicanos) amargou o quarto lugar. O segundo turno será entre o atual prefeito Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSol). Em Belo Horizonte, Bruno Engler (PRTB) não atingiu nem 10% dos votos ao concorrer com outro aliado do presidente, o prefeito Alexandre Kalil (PSD), reeleito.

No Recife (PE), a delegada Patrícia (Pode), ficou em quarto lugar na disputa. João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) foram para o segundo turno. Em Manaus (AM), onde passaram para o segundo turno Amazonino Mendes (Pode) e David Almeida (Avante), o Coronel Menezes (Patriotas) ficou em quinto. Apoiado por Bolsonaro, Ivan Sartori (PSD) ficou em segundo na eleição para a prefeitura de Santos (SP), na qual o tucano Rogério Santos foi eleito com 50,58 dos votos.

MUNICÍPIOS – Além dessas cinco capitais, candidatos de Bolsonaro perderam nos municípios de Sobral (CE), Cabo Frio (RJ), Cabedelo (PB), Criciúma (SC). Dois aliados de Bolsonaro foram eleitos, Gustavo Nunes (PSL), em Minas Gerais e Mão Santa (DEM) em Parnaíba (PI). No Rio, Marcelo Crivella (Republicanos) irá disputar o segundo turno com Eduardo Paes (DEM) e, em Fortaleza (CE), capitão Wagner (Pros), também foi para o segundo turno. Em São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), derrotou o bolsonarista Delegado Heliomar (DEM), sendo reeleito para o quarto mandato intermitente. O último prefeito eleito por quatro vezes em São Leopoldo foi Guilherme Gaelzer Neto, em 1926.

Eleição terá segundo turno em 57 municípios

Nas eleições municipais deste ano, haverá segundo turno em 57 cidades espalhadas pelo país, das quais 18 são capitais. Nessas localidades, a campanha eleitoral já pode recomeçar a partir desta segunda-feira, 16.

O segundo turno está marcado para 29 de novembro, 13 dias após a primeira votação. Trata-se do menor intervalo da história. Normalmente, o período é de três a quatro semanas. O calendário apertado foi aprovado pelo Congresso em função do adiamento provocado pela pandemia de covid-19.

A votação no segundo turno será disputada pelos dois melhores colocados e cada uma dessas 57 cidades. Isso porque nenhum deles conseguiu alcançar maioria absoluta (50% mais um) dos votos válidos no primeiro turno – votos brancos, nulos e abstenções não entram na conta.

O segundo turno era possível nas 95 cidades brasileiras que possuem mais de 200 mil habitantes. Dessas, 35 decidiram os ganhadores já na primeira rodada de votação, pois nelas algum candidato recebeu mais de metade dos votos válidos.

Em duas cidades, Duque de Caxias e Volta Redonda, há candidatos com votos suficientes para levar no primeiro turno, mas o resultado ainda está sub judice, isto é, ainda aguardam por uma decisão final da Justiça. Em Macapá a eleição foi adiada em razão do apagão de energia elétrica.

A necessidade de segundo turno na disputa para prefeito em cidades com 200 mil habitantes ou mais consta na Constituição e segue o mesmo modelo adotado nas eleições para presidente e governador.

Municípios que elegerão prefeitos em 29 de novembro

Anápolis (GO): Roberto Naves (PP) e Antonio Gomide (PT).
Aracaju (SE): Edvaldo Nogueira (PDT – atual prefeito) e Danielle Garcia (Cidadania).
Bauru (SP): Suéllen Rosim (Patriota) e Dr Raul (DEM)
Belém (PA): Edmilson Rodrigues (PSol) e Delegado Eguchi (Patriota).
Blumenau (SC): Mário Hildebrandt (Podemos) e João Paulo Kleinübing (DEM).
Boa Vista (RR): Arthur Henrique (MDB) e Ottaci (Solidariedade).
Campinas (SP): Dário Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (PL).
Campos dos Goytacazes (RJ): Wladimir Garotinho (PSD – sub júdice), e Caio Vianna (PDT)
Canoas (RS): Jairo Jorge (PSD) e Luiz Carlos Busato (PTB).
Cariacica (ES): Euclério Sampaio (DEM) e Célia Tavares (PT).
Caucaia (CE): Naumi Amorim (PSD) e Vitor Valim (Pros).
Caxias do Sul (RS): Pepe Vargas (PT) e Adiló (PSDB).
Contagem (MG): Marília (PT) e Felipe Saliba (DEM).
Cuiabá (MT): Emanuel Pinheiro (MDB – atual prefeito) e Abílio Júnior (Podemos).
Diadema (SP): Filippi (PT) e Taka Yamauchi (PSD).
Feira de Santana (BA): Zé Neto (PT) e Colbert Martins (MDB).
Fortaleza (CE): Sarto Nogueira (PDT) e Capitão Wagner (Pros).
Franca (SP): Flávia Lancha (PSD) e Alexandre Ferreira (MDB).
Goiânia (GO): Maguito Vilela (MDB) e Vanderlan Cardoso (PSD).
Governador Valadares (MG): André Merlo (PSDB) e Dr. Luciano (PSC).
Guarulhos (SP): Guti (PSD) e Elói Pietá (PT).
João Pessoa (PB): Cícero Lucena (Progressistas) e Nilvan Ferreira (MDB).
Joinville (SC): Darci de Matos (PSD) e Adriano Silva (Novo).
Juiz de Fora (MG): Margarida Salomão (PT) e Wilson Rezato (PSB).
Limeira (SP): Mario Botion (PSD) e Murilo Félix (Podemos).
Maceió (AL): Alfredo Gaspar (MDB) e Jhc (PSB).
Manaus (AM): Amazonino Mendes (Podemos) e David Almeida (Avante).
Mauá (SP): Átila Jacomussi (PSB) e Marcelo Oliveira (PT).
Mogi das Cruzes (SP): Marcus Melo (PSDB) e Caio Cunha (Podemos).
Paulista (PE): Yves Ribeiro (MDB) e Francisco Padilha (PSB).
Pelotas (RS): Paula Mascarenhas (PSDB) e Ivan Duarte (PT).
Petrópolis (RJ): Rubens Bomtempo (PSB) e Bernardo Rossi (PL).
Piracicaba (SP): Barjas Negri (PSDB) e Luciano Almeida (DEM).
Ponta Grossa (PR): Mabel Canto (PSC) e Professora Elizabeth (PSD).
Porto Alegre (RS): Sebastião Melo (MDB) e Manuela d’Ávila (PCdoB).
Porto Velho (RO): Hildon Chaves (PSDB – atual prefeito) e Cristiane Lopes (PP).
Praia Grande (SP): Raquel Chini (PSDB) e Danilo Morgado (PSL).
Recife (PE): João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT).
Ribeirão Preto (SP): Duarte Nogueira (PSDB) e Suely Vilela (PSB).
Rio Branco (AC): Socorro Neri (PSB – atual prefeita) e Tião Bocalom (PP).
Rio de Janeiro (RJ): Marcelo Crivella (Republicanos – atual prefeito) e Eduardo Paes (DEM).
Santa Maria (RS): Sergio Cecchim (PP) e Pozzobom (PSDB).
Santarém (PA): Nélio Aguiar (DEM – atual prefeito) e Maria do Carmo (PT).
São Gonçalo (RJ): Dimas Gadelha (PT), e Capitão Nelson (Avante).
São João de Meriti (RJ): Dr João (DEM) e Leo Vieira (PSC).
São Luís (MA): Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Júnior (Republicanos).
São Paulo (SP): Bruno Covas (PSDB – atual prefeito) e Guilherme Boulos (PSOL).
São Vicente (SP): Solange Freitas (PSDB) e Kayo Amado (Podemos).
Serra (ES): Sergio Vidigal (PDT) e Fabio Duarte (Rede).
Sorocaba (SP): Rodrigo Manga (Republicanos) e Jaqueline Coutinho (PSL).
Taboão da Serra (SP): Engenheiro Daniel (PSDB) e Aprigio (PODE).
Taubaté (SP): Saud (MDB) e Loreny (Cidadania).
Teresina (PI): Dr. Pessoa (MDB) e Kleber Montezuma (PSDB).
Uberaba (MG): Elisa Araújo (Solidariedade) e Tony Carlos (PTB).
Vila Velha (ES): Arnadinho Borgo (Podemos) e Max Filho (PSDB).
Vitória (ES): Delegado Pazolini (Republicanos) e João Coser (PT).
Vitória da Conquista (BA): Zé Raimundo (PT) e Herzem Gusmão (MDB).

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