POLÍTICA

Sites de fake news financiados com dinheiro público na mira do TCU

Tribunal de Contas dá prazo para bancos públicos explicarem verbas de financiamento de notícias falsas e discurso de ódio pró-governo Bolsonaro; Sara Winter e Carla Zambelli estão entre os beneficiados
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 26 de agosto de 2020
A extremista Sara Winter está entre os beneficiados pelo esquema de financiamento de noticias falas com dinheiro público

Foto: Reprodução/Twitter

A extremista Sara Winter está entre os beneficiados pelo esquema de financiamento de noticias falsas com dinheiro público

Foto: Reprodução/Twitter

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB) têm cinco dias de prazo (a contar do dia 25 de agosto) para explicar ao Tribunal de Contas da União (TCU) suas publicidades no YouTube em espaços acusados de veicular “conteúdos inadequados”, leia-se fake news, discursos de ódio, propaganda contra as instituições democráticas e até mesmo pornografia.

A determinação dada pelo ministro Bruno Dantas quer detalhar o volume de anúncios e pagamentos feitos pelas instituições que são controladas pelo governo federal para canais e personalidades apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro. Entre os contemplados com as verbas, a extremista Sara Winter (Sara Giromini) e as deputadas do PSL Bia Kicis e Carla Zambelli.

Allan Santos, do Terça Livre, foi alvo de investigação da PF no Caso das Fake News, com operação de busca e apreensão em sua residência

Foto: Presidência da República/Reprodução

Allan Santos, do Terça Livre, foi alvo de investigação da PF no Caso das Fake News, com operação de busca e apreensão em sua residência

Foto: Presidência da República/Reprodução

Segundo a jornalista Mônica Bergamo, o TCU identificou mais de 806 mil anúncios veiculados e pagos pelo BNDES e BNB. Completam a listagem do ministro Dantas os canais O Giro de Notícias, Foco do Brasil, Folha Política, Terça Livre, Avos Brasil, Vlog do Lisboa e os youtubers Alberto Silva e Bernardo Pires Kuster.

Chama a atenção que investigados na Comissão Parlamentar Mistas de Inquérito (CPMI) sobre Fake News no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) estão entre os que receberam pela propaganda oficial. É o caso de Bernardo Pires Kuster, do proprietário do canal Terça Livre –  Allan dos Santos, de Sara Winter e das próprias parlamentares bolsonaristas Bia Kicis e Carla Zambelli.

PGR investiga monetização de parlamentares

No último dia 17 de agosto, a Procuradoria Geral da República (PGR) decidiu abrir uma apuração preliminar para entender a contratação de serviços de edição e criação de vídeos que geram lucro na internet por deputados, a conhecida monetização por conteúdo visualizado.

As deputadas Bia Kicis e Carla Zambelli, próximas do presidente da República também são investigadas

Foto: Reprodução/Twitter

As deputadas Bia Kicis e Carla Zambelli, próximas do presidente da República também são investigadas

Foto: Reprodução/Twitter

De acordo com a PGR, ao menos seis deputados foram reembolsados pela Câmara pelo pagamento de empresas para gerir seus canais. Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP) que figuram a lista dos que receberam patrocínio do BNDES e BNB mais uma vez aparecem.

Entre os quatro parlamentares restantes, a cantora gospel Flordelis(PSD-RJ), Otoni de Paula(PSC-RJ), Paulo Pimenta(PT-RS) e Joice Hasselmann (PSL-SP). No último dia 24, Flordelis foi acusada formalmente de mandar matar seu marido, o pastor Anderson do Carmo Souza.

Paulo Pimenta e Otoni de Paula foram os únicos que disseram ter aberto mão da monetização paga pelas redes sociais.

Rede internacional de Fake News exposta

Steve Bannon, recentemente preso nos EUA por fraude milionária posa ao lado de seu pupilo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro

Foto: Reprodução/Twitter

Steve Bannon, recentemente preso nos EUA por fraude milionária posa ao lado de seu pupilo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro

Foto: Reprodução/Twitter

Enquanto o TCU busca entender o financiamento de disseminadores de discurso de ódio e Fake News com dinheiro público, o Jornal da Cidade Online busca na Justiça que as páginas Sleeping Giants Brasil e Sleeping Giants Rio Grande do Sul sejam excluídas do Twitter e os dados dos seus responsáveis revelados.

O movimento Sleeping Giants surgiu nos Estados Unidos e tem o objetivo de alertar  empresas de que seus anúncios estão sendo veiculados de forma randômica em sites que publicam Fake News. A ideia dos ativistas é cortar uma das fontes importantes de financiamento dos propagadores de notícias falsas.

Se nos Estados Unidos o movimento conseguiu abalar economicamente a rede de Fake News vinculada à Steve Bannon, a  Sleeping Giants Brasil fez com que o Banco do Brasil encerrasse seus anúncios no Jornal da Cidade.

O Jornal da Cidade é um dos citados na CPMI das Fake News no Congresso por publicação de notícias falsas.

 

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