Investigado pelo STF, Weintraub deixa o Ministério da Educação

Foto: Youtube/ Reprodução

Depois de 14 meses de ataques à educação, aos professores, às universidades públicas e ao STF, o economista anunciou sua demissão em video com Bolsonaro

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Em vídeo publicado no Youtube nesta quinta-feira, 18, o economista Abraham Weintraub anunciou sua saída do cargo de ministro da Educação, que ocupava desde abril de 2019. Em nota, o Ministério da Educação confirmou a demissão. O secretário de Alfabetização do MEC, o olavista Carlos Nadalim, conhecido por ataques ao educador Paulo Freire e adepto do homeschooling, deverá ser nomeado ministro interino da Educação no Diário Oficial da próxima sexta-feira. O último despacho de Weintraub no MEC, publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, revoga a portaria de maio de 2016, que exigia que as universidades federais promovessem políticas de cotas em programas de pós-graduação.

Na gravação, Weintraub aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Os rumores sobre a sua queda se intensificaram ao longo da semana, especialmente após a participação do ministro em manifestações de apoiadores do governo, no domingo, quando voltou a fazer ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e reclamou de perseguição.

Weintraub é investigado em inquérito sobre fake news, que tramita no STF, e também responde uma apuração na Corte por racismo por ter publicado um comentário depreciativo sobre a China. Ele passou a ser investigado no inquérito das fake news após a publicação, pelo STF, das declarações que fez na reunião ministerial de 22 de abril: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”.

Nos últimos dias, o governo buscava uma alternativa para blindar o economista depois que ele saísse da pasta, perdendo o foro privilegiado. Por nove votos a um, o STF negou na quarta-feira, 17, um habeas corpus protocolado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, em favor de Weintraub. Com isso, ele continua sendo investigado.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O olavista Carlos Nadalim, secretário de Alfabetização do MEC, deve assumir a pasta até a indicação do novo ministro

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Na gravação desta quinta-feira, em que anuncia sua demissão, ao lado de Bolsonaro, Weintraub pediu licença ao presidente para ler uma “colinha” ao invés de falar de improviso, como costuma fazer. Nem por isso foi menos informal ou mudou o discurso persecutório.

Sem qualquer referência à pasta da Educação, o ministro voltou a reclamar de perseguição e disse que se sentirá mais seguro em Washington. “Sim, dessa vez é verdade. Eu to saindo do MEC, vou começar a transição agora e, nos próximos dias, passo o bastão para o ministro que vai ficar no meu lugar, interino ou definitivo”, afirmou no vídeo.

Ele também anunciou que assumirá um cargo de diretor no Banco Mundial, que tem sede em Washington, nos Estados Unidos. “Não quero discutir os motivos da minha saída, não cabe. O importante é dizer que recebi o convite para ser diretor de um banco, eu já fui diretor de um banco no passado, volto ao mesmo cargo, porém, no Banco Mundial. O presidente já referendou. Com isso, eu, a minha esposa, os nossos filhos, e até a nossa cachorrinha, Capitu, a gente vai ter a segurança que hoje me está deixando preocupado”, acrescentou.