POLÍTICA

Moro: a montanha pariu um rato

O ministro da Justiça vai ao Senado para se blindar dos efeitos dos vazamentos divulgados pelo site de jornalismo investigativo The Intercept, mas além dos afagos também escutou críticas
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 19 de junho de 2019
Transmitido ao vivo pela TV Senado, o Ministro Sergio Moro se defende no caso dos vazamentos das conversas com Dallagnol

Foto: Reprodução/TV Senado

Transmitido ao vivo pela TV Senado, o Ministro Sergio Moro se defende no caso dos vazamentos das conversas com Dallagnol publicados pelo The Intercept

Foto: Reprodução/TV Senado

Em uma sessão acalorada, apesar de apoiadores do governo Bolsonaro serem maioria, o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro evita responder diretamente as perguntas de senadores críticos a sua presença no comando da pasta após as denúncias que estão sendo realizadas pelo site investigativo The Intercept Brasil. Enquanto perguntas objetivas sobre as conversas divulgadas entre o então juiz e o procurador Deltan Dallagnol e demais membros da Operação Lava Jato que apontam para uma parcialidade e comando nos processos, Moro insiste na estratégia de colocar em dúvida a veracidade das informações e que, na realidade, houve uma coleta de informações criminosa que estão sendo divulgadas de forma “sensacionalista”, disse. Em certo momento o ex-juiz chegou a utilizar de ironias de duplo sentido como  “o estranho caso do escândalo que encolheu” e “uma montanha que pariu um rato”.

Alinhados ao ministro houve até senadores que afirmaram que os “hackers” fazem parte de um “esquema internacional”, apesar de Moro em uma de suas respostas dizer que foi vítima muitas vezes de teorias conspiratórias. Do lado dos críticos, o senador Humberto Costa (PT-PE) fez questão de lembrar que Moro está acusando de sensacionalista um jornalista que “não é um foca” (jargão da profissão para um jornalista inexperiente). O senador ainda sugeriu prudência a Moro. “Esse jornalista enfrentou a NSA, a CIA e o Serviço Secreto Britânico e ganhou o prêmio Pulitzer”, falou Costa ao apontar as credenciais de Gleen Greenwald, fundador do The Intercept internacional, que está no comando das matérias investigativas que estão abatendo o ministro. Não mencionado pelo senador, Greenwald também foi ganhador do Oscar de melhor doumentário em 2014, com Citizenfour.

O próprio Gleen Greenwald, enquanto senadores se manifestavam fez o seguinte comentário em seu Twitter: “Hoje alguns senadores reivindicam que devemos ignorar qualquer denúncia baseada em informações obtidas ilegalmente. Mas em 2013, o mesmo Senado me chamou duas vezes para discutir as reportagens sobre como a NSA estava espionando o Brasil – informações obtidas ilegalmente por Snowden.

Greenwald, rebatendo o site de direita O Antagonista, que chama de porta voz oficial da Lava Jato também disparou em seu Twitter o questionamento da possibilidade de adulteração das informações entregues ao The Intercept: “Deltan é a pessoa que pode resolver tudo isso de uma vez por todas. Se são falsas, porque não mostra?”, fazendo alusão ao procurador ainda não ter entregue seu celular para ser periciado.

 

Acompanhe ao vivo pela TV Senado.

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