De 28 de novembro a 1º de dezembro, a Palestina é aqui
Porto Alegre sediará, de 28 de novembro a 1º de dezembro, o Fórum Social Mundial Palestina Livre, evento que deve reunir na capital gaúcha mais de cem organizações de mais de 20 países para discutir a situação do povo palestino. A escolha da data para o início do encontro não é casual. Nesta data, 28 de novembro, os palestinos relembram a Nakba (catástrofe), quando foram expulsos de suas casas e territórios a partir da criação do Estado de Israel, em 1948. Além disso, neste mesmo dia, chefes de governos do mundo estarão debatendo o ingresso da Palestina como Estado observador da Organização das Nações Unidas (ONU). O estado do Rio Grande do Sul aprovou uma lei estabelecendo o 28 de novembro como o Dia de Solidariedade à Palestina
O Fórum Social Mundial Palestina Livre é promovido por um comitê formado por 36 entidades, sindicatos e organizações não governamentais e tem o apoio da Assessoria de Cooperação e Relações Internacionais do governo do estado.
Além de manifestar solidariedade à luta do povo palestino, o encontro pretende “criar ações efetivas para assegurar a autodeterminação de palestinas e palestinos, a constituição de um Estado palestino com Jerusalém como capital e o respeito aos direitos humanos e à lei internacional”, afirmam os organizadores do evento. Pela primeira vez, o tema será objeto de um debate internacional promovido pela sociedade civil e realizado fora do âmbito dos debates entre os governos das grandes potências ou da ONU. A ideia é constituir um espaço que demonstre a força desse movimento de solidariedade à Palestina enquanto movimento universal de defesa dos direitos humanos e do cumprimento das leis internacionais. Em parceria com a Assembleia Legislativa gaúcha, também ocorrerá um encontro internacional de parlamentares.
Seis milhões de refugiados
O Fórum foi lançado oficialmente em Porto Alegre no dia 24 de setembro, em uma cerimônia que contou com a presença do governador Tarso Genro e do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben. O embaixador destacou que o encontro será uma oportunidade para os refugiados relatarem suas experiências vividas ao longo de 65 anos, após a divisão do território palestino pela ONU. Estima-se que cerca de 6 milhões de palestinos estejam refugiados hoje em diversos países do mundo.
Ao manifestar apoio à causa palestina, Tarso Genro lembrou que o Brasil defende o reconhecimento do Estado palestino e o cumprimento dos acordos de Oslo, além de ser contrário à ocupação militar na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. “É necessário que os setores políticos de Israel e da comunidade palestina se unifiquem, para que, com base na tolerância, no respeito à autodeterminação dos povos e ao direito de existência do Estado palestino, comunguem para uma grande movimentação política para o reconhecimento deste Estado e dos direitos do povo palestino”.
Eixos temáticos do encontro
As atividades do Fórum, que estarão centralizadas na Usina do Gasômetro e adjacências, estarão divididas em cinco grandes eixos temáticos:
– Autodeterminação e direito de retorno;
– Direitos humanos, direito internacional e julgamento de criminosos de guerra;
– Estratégias de luta e solidariedade – boicote, desinvestimento e sanções (BDS) contra Israel como um exemplo;
– Por um mundo sem muros, bloqueios, discriminação racista e patriarcado; e
– Resistência popular palestina e o apoio dos movimentos sociais.
Em cada um deles haverá uma grande conferência, além de oficinas, seminários, atividades culturais e outros eventos autogestionados realizados pelas organizações participantes do encontro.
Brasil apoia Estado palestino
Entre outras autoridades, são esperadas as participações do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última Assembleia-Geral das ONU, realizada no final de setembro em Nova Iorque, Dilma Rousseff reafirmou o apoio do governo brasileiro à criação de um Estado palestino e à busca de uma solução para o conflito Israel-Palestina. A presidenta brasileira disse que apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política regional.
A programação do Fórum e outras informações sobre o evento podem ser encontradas no sitehttp://wsfpalestine.net/
Foto: divulgação