Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Pela amplitude dos espaços entre prédios públicos, Brasília é o contrário dos castelos medievais e dos quartéis ditatoriais. Sua arquitetura transparente e acessível ao povo prova a inabalável crença de Oscar Niemeyer numa democracia respeitável e respeitada.
As invasões e o quebra-quebra de 8/1 ao Palácio do Planalto e ao STF não são sinais da sua fragilidade arquitetônica, e sim evidências da dimensão da barbárie ocorrida. Da prancheta de Niemeyer brotou uma cidade aberta ao humanismo, coisa que só pode vicejar numa sociedade civilizada.
E assim como as rampas do Palácio do Planalto e do STF facilitaram o acesso das hordas, também as do Congresso foram tomadas pela descontrolada multidão de vândalos. Nem por isso devem ser alteradas na sua concepção de livre circulação: melhor que permaneçam para sempre convidativas a todos os democratas.
Apesar de tamanha violência e tanta destruição, Brasília vai continuar de pé. E isso atesta o quanto sua arquitetura pode resistir aos golpistas de agora ou do futuro. Porque suas fundações não sustentam apenas edifícios – simbolizam os próprios pilares da democracia brasileira.
Contra os poderosos instigadores e financiadores da tentativa de golpe (fardados ou não), a resistência democrática da Praça dos Três Poderes. Além, é claro, da eterna vigilância para prevenir novos atos terroristas.
Fraga escreve mensalmente para o Extra Classe