OPINIÃO

Militares nas escolas

por Delmar Bertuol* / Publicado em 14 de novembro de 2019

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

É explícito que uma das propostas deste governo, desde as eleições, aliás, é “militarizar” parte da sociedade. Uma dessas searas é a Educação.

Posso até considerar, numa justa premissa, que o governo esteja agindo com vistas a melhorar essa pasta (embora quem queira melhorias em algo não corta verbas), mas ela não é salutar à nossa educação. Digo mais, ela renega a Educação.

Todos os argumentos utilizados como motivos para que policiais gerenciem escolas públicas são verdadeiros.

De fato, falta respeito aos professores, ao patrimônio e mesmo entre os alunos. E também está em déficit algo muito caro à vida militar: a disciplina.

Diferente de teorias pedagógicas modernas, nossos alunos carecem sim de disciplina, de regras, de limites. Rousseau já tratava disso. Quer ter um adulto frustrado? Crie uma criança sem dizer não. Ou seja, não  dê limites, pregava o filósofo da corrente que mais defendeu as liberdades individuais. Não é contradição. Não pode haver liberdade para todos sem limites para cada um.

A propaganda governamental promete que os professores serão mais respeitados com a presença de um militar na escola. Falácia. Os professores serão mais temidos. Ou melhor, temer-se-á que o professor vá até o gabinete(?) do sargento e o solicite. Ele, por sua vez… não sei o que fará.

De fato, a farda é algo que impõe um subjetivo respeito (ou medo?), mas que poderes terão os militares para com os alunos indisciplinados que hoje a escola não tem? Se se espera tão somente que os alunos vão modificar suas atitudes só por ver um sujeito fardado (e armado?) no pátio, digo que esse respeito compulsório passa à medida que eles se acostumam com a ideia. Se os militares terão maiores poderes administrativos e punitivos do que hoje as desesperadas direções de escolas têm, a medida não se justifica, pois seria o caso de transmitir às escolas esses novos poderes.

É de fato interessante ter nas escolas a presença da polícia, seja pra policiamento ostensivo no entorno, pra orientar o trânsito e, sim, para ajudar em casos graves de indisciplina sobretudo com adolescentes. Palestras e outros trabalhos com vistas à prevenção de violência e drogadição, entre outros, também são interessantes. Mas tudo isso são trabalhos em conjunto, com respeito às atribuições.

A polícia, ou melhor, o Estado deve dar suporte ao trabalho dos professores. Poderes punitivos (sim, punitivos!) devem ser aumentados. Os militares são bem-vindos à escola. Para ajudar os professores e equipe diretiva, mas não para fazer as vezes deles, anulando-os.

Professor de História na Educação Básica*

Comentários