Milhares de brasileiros foram às ruas nesta segunda-feira em defesa da democracia
Foto: Igor Sperotto
Com faixas e cartazes, manifestantes repudiaram as invasões e depredações do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, cobraram punição aos terroristas e seus financiadores e pediram que não seja dada anistia aos golpistas.
Críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL/RJ), acusado de ser o inspirador das ações terroristas, também marcaram os atos desta segunda-feira.
As manifestações aconteceram praticamente em paralelo à reunião histórica promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com governadores e chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário.
Organizado em tempo recorde pelos movimentos sociais e sindical e entidades que integram as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o movimento é uma forte demonstração de apoio ao presidente Lula, que decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal (DF). Até o fechamento dessa matéria foram confirmadas manifestações em 19 capitais e em torno de 60 cidades.
Paulista lotada em defesa da democracia
Foto: Marcelo Menna Barreto
Em São Paulo, pelo menos seis quarteirões da Avenida Paulista foram tomados nos dois sentidos por manifestantes. A concentração ocorreu na frente do Museu de Artes de São Paulo (Masp), no final da tarde, seguida de marcha em direção a região central da cidade.
A mobilização na Avenida Paulista contou com a participação de integrantes da Gaviões da Fiel, do Corinthians, da Mancha Alviverde, do Palmeiras, da Dragões da Real, do São Paulo, e da Torcida Jovem, do Santos. Uma bateria do Arrastão dos Blocos, grupo autointitulado “(des)organização que une os blocos de carnaval de rua da capital paulista para ocupar a cidade contra o genocídio e a necropolítica” animou o encontro.
A Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) reuniu mais de 800 pessoas em protesto aos ataques golpistas. Na ocasião, o reitor da Universidade Carlos Gilberto Carlotti se manifestou pela não anistia e foi aplaudido em pé.
Em Porto Alegre, milhares de estudantes e trabalhadores fizeram uma caminhada do centro da capital ao Largo Zumbi dos Palmares. Torcedores dos dois times da cidade, o Grêmio e o Internacional, também participaram.
“Esses terroristas, golpistas bolsonaristas são o que tem de mais baixo e rasteiro na política brasileira e mundial. Tentaram um golpe e, como não conseguiram, fizeram aquele ataque às instituições democráticas”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT/RS), Amarildo Cenci. “Queremos a responsabilização desses criminosos”.
Os cariocas protestaram sob chuva em frente à Câmara de Vereadores, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Governadores de 27 estados se reúnem com Lula
Enquanto o povo estava na rua, o presidente Lula conseguiu realizar um ato que há muitos anos não ocorria.
Em Brasília, 27 governadores, vice-governadores ou representantes dos Executivos estaduais do país se fizeram presentes para prestar solidariedade ao chefe do Executivo e dos demais poderes.
Na reunião, até mesmo aliados do ex-presidente Bolsonaro defenderam a democracia e o diálogo para evitar que novos atos terroristas sejam promovidos no país por pessoas que não aceitam a vitória de Lula nas últimas eleições presidenciais em outubro passado.
Somente não participaram governadores que estavam no exterior ou haviam passado por procedimentos cirúrgicos.
Entre os que apoiaram o ex-presidente na sua tentativa frustrada de reeleição estiveram, Tarcísio de Freitas (São Paulo), Cláudio Castro, (Rio de Janeiro), Ratinho Júnior (Paraná), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Romeu Zema (Minas Gerais). No lugar do governador Ibaneis Rocha, afastado ontem por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o DF foi representado pela vice-governadora Celina Leão.
Tanto Ratinho Júnior quanto Tarcísio de Freitas chegaram a anunciar que não iriam no encontro, mas voltaram atrás.
“Essa reunião de hoje significa que a democracia brasileira, depois dos episódios de ontem vai se tornar ainda mais forte”, afirmou Tarcísio.