Fórum Social Mundial encerra neste sábado com chamamento à mobilização permanente
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“O Fórum é um chamado, um alerta: ou vamos juntos ou não iremos até o fim. Por isso eu estou aqui e vim falar de economia solidária que também é uma forma material de participação. Porto Alegre mais uma vez é o centro da democracia”, destacou Gilberto Carvalho, que também representou o Ministério do Trabalho no grande encontro com as Centrais Sindicais.
Carvalho, que integrou os governos Lula e Dilma por 12 anos, afirmou que a realização do Fórum Social Mundial (FSM) neste ano tem significado muito especial por ser o ano de retomada para uma nova vida no Brasil.
“Nesse novo governo é uma questão vital provocar um forte processo de construção coletiva e participação popular para que a gente construa – ao lado da governabilidade parlamentar – essa governabilidade social popular”, reforçou o ex-chefe de gabinete de Lula, que falou com exclusividade para o jornal Extra Classe.
O FSM começou na última segunda-feira, 23, em Porto Alegre (RS) e encerra neste sábado, com a participação de mais de 1500 inscritos nas mais de 170 atividades.
Diálogo aberto e mobilização
Para Mauri Cruz, um dos coordenadores do FSM e dos últimos Fóruns Sociais da Resistência realizados em Porto Alegre nos últimos anos, o Fórum abriu um processo de diálogo entre a sociedade civil e dela com o governo”.
Essa abertura de diálogo, para ele, seguirá aprofundando a democracia e o debate das nossas pautas e criando um caldo de defesa e proteção da democracia.
“É isso que precisamos consolidar pra que as mudanças estruturas sejam efetivadas, que haja um grande contingente da sociedade civil organizada defendendo nossas pautas como fizemos nesses cinco anos de resistência”, acentua.
“Estamos encerrando a edição com a convicção que cumprimos papel fundamental na retomada reconstrução do Brasil e se espraia na América Latina e mundo. O novo governo e a sociedade civil que por cinco anos resistiu ao fascismo, negacionismo e a violência e criou as condições para que a democracia fosse retomada”.
Emissários do governo Lula
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O presidente Luís Inácio Lula da Silva enviou diversos emissários para falar com o público presente em seis dias de atividades do Fórum Social Mundial 2023.
Gilberto Carvalho, Marina Silva e Márcio Macedo foram três ministros presentes nos principais debates das mesas de convergência realizadas no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa.
A defesa da democracia, a participação da sociedade nas decisões do novo governo, o enfrentamento às desigualdade, uma reforma tributária cidadã e o genocídio Yanomami foram pautas transversais nas mais de 200 atividades.
“Para o novo governo que toma posse esse Fórum tem aspecto muito especial: é uma convocatória para um novo método de governo que queremos implantar com forte participação social, construção conjunta das ações de governo”, acentuou Carvalho, um dos agentes do presidente Lula que estava em viagem internacional durante o evento.
Nesta sexta-feira à tarde, 27, ocorreu a conferência final sobre Democracia Participativa e Controle Social com a presença do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, do ex-ministro das Cidades, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador, Olívio Dutra, entre outros convidados.
Radicalizar a participação
Carvalho se orgulha dos governos exitosos dos quais fez parte. No entanto ressalva a insuficiente participação social e comunicação popular com a população.
“As experiências passadas foram muito meritórias – temos orgulho de dizer isso – mudaram a cara do Brasil e a vida do povo”, analisou Carvalho.
“No entanto tiveram problema por não termos conseguido fazer um amplo processo concreto e radicalizado de participação, informação, comunicação, capacidade de leitura da realidade de modo que as pessoas – que ao mesmo tempo que tiveram acesso aos bens – tivessem também e consciência do que isso significava”,
“A ausência deste aspecto fez com que quando a burguesia decidiu nos derrubar, nos derrubou sem que houvesse resistência popular. Nos derrubou porque é o campo deles o institucional. A falta de construir governabilidade popular foi fatal para nós”, concluiu o filósofo.
Para o sindicalista português da CGTP-IN, João Coelho, a realização deste Fórum acontece num momento muito particular e de grande relevância para o Brasil.
Mesmo com menor participação que nas primeiras edições iniciadas em 2001, o observador internacional entende que os debates mantém tem grande importância diante da nova realidade mundial com novos contornos geopolíticos e multilaterais.
Defender a democracia nas ruas
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS) Amarildo Cenci, o Fórum reafirmou a luta pela democracia.
“Temos o compromisso de todos os participantes, movimentos, centrais sindicais e partidos de esquerda de permanecer nas ruas. A organização do povo, sua conscientização e mobilização é a garantia que a gente pode ter instituições fortes e governos que façam as mudanças necessárias inadiáveis para ter um Brasil de volta para trabalhadoras, trabalhadores e para o povo que mais precisa”, concluiu.
Estudo apresentado hoje mostra que o Brasil tem o pior salário mínimo da América Latina entre 51 países. E a cesta básica consome 38% do valor do salário mínimo.
Assassinatos de indígenas
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Em sua passagem pelo Fórum Social Mundial, a ministra do Meio Ambiente Marina Silva divulgou que 400 indígenas foram assassinados no governo Bolsonaro, além de 71 ambientalistas.
Também declarou que quatro de cada dez crianças Yanomami estão contaminadas por mercúrio. A afirmação aconteceu ontem, 26, à noite durante sua participação na mesa Fortalecer a terra, alimentar o Brasil.
O FSM encerra neste sábado com um debate sobre Moradia digna e resistência urbana a partir das 14h, na Fundação Ecarta, entre várias outras atividades culturais no Parque da Redenção.