Assentamentos da reforma agrária fazem mutirão para doar 35 toneladas de alimentos no RS e 100 toneladas no país

Foto: Igor Sperotto

Cozinhas solidárias do MST envolve movimento de mulheres em mutirão contra a fome em todo o país

Foto: Igor Sperotto

A distribuição de alimentos in natura e marmitas com produtos cultivados nos assentamentos da reforma agrária no Rio Grande do Sul vem sendo feita pelos agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde o início da pandemia e foi intensificada com o início da campanha Natal Sem Fome Solidário.

A mobilização para levar alimentos a quem tem fome começou em 17 de dezembro e vai até 10 de janeiro, com doações em todos os grandes centros do país.

A iniciativa integra o Plano Nacional Cultivando a Solidariedade Sem Terra, que desde 2020 já distribuiu pelo menos 8,2 mil toneladas de alimentos e mais de 2,3 milhões de marmitas para famílias em situação de fome e insegurança alimentar.

De acordo com a direção nacional do MST, serão doadas mais de 100 toneladas de alimentos em nível nacional neste final de ano. No Rio Grande do Sul, a estimativa é de 35 toneladas de alimentos doados – as ações no decorrer deste ano já ultrapassam 100 toneladas.

Na quarta-feira, 21, o MST do RS promoveu no bairro Lomba do Pinheiro mais um encontro das cozinhas comunitárias para a distribuição de marmitas e cestos de alimentos a pessoas em situação de rua e famílias atingidas pela fome.

Os alimentos da reforma agrária entregues para as cozinhas comunitárias e associações de moradores da região Porto Alegre são arroz orgânico, feijão, farinha láctea, suco orgânico, leite, laranja e pães.

Corrente de solidariedade

Foto: Maiara Rauber/ MST

Em Palmeira das Missões, 150 famílias receberam 1,7 mil quilos de alimentos enviados do município de Pontão

Foto: Maiara Rauber/ MST

“Foram mais de mil pães produzidos pelas nossas cooperativas e 800 por uma padaria de sete mulheres de Canoas que antes elas recebiam as doações e hoje já estão em condições de contribuir, e inclusive montando cozinhas para produzir marmitas” explica Gerônimo da Silva, da direção estadual do MST.

Para Ângela Comunal, vice-presidente da Associação de Mulheres Maria da Glória, localizada no Morro da Cruz, bairro São José, é muito importante o apoio do MST e dos outros movimentos sociais para a comunidade carente do Partenon no combate à fome.

“Tem muitas famílias que ainda passam fome sim, são os nossos vizinhos que estão passando fome e essa parceria com o movimento a gente tem desde o lançamento da cozinha comunitária, inauguramos em março de 2022”, destaca a cozinheira.

A Associação, que agora conta com uma horta comunitária, são produzidas semanalmente cerca de 500 marmitas e distribuídos para a população da comunidade do São José.

“Muitos dos alimentos que estão em nossas marmitas foram produzidos pelas nossas famílias, na nossa horta comunitária” relata Ângela.

As ações do Natal Sem Fome Solidário incluem atrações para as crianças, brincadeiras e brinquedos, além dos alimentos que são prioridade para elas, como o leite e o suco.

“Nós do MST estamos reforçando que o Natal Sem Fome Solidário e a própria campanha Nacional de Solidariedade já faz parte da estrutura política e dos princípios do movimento. Vamos continuar compartilhando nossos alimentos saudáveis para aqueles que mais precisam”, salienta.

Cozinhas comunitárias

Foto: Maiara Rauber/ MST

O encontro organizado pelo MST na Lomba do Pinheiro teve como palestrante a chefe de cozinha da Favela Orgânica Regina Tchelly

Foto: Maiara Rauber/ MST

Durante o ano de 2022 as famílias assentadas e as cooperativas do MST do RS doaram mais de 100 toneladas de alimentos da Reforma Agrária Popular para cozinhas comunitárias e associações de moradores da região de Porto Alegre.

No Rio Grande do Sul, a primeira ação foi realizada no dia 26 de novembro no Encontro das Cozinhas Comunitárias e Lideranças Comunitárias da região Metropolitana de Porto Alegre, realizado no Instituto de Educação Josué de Castro (IEJC), em Viamão.

O encontro organizado pelo MST trouxe como palestrante a chefe de cozinha da Favela Orgânica, Regina Tchelly, e teve a coordenação de Gerônimo da Silva juntamente com o IEJC.

Mutirão na pandemia

Foto: Maiara Rauber/ MST

Doação do Instituto de Educação Josué de Castro (IEJC), de Viamão

Foto: Maiara Rauber/ MST

Em 2020, no início da pandemia do covid-19, o MST buscou comunidades que estavam sofrendo com a falta de alimentos, e com a ajuda dos assentados e das cooperativas foi possível compartilhar a produção da Reforma Agrária para amenizar a fome nesses locais.

Desde o início da pandemia e também com a retirada de direitos e de políticas sociais, a fome na periferia aumentou drasticamente.

No Morro da Cruz, foi criado o Comitê de Combate à Fome da Lomba do Pinheiro, e logo o MST realizou uma parceria com a organização.

“Foi o primeiro lugar histórico onde fizemos uma doação. Doamos alimentos para 5,8 mil pessoas, fomos para a comunidade com o caminhão cheio”, relembra Silva.

Processo coletivo mutirão

“É muito importante o Natal Sem Fome articulado com grupos sociais organizados e a Lomba do Pinheiro conseguiu fazer um processo não só de organização das cozinhas comunitárias e solidárias na comunidade. Mas vai além, é um processo coletivo que vem do agricultor para a mesa do trabalhador na cidade, e as cozinhas acabam fazendo esse processo de articulação, são esse mediador entre as famílias necessitadas” enfatizou Sarai Brixner, integrante do Comitê Gaúcho de Combate à Fome e Contra o Vírus da Lomba do Pinheiro.

No Norte do estado, o Instituto Educar juntamente com as cooperativas da região, Cooptar de Produção Agropecuária Cascata (Cooptar), Cooperativa Agropecuária e Lacticínios Pontão (Cooperlat) e a Regional Roseli Nunes do município de Pontão, doou cerca de 1,7 mil quilos de alimentos para 150 famílias do município de Palmeira das Missões em parceria com o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD). mutirão, mutirão, mutirão, mutirão, mutirão, mutirão