#20NforaBolsonaro marca Dia da Consciência Negra em Porto Alegre

Marcha organizada pelo movimento negro saiu do centro de Porto Alegre até o Largo Zumbi dos Palmares

Foto: Igor Sperotto

O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado neste sábado, 20, foi marcado pela retomada da Marcha Independente Zumbi Dandara. Com faixas, bandeiras e palavras de ordem, reafirmando a luta por direitos, contra a fome, o desemprego e o racismo estrutural, os manifestantes se concentraram desde o começo da manhã no Largo Glênio Peres, no centro da capital gaúcha. A marcha iniciou às 15h30 em direção ao Largo Zumbi dos Palmares.

Com a participação de crianças e jovens, dia foi de homenagens a mártires contemporâneos, como Marielle Franco e João Alberto

Foto: Igor Sperotto

O sábado de sol e a presença de jovens e crianças deram ares de festa à celebração do dia de Zumbi dos Palmares, com muita música e performances de artistas e manifestantes no centro da capital. Com máscaras de Bolsonaro e segurando um adereço que lembrava barras de uma cela, manifestantes pediram a prisão do presidente.

O 20 de novembro também foi de homenagens a mártires contemporâneos do movimento negro como a vereadora Marielle Franco (PSol), assassinada no Rio em março de 2018 por milicianos em virtude da sua militância e João Alberto Freitas, espancado e assassinado por seguranças do Carrefour, em Porto Alegre, em novembro do ano passado.

Concentração no Largo Glênio Peres, no centro da capital gaúcha

Foto: Igor Sperotto

A violência e a exclusão que atingem majoritariamente a população negra e a relação entre a eliminação de pobres e negros e as políticas de Estado predominou nas manifestações, com as hashtags #20NforaBolsonaro e #20NforaBolsonaroRacista.

A mobilização foi organizada pelo movimento negro e de combate ao racismo, com o apoio da CUT-RS, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda. Foram organizados atos e marchas em diversos municípios do interior do RS.

Violências contra a população negra

No Brasil, 78,9% das mortes nos chamados “conflitos” com policiais atingem pessoas negras e pobres, moradoras das periferias do país. Entre 2009 e 2019 o número absoluto de mortes violentas de pessoas negras subiu 1,6% no país, ao passo que o do restante da população caiu 33%.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-Contínua), do IBGE, Mais de 70% dos desempregados durante a pandemia são negros e negras.

Manifestações ocorreram em várias cidades do interior do RS, como em Novo Hamburgo

Foto: CUT-RS/ Divulgação

Além disso, 2,5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras negros ficam mais de dois anos desempregados. Entre os não negros, o número é de 1,4 milhão, exemplifica a direção nacional da CUT.

“Comemoramos hoje 50 anos do 20 de novembro, um momento em que reconceituamos a luta antirracista, com milhares de negras e negros marchando neste país contra uma política que é racista, de eliminação do povo negro e indígena, de eliminação pela fome e pela destruição da saúde pública e dos direitos sociais. É neste momento, nas ruas, que os negros e não negros reafirmam a luta antirracista e pelo fim deste governo”, ressaltou Alberto Terres, representante da CUT-RS no Conselho Municipal de Saúde.

Mais de 120 atos no Brasil e no exterior

Ato contra o racismo e pelo Fora Bolsonaro na avenida Paulista, centro de São Paulo

Foto: Twitter/ Reprodução

Desde as primeiras horas da manhã deste sábado, 20 de novembro, feriado da Consciência Negra, centenas de pessoas ocuparam as ruas de cidades do Brasil e do exterior, pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), especialmente por ataques racistas e extinção de políticas sociais.

A luta contra o racismo estrutural esteve presente em todas as manifestações. “Quando a gente fala que o racismo estrutura a nossa sociedade é porque ele está no cerne das relações, sejam institucionais ou sociais. Ações que geralmente não conseguimos identificar acabam sendo normalizadas”, explica a secretária de Combate ao Racismo da CUT, Anatalina Lourenço.

Nas redes sociais, predomina a hashtag #20NforaBolsonaroRacista.

A oitava grande manifestação de massas pedindo a destituição de Bolsonaro neste ano, de acordo com os organizadores, reforça o espírito de resistência e a determinação de milhões de brasileiros e brasileiras que já estão no limite da sobrevivência, impactados pela política econômica caótica de Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes, da Economia.

“Enquanto Bolsonaro não cair, a população estará nas ruas e nas redes protestando contra seu governo”, afirma a secretária-geral da CUT, Carmen Foro. “É preciso manter a mobilização constante para o impeachment”.

“Não é mais possível para a classe trabalhadora brasileira suportar o empobrecimento, a fome, a miséria, a falta de emprego e de renda”, argumenta Carmen.

Ao longo de todo o sábado, ocorreram mais de 120 atos no Brasil e no exterior.

Em Salvador, manifestações começaram com a Lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares, no Palourinho

Foto: Thuane Maria/ Divulgação

Na Bahia, o primeiro ato do dia ocorreu em Salvador, no Pelourinho, com a Lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares.

Ao som da batucada em ritmo de Olodum, manifestantes percorrem as ruas da capital. Em Fortaleza, no Ceará, a caminhada no Passeio Público começou às 8h e reuniu centras de manifestantes.

Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, houve marcha pelas ruas da cidade.

Sob chuva, manifestantes foram às ruas em Ipatinga, Minas Gerais, pelo #ForaBolsonaroRacista e em defesa das estatais.

No Paraná, foi organizada marcha pelo calçadão de Londrina.

Em Altamira, no Pará, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se somou ao Ato nacional do dia da Consciência Negra, organizado pelos movimentos negros de Altamira e pela Coalizão Negra por Direitos.

Na Paraíba, a mobilização na capital João Pessoa começou às 9h, com uma caminhada do Lyceu Paraibano até o Parque Solon de Lucena.

No Rio de Janeiro, o amanhecer foi com música e luta neste 20 de Novembro. No monumento a Zumbi dos Palmares, na Av. Pres. Vargas, no Centro do Rio, foi realizada a abertura do Dia da Consciência Negra para denunciar “o desgoverno que desrespeita o povo negro, promove a intolerância religiosa e atua pelo desmonte das políticas públicas, jogando o país na miséria e atingindo ainda mais diretamente a população negra”. Aluízio Júnior, secretário de Combate ao Racismo da CUT-Rio, ressaltou a “luta constante contra esse racismo estrutural que mantém o negro no subemprego, com trabalhos precarizados e com políticas públicas equivocadas”.

Em Niterói, após ato nas barcas, manifestantes saíram em caminhada até a estátua de Zumbi, na Cantareira, entrada do campus da UFF.

No Rio Grande do Sul, foram realizadas marchas em Porto Alegre e diversas cidades do interior, como Santa Maria, Pelotas, Uruguaiana, Passo Fundo, Erechim. Em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, foi realizado o ato “Contra o racismo, por vida digna”, na Praça do Imigrante.

Em Florianópolis, Santa Catarina, a concentração ocorreu logo nas primeiras horas da manhã na Praça da Alfândega. Na fronteira do Paraná e Santa Catarina, o MAB e entidades da região estiveram em luta na manhã do Dia da Consciência Negra. Em Dionísio Cerqueira (SC) e Barracão (PR), cerca de 300 manifestantes ocuparam as ruas por Fora Bolsonaro, contra o racismo e em defesa da vida.

Na capital paulista, após concentração pela manhã, a Marcha da Consciência Negra começou às 13h, ocupando a Avenida Paulista durante toda a tarde. Em cidades do interior De São Paulo, o #ForaBolsonaroRacista mobilizou a população. Em Ribeirão Preto, distante cerca de 350 km da capital, teve ato na comunidade Nazaré Paulista, periferia da cidade. Em Campinas foi realizada a 20ª Marcha Zumbi dos Palmares, com uma multidão saindo da Estação Cultura. Faixas e cartazes levaram os protestos contra Bolsonaro às ruas.

Manifestação em frente à embaixada brasileira em Londres, na Inglaterra

Foto: Divulgação

No Exterior

Em Berlim, na Alemanha, o Coletivo pela Democracia (núcleo Freiburg) organizou ato nas primeiras horas manhã. Em Londres, na Inglaterra, o protesto foi realizado em frente à Embaixada Brasileira. Na Suíça Genebra, o #20NForaBolsonaroRacista em Genebra foi marcado pelo ato em frente ao Palais Wilson (ONU). Organizado pelo Comitê Internacional Lula Livre de Genebra, o evento denunciou a má gestão do governo brasileiro de Jair Bolsonaro.

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