#ForaBolsonaro mobiliza todas as capitais em defesa do impeachment
Foto: Rodrigo Waschburger
Desde as primeiras horas da manhã deste sábado, 2, milhares de pessoas ocuparam todas as 26 capitais e o Distrito Federal e centenas de cidades do interior para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), os protestos ocorreram em mais de 300 municípios do país. Com a rejeição a Bolsonaro em alta, o movimento ampliou o alerta para a crise econômica e obteve uma participação mais expressivas de partidos de centro-esquerda. Em São Paulo, o ato na avenida Paulista contou até com uma das figuras mais hostis às esquerdas. O pedetista Ciro Gomes discursou em cima de um carro de som, pedindo união contra Bolsonaro, e foi vaiado.
O #ForaBolsonaro ou #2outForaBolsonaro é organizados pela CUT e demais centrais, as Frentes Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos, Direitos Já, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); União Nacional dos Estudantes (UNE); Central de Movimentos Populares (CMP), movimento Acredito, PT, PSol, PC do B, PSB, PDT e PCB, Rede, Cidadania, PV e Solidariedade, entre outros partidos. Desde o início da manhã, foram registradas mobilizações em 306 cidades brasileiras e em 18 países.
Na avaliação das centrais, os maiores atos pelo #ForaBolsonaro foram realizados nas capitais, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Goiânia, Fortaleza, Porto Alegre, mas municípios do interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais registraram grandes concentrações de norte a sul.
Foto: CUT/ Divulgação
Além de um ultimato ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) para que paute um dos mais de 130 pedidos de impeachment de Bolsonaro, o movimento protestou contra a fome que de acordo com o IBGE já atinge um em cada quatro brasileiros, o desemprego recorde de mais de 14 milhões de trabalhadores, o descontrole de preços dos alimentos, a volta da inflação, o negacionismo em relação às vacinas e à covid-19, que já vitimou quase 600 mil brasileiros.
Houve protestos ainda contra a privatização dos Correios e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da reforma Administrativa.
Ao fazer uma avaliação do movimento, o presidente da CUT nacional, Sérgio Nobre, anunciou nova agenda de manifestações em 15 de novembro. “Estamos fazendo um grande 2 de outubro, mas já está apontado em nosso calendário o dia 15 de novembro”, disse Nobre durante a concentração na Avenida Paulista, em São Paulo. Ele explicou que até lá o movimento sindical dialogará com a população sobre este momento dramático para o Brasil.
“Temos que fazer um debate com a periferia. Temos que falar que a indignação com o preço do feijão, da carne e da gasolina não tem como acabar com Bolsonaro na presidência”.
Porto Alegre
Foto: Rodrigo Waschburger
Em Porto Alegre, milhares de pessoas ocuparam a Esquina Democrática e diversas ruas do centro a partir das 15h – em uma das maiores mobilizações já registradas na capital neste ano.
O movimento aglutinou coletivos de lutas e recebeu a adesão de diversos partidos políticos de centro-esquerda que até agora se mantinham afastados das ruas. Pautas como a luta contra as privatizações do governador Eduardo Leite (PSDB) e a defesa da Petrobras foram incorporadas nos atos na capital. Houve concentrações e atos em mais de 40 municípios do estado.
“Movimento maravilhoso nessa tarde de sol, muita disposição e afirmação nessa luta pelo impeachment do Bolsonaro para que a gente abrevie toda essa desgraça que se abate sobre o nosso país”, resumiu Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS.
De acordo com o dirigente, a estimativa é de que as manifestações deste sábado tenham superado as 50 mil pessoas na capital gaúcha.
São Paulo
Foto: CUT/ Divulgação
As ruas de várias cidades do estado de São Paulo foram tomadas com bandeiras, faixas, carros de som, marchas e atos que pediam o impeachment do presidente, defendem a vacinação, são contra as privatizações e a política econômica do governo.
O ato na cidade de São Paulo começou às 13h, com atrações culturais, mas a concentração na Avenida Paulista iniciou perto das 10h.
Caravanas partiram para a capital de diferentes cidades do interior e litoral paulista, reunindo militantes, movimentos populares, sindicatos, partidos e apoiadores do impeachment. A região do Vale do Paraíba reuniu lideranças indígenas e quilombolas.
“Não aguentamos mais a fome, o desemprego, o arrocho salarial e os ataques deste desgoverno aos direitos mais essenciais dos trabalhadores e do povo brasileiro. Chega de corrupção, de desleixo com a saúde, principalmente na pandemia que já levou à morte quase 600 mil pessoas no Brasil”, afirmou o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo.
Haddad e Ciro Gomes
Na capital, a manifestação ocupou dez quarteirões da Avenida Paulista entre 16h30 e 17h. O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), candidato derrotado nas eleições de 2018, pediu a saída de Bolsonaro. “Estamos aqui porque o povo quer comer e o Bolsonaro não deixa. Essa desgraça desse governo tem que acabar antes da eleição porque o povo não aguenta mais”, afirmou.
Ciro Gomes (PDT), abandonou as hostilidades ao PT e disse que foi ao ato “de peito aberto” para defender a união contra Bolsonaro, “apesar das diferenças” na oposição a Bolsonaro. Ciro foi vaiado por apoiadores do ex-presidente Lula: “Volta para Paris”.
Interior paulista
Foto: Reprodução
Na cidade de Sorocaba, a manifestação começou perto das 10h, com caminhada pelas ruas do centro. Camisetas, faixas e bandeiras pediam a saída do presidente e do vice-presidente, Hamilton Mourão, defendendo a democracia e pedindo o fim da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, de 2020, da reforma Administrativa federal.
Em Campinas, os protestos começaram por volta das 9h, no Largo do Rosário, na região central. Houve passeata até o Largo do Pará. Com máscaras e álcool em gel, os manifestantes carregaram bandeiras e faixas contra o governo federal e também contra o governo estadual de João Doria (PSDB), que neste momento tenta aprovar na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) o Projeto de Lei Complementar (PLC) 26, de 2021, da reforma administrativa ao funcionalismo paulista.
No município de Guararema, manifestantes se reuniram pela manhã em um ato pelo impeachment do presidente. A manifestação ocorreu perto das 9h, na Praça Deoclesia de Almeida Mello.
No litoral paulista, sindicatos e movimentos sociais se reuniram em ato contra o governo Bolsonaro na parte da manhã, em Santos, no litoral paulista. Por volta da 12h, os manifestantes se organizaram em caravanas para o ato na Avenida Paulista, na capital.
Na cidade de Ribeirão Preto, a mobilização iniciou por volta 10h em frente ao Theatro Pedro II, na região central. Do local, uma passeata foi realizada pelas ruas Duque de Caxias e Jerônimo Gonçalves.
Em Franca, ato realizado por volta das 11h reuniu movimentos e entidades sindicais na concha acústica, na Rua Monsenhor Rosa. Os manifestantes usavam faixas com dizeres como: ‘Fora Bolsonaro”, “Vacina no braço, comida no prato’.
Rio de Janeiro
Milhares de manifestantes participaram do #2outForaBolsonaro no Rio de Janeiro. O protesto teve início na Candelária e seguiu em caminhada até a Cinelândia, na região central da capital fluminense.
Nos cartazes, os manifestantes criticam as privatizações, o elevado nível de desemprego e a fome e a política do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes. Além de faixas e cartazes, um boneco no formato de botijão de gás inflável estampava: “tá caro, é culpa de Bolsonaro”. Em alguns locais do estado o botijão de gás chega a custar até R$ 120,00.
O diretor do Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias, Luciano Santos, também presente à manifestação no Rio de Janeiro, falou em vídeo sobre a necessidade de protestar contra a gestão Bolsonaro, que seguiu com a política de preços de combustíveis adotada no governo de Michel Temer, que vincula as tarifa internas ao mercado internacional.
“Não dá mais, botijão de gás chegando a R$ 120,00 a população utilizando álcool para poder esquentar a comida. É um absurdo o que estamos vivendo. Precisamos gritar em voz alta e lutar de forma indignada contra esse governo que não nos representa”, criticou Luciano.
João Pessoa
Em João Pessoa, o ato #ForaBolsonaro levou centenas de pessoas às ruas da capital, com caminhada, carreata e ato público. A concentração teve início por volta das 9h, no colégio Lyceu Paraibano, no Centro da capital paraibana. De lá, os manifestantes saíram em caminhada, passando pelo Parque da Lagoa até Ponto de Cem Réis, local do ato público.
Recife
Cerca de 50 mil pessoas participaram do ato #ForaBolsonaro em Recife. A concentração teve início às 9h na Praça do Derby, onde um maracatu animou os manifestantes, que em seguida saíram em passeata pelo centro da capital pernambucana portando faixas e cartazes pelo impeachment, mais empregos, vacinas contra a covid-19, comida para a população e controle da inflação. O presidente da CUT Pernambuco, Paulo Rocha, avaliou o ato como mais uma forte demonstração de que o povo quer mudanças. “Queremos o fim desse governo que massacra a população e a classe trabalhadora. Queremos distribuição de renda, empregos, saúde e principalmente voltar a ser feliz”, destacou.
Manifestantes também levaram cartazes contra a PEC 32, da reforma Administrativa.
Durante o protesto, o motorista do Jeep Renegade placas QYJ2E95 jogou o carro sobre os manifestantes e acabou atropelando uma advogada de 29 anos, na avenida Martins de Barros, perto da Ponte Maurício de Nassau. A vítima foi socorrida por um médico que participava da manifestação. O motorista, que teria ameaçado os manifestantes com uma arma, fugiu do local. “Camaradas, uma moça acabou de ser atropelada em Recife, ao final do ato. Não foi acidente, foi tentativa de assassinato. Eu estava ao lado, vi tudo, tentei junto com outros camaradas impedir”, denunciou o historiador Jones Manoel em suas redes sociais. Manifestantes fotografaram a placa do carro.
Salvador
A capital da Bahia, Salvador, amanheceu com os manifestantes nas ruas pedindo o impeachment de Bolsonaro, mais empregos, saúde pública, educação e saúde. Os evangélicos, em Salvador, também aderiram ao #Fora Bolsonaro.
O movimento levou milhares de manifestantes às ruas em Goiânia, Goiás, em São Luís, no Maranhão, em Palmas, no Tocantins, em Belém do Pará. Em Marabá, a população ocupou as ruas em repúdio aos altos preços dos alimentos, da energia, do gás de cozinha e combustíveis.
Santa Catarina
Em Joinville, a chuva não atrapalhou o ato regional. Os manifestantes se concentraram na Praça da Bandeira e depois seguiram em caminhada pelas ruas da cidade. Em Chapecó, a concentração do ato aconteceu na Praça Central. Na cidade de Palhoça, a concentração ocorreu na Praça 7 de Setembro. Em Criciúma, manifestantes se concentraram na rua da Arquibancada com bandeiras, cartazes e faixas contra Bolsonaro, a fome, o desemprego. Em Blumenau, o grito #ForaBolsonaro concentrou centenas de manifestantes na praça do Teatro Carlos Gomes e em caminhada pelas ruas centrais.
Exterior
Foto: Coletivo Brasil-Alemanha pela Democracia
Em Londres, na Inglaterra, os brasileiros também protestaram contra este governo Bolsonaro, em frente à embaixada brasileira. Na manifestação, a comunidade LGBTQI+ homenageou a vereadora Marielle Franco, assassinada pela milícia do Rio de Janeiro em março de 2018.
Na Alemanha, a concentração foi na Europaplatz, em Freiburg, e os manifestantes saíram em passeata até Platz der Alten Synagoge no centro da cidade. Também houve protestos antiBolsonaro em Berlim, Colônia, Frankfurt e Munique.
Em Paris, França, os brasileiros e brasileiras protestaram contra Bolsonaro nas imediações de um dos símbolos mais conhecidos do mundo, a Torre Eifel.
Em Madrid, capital da Espanha, o ato, organizado pela Asociación Brasileña Maloka, Coletivo pelos direitos no Brasil, foi à noite, no Teatro Del Barrio. Atos foram organizados ainda em Barcelona e Sevilha.
O #ForaBolsonaro no exterior também teve manifestações na Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Itália, Porto Rico, Portugal, Suíça, Estados Unidos e Argentina.
*Com reportagem da CUT nos estados.