MOVIMENTO

Tribunal do Trabalho mediará negociação entre motoristas de aplicativos e empresas

Após paralisações, sindicato pediu audiência para negociar condições de trabalho agravadas pela pandemia reivindicações da categoria
Por Gilson Camargo / Publicado em 22 de março de 2021
Categoria reivindica reajuste no valor do quilômetro rodado, fim das promoções e punições, que reduzem a remuneração e obrigam a jornadas de até 16 horas

Foto: Divulgação

Categoria reivindica reajuste no valor do quilômetro rodado, fim das promoções e punições, que reduzem a remuneração e obrigam a jornadas de até 16 horas

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O vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), desembargador Francisco Rossal de Araújo, marcou uma reunião de mediação para a próxima terça-feira, 23, às 16h30, entre representantes dos motoristas de aplicativos e das empresas Uber, 99 Pop, Indriver e Cabify, que atuam no setor de transportes de passageiros em Porto Alegre.

A reunião foi solicitada pelo Sindicato dos Motoristas em Transportes Privados por Aplicativos do Estado do Rio Grande do Sul (Simtrapli-RS), com o objetivo de abrir um processo de mediação entre as partes para discutir as condições de trabalho, agravadas pela pandemia do novo coronavírus, e as reivindicações da categoria.

Na última quarta-feira, 17, os condutores que trabalham com veículos alugados (não proprietários), promoveram a segunda paralisação nacional, com adesão de vários estados. Houve carreatas e manifestações em vários pontos de Porto Alegre, bem como em Caxias do Sul e Santa Maria, chamando a atenção das empresas e da sociedade. Na avaliação do Simtrapli-RS, 90% da categoria aderiu ao movimento. São cerca de 25 mil motoristas de aplicativos na capital e 10 mil na região metropolitana.

Jornadas de até 16 horas

Nos últimos seis anos, custos aumetnaram, mas a remuneração encolheu, aponta líder da categoria

Foto: Roberto Parizotti/ CUT-RS

Nos últimos seis anos, custos aumetnaram, mas a remuneração encolheu, aponta líder da categoria

Foto: Roberto Parizotti/ CUT-RS

“Queremos reajuste do valor do quilômetro rodado, que já estava defasado e ficou ainda menor diante dos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis, e o fim das promoções (99 Poupa e Uber Promo) que reduzem os ganhos dos trabalhadores”, afirma a secretária-geral do Simtrapli-RS, Carina Trindade.

“Tem colegas que acabam trabalhando 12, 14 e até 16 horas por dia para pagarem as suas contas, o que é desumano”, destaca.

O valor do quilômetro rodado aos motoristas era de R$ 1,25 em 2015. Seis anos depois, os aplicativos pagam somente R$ 0,95 na Capital e R$ 0,90 na Região Metropolitana. No início havia um desconto de 25% nas corridas. Agora esse percentual varia entre 25% e 40%. Os custos aumentaram, mas a remuneração dos trabalhadores diminuiu, sublinha a dirigente.

Em 23 de fevereiro, os motoristas de aplicativos já tinham feito uma mobilização em defesa dessa pauta de reivindicações, que resultou na realização de uma audiência, no último dia 9, na Comissão de Segurança Urbana, Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, da Câmara Municipal de Porto Alegre, por requerimento do vereador Matheus Gomes (PSol).

Para Carina, o espaço na Câmara foi importante para discutir as demandas dos motoristas de aplicativos. Além de representantes dos trabalhadores, essa reunião contou com a participação da vice-presidência do TRT-4. As empresas, no entanto, não compareceram.

“A mediação no TRT-4 representa a abertura de um canal de diálogo, onde esperamos alcançar melhorias para o trabalho da categoria e conquistar direitos básicos para valorizar os motoristas de aplicativos”, projeta Carina.

O Sindicato convidará representantes dos vários segmentos da categoria para acompanhar a reunião no TRT-4 com os gestores das empresas, que ainda não confirmaram participação. “Temos que nos unir e fortalecer a nossa organização para abrir negociações com as empresas e obter conquistas para a categoria”, conclama a dirigente.

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