Violência contra as mulheres: mobilização dos homens deveria ser hoje
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O Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres nunca saiu efetivamente do papel no Brasil. Aprovado em 20 de junho de 2007, no segundo mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva, o Decreto de Lei nº 11.489, nas palavras da filósofa Djamila Ribeiro em artigo na Folha de São Paulo “salvo alguma movimentação incipiente” ainda não trouxe uma reflexão mais forte na sociedade para “discutir a violência de homens contra mulheres em um dos países campeões de futebol e feminicídio”, reflete a coordenadora da coleção de livros Femininos Plurais (Editora Letramento).
Em pesquisa realizada pelo Datafolha sob encomenda do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o período de fevereiro de 2018 a fevereiro de 2019 mostrou que 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil. Da mesma forma, 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. O estudo, que teve o objetivo de avaliar o impacto da violência contra as mulheres no país, apontou ainda que 42% dos casos de violência aconteceram no ambiente doméstico e que mais da metade das mulheres (52%) não denunciou o seu agressor ou buscou ajuda.
Laço branco, padrão internacional
Igual a campanhas similares que se utilizam de cores em laços para propagar a temática eleita para ser discutida, o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres utiliza a cor branca. O objetivo é sensibilizar, envolver e mobilizar homens no engajamento pelo fim da violência contra a mulher.
A cor, nesse caso, é um padrão internacional adotado após uma tragédia ocorrida no ano de 1989 no Canadá. Em 6 de dezembro daquele ano, Marc Lepine, um jovem de 25 anos, invadiu armado uma sala de aula da Escola Politécnica de Monteral ordenando que os homens – cerca de 48 – se retirassem da sala, retendo somente as mulheres.
Lepine, aos gritos de “você são todas feministas!?”, assassinou 14 mulheres à queima roupa e, em seguida, suicidou-se. Uma carta deixada pelo assassino afirmava que ele havia feito aquilo porque não suportava a ideia de ver mulheres estudando engenharia, um curso tradicionalmente dirigido ao público masculino.
Rio Grande do Sul
Em Porto Alegre, Judiciário lança campanha contra feminicídio. A ação Tod@s por elas tem o objetivo de combater a cultura machista, a violência de gênero e chegar a ambientes tidos como predominantemente masculinos. Atletas de artes marciais mistas como jiu-jitsu, boxe, muai thay, entre outras, estrelam as peças de divulgação. São eles que levarão aos seus ambientes a mensagem de que, mais do que unir forças para combater de forma efetiva a violência contra a mulher, é preciso desconstituir a cultura do machismo. Leia mais