Delação pode colocar o senador Heinze, empresários e o general Pazuello em trama golpista
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
O senador gaúcho Luis Carlos Heinze (PP), o ex-ministro da Saúde, agora deputado federal, general Eduardo Pazuello (PL/RJ) e os empresários Luciano Hang, dono das Lojas Havan, e Meyer Joseph Nigri, dono da Tecnisa, integraram o movimento que buscava uma intervenção militar para a permanência de Jair Bolsonaro na presidência do Brasil.
Os nomes foram mencionados na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, o ex-Auxiliar de Ordens de Bolsonaro, segundo veículos de imprensa que tiveram acesso a partes do inquérito que vem sendo tocado pela Polícia Federal (PF).
Em informações convergentes em diferentes veículos de comunicação, entre eles a Revista Veja e os jornais Folha de São Paulo e O Globo, Mauro Cid informou que tanto os parlamentares quanto os empresários defendiam um golpe de estado diante do então presidente.
De acordo com Cid, se os empresários defendiam o uso de um “relatório duro” do Ministério da Defesa com desinformações para desacreditar as urnas e o processo eleitoral brasileiro, o senador Heinze e o general Pazuello então na ativa eram adeptos abertamente de uma ruptura violenta, com a participação das Forças Armadas.
Intervenção militar, segundo delação
Heinze, conforme os relatos, queria que Bolsonaro ordenasse que os militares confiscasse uma urna eletrônica sem o consentimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O objetivo seria a realização de uma perícia para comprovar a teoria da conspiração bolsonarista que dizia que o equipamento propiciava fraudes no sistema eleitoral brasileiro.
Já Pazuello defendeu sem nenhuma cerimônia uma ruptura institucional em conversa com então presidente.
A base seria a mesma interpretação do autointitulado filósofo e ex-astrólogo Olavo de Carvalho para o artigo 142 da Constituição Federal que fala de uma possível “intervenção militar” com base nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Outro lado
A assessoria de imprensa do senador Heinze informou ao Extra Classe que o parlamentar está em roteiro no interior do Rio Grande do Sul e ainda não passou informações a respeito do noticiado.
Por meio de nota, Nigri afirma que “nunca tentou pressionar quem quer que seja, muito menos o ex-presidente para ‘virar o jogo’ e que ele reconheceu a vitória do presidente Lula “tão logo vieram os resultados das eleições”.
Para os advogados de Hang, nada pode ser dito sobre a investigação que tramita sob sigilo. Eles ressaltam desconhecer o teor do dito ou encontrado no processo que envolve o tenente-coronel Mauro Cid. Uma ressalva fizeram, no entanto: “Luciano jamais sugeriu ou pediu a quem quer que fosse a adoção de medida destinada a atentar contra o ordenamento jurídico e as instituições democráticas”.