Assassino de Marielle Franco fará acordo de delação premiada
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O ex-sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Ronnie Lessa, autor dos tiros que mataram a ex-vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e o motorista Anderson Gomes, em 2018, teria fechado um acordo de delação com a Polícia Federal que deverá ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Polícia Federal não divulgou informações sobre as investigações. A notícia do acordo foi obtida pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
A delação é um expediente fundamental para que as investigações cheguem aos mandantes dos assassinatos.
Marielle Franco foi morta a tiros em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, localizado na região central da capital fluminense. Na noite do crime, a parlamentar do PSol do Rio participou de um encontro com mulheres negras e foi emboscada e morta com quatro disparos na cabeça. O motorista Anderson Gomes foi atingido por três projéteis nas costas e também morreu. Uma assessora da vereadora sobreviveu ao atentado.
Um dos matadores de aluguel mais conhecidos do Rio de Janeiro, Lessa está preso desde março de 2019. Ele é apontado como autor dos tiros pelo ex-PM Élcio Queiroz, que dirigia o carro usado no crime e já fez delação à PF em julho do ano passado. Élcio Queiroz também é ex-sargento da PM do Rio. Ele foi expulso da corporação em 2015. Em março do ano passado, um ano depois dos assassinatos de Marielle e Anderson, Queiroz foi preso na Zona Norte do Rio.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que o atentado terá um desfecho ainda no primeiro trimestre deste ano.
“Esse é um desafio que a PF assumiu no ano passado. Estamos há menos de um ano à frente dessa investigação, de um crime que aconteceu há cinco anos, mas com a convicção de que ainda nesse primeiro trimestre a Polícia Federal dará uma resposta final do Caso Marielle”, afirmou Rodrigues à CBN. No início de janeiro, o ministro Flávio Dino afirmou que o caso Marielle seria “integralmente resolvido” em breve.
O inquérito que apura os assassinatos foi retirado da Justiça do Rio em outubro devido a novas suspeitas de interferência do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, e enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Brazão foi citado na delação premiada do ex-PM Élcio Queiroz.
O conselheiro do TCE
Imagens: Mídia Ninja
João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, respectivamente filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty o passaporte diplomático em 9 de julho de 2022. Chiquinho, que já possuía o documento, é irmão de Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ).
Domingos Brazão foi acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato no âmbito da justiça estadual e suspeito de ser um dos mandantes do crime. Em outubro do ano passado, a investigação passou a ser feita pela PF, depois que o conselheiro foi citado na delação premiada de Élcio Queiroz.
Os integrantes da família Brazão aparecem em uma lista com os 1.694 passaportes diplomáticos emitidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), obtida pelo site Brasil de Fato por meio da Lei de Acesso à Informação (Lai).
O miliciano Adriano da Nóbrega, ex-oficial do Bope e chefe da organização Escritório do Crime, foi assassinado em 9 de fevereiro de 2020 por policiais na Bahia.
Foragido desde fevereiro de 2019, Nóbrega era figura-chave para a elucidação de diversos crimes e para esclarecer a relação da família Bolsonaro com as milícias cariocas.
Danielle Mendonça da Costa e Raimunda Veras Magalhães, respectivamente a mãe e a esposa de Adriano da Nóbrega eram empregadas do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) o filho zero um do ex-presidente, quando ele era deputado estadual no Rio.