PF cumpre 25 mandados e prende agentes da Abin por espionagem ilegal
Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo
Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo
Dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram presos na manhã dessa sexta-feira, 20, em operação realizada pela Polícia Federal (PF) que investiga o uso ilegal de um sistema de geolocalização de celulares. De acordo com a PF, foram identificados mais de 30 mil usos irregulares nos três primeiros anos do governo Bolsonaro (PL). Entre os alvos da espionagem, ministros e servidores do Supremo Tribunal Federal (STF), advogados, políticos, ativistas de movimentos sociais e jornalistas.
Batizada de “Última Milha”, uma paródia do nome do software de monitoramento israelense FirstMile, a operação ainda realiza 25 mandados de busca e apreensão e medidas cautelares das prisões autorizadas pelo STF sob pedido da PF nos estados do Distrito Federal, Goiás, Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
O FirstMile foi comprado de forma sigilosa e sem licitação pela Abin no apagar de luzes do governo Michel Temer (MDB) em 2018.
Ao todo, foram pagos R$ 5,7 para a empresa israelense Cognyte pelo software que tem capacidade de acompanhar até 10 mil celulares a cada 12 meses de uma forma extremamente simples por seus usuários.
Investigações da PF iniciaram em março
Além de bastar apenas a digitação do número de um alvo de espionagem, o sistema permite a criação de alertas e históricos de deslocamento em tempo real dos monitorados.
Na ocasião da aquisição do FirstMile, a agência era subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general da reserva do Exército Sérgio Etchegoyen.
Foi em março deste ano que a PF instaurou o inquérito para investigar denúncias de uso irregular do FirstMile.
Segundo a agência, o contrato de uso do software de localização teve início no fim de 2018, ainda no governo Michel Temer, e foi encerrado em 8 de maio de 2021.
A Abin foi chefiada pelo delegado da PF Alexandre Ramagem, na maior parte desse período.
Ramagem, de estrita confiança do clã Bolsonaro, foi eleito deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro em 2022.
Presos e afastados
Os agentes da Abin presos são o profissional da área de Contrainteligência Cibernética do órgão, Rodrigo Colli, e Eduardo Arthur Izycki, oficial de Inteligência.
Sob demanda da PF, o STF ainda determinou o afastamento de cinco diretores da Abin.
Entre eles, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Maurício Fortunato Pinto.
Nas buscas realizadas na residência dele que é considerado o terceiro nome da Abin a PF apreendeu U$ 171,8 mil em espécie.