JUSTIÇA

Agente da Abin investigado por monitoramento ilegal estava no tiroteio de Paraisópolis

Licenciado da Abin, Fabrício Cardoso de Paiva, mandou cinegrafista apagar imagens que registrava PMs atirando durante episódio que beneficiou eleição de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 23 de outubro de 2023
Agente da Abin investigado por monitoramento ilegal estava no tiroteio de Paraisópolis

Foto: Reprodução redes sociais da Campanha de Tarcisio de Freitas

Paiva, agente licenciado da Abin, cuidava da segurança do então candidato Tarcício de Freitas e esteve envolvido no polêmico episódio de um tiroteio em Paraisópolis, relatado na época como um suposto atentado ao candidato.

Foto: Reprodução redes sociais da Campanha de Tarcisio de Freitas

A operação da Polícia Federal (PF) realizada na sexta-feira, 21, para buscar mais elementos de uso ilegal de um software israelense para monitorar adversários do governo Bolsonaro (PL) entre os anos de 2019 e 2021 trouxe a cena agente de confiança do ex-ministro de Bolsonaro e candidato a governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Fabrício Cardoso de Paiva, que servia Freitas no Ministério da Infraestrutura e na sua campanha ao governo de São Paulo foi um dos alvos de busca e apreensão da PF na operação Última Milha.

Paiva cuidava da segurança do então candidato e esteve envolvido no polêmico episódio de um tiroteio em Paraisópolis, relatado como um possível atentado ao candidato. Uma pessoa morreu.

Considerado de estrita confiança de Tarcísio, Paiva não tem nenhum cargo no atual governo paulista, apesar de ser visto em eventos no Palácio dos Bandeirantes neste ano.

De acordo com integrantes da PF, Paiva também tem ligações com Paulo Maurício Fortunato Pinto, o diretor da Abin que foi afastado por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Durante a busca e apreensão na residência de Fortunato a PF encontrou U$ 171,8 mil em espécie.

Agente ordenou apagar imagens

Agente licenciado da Abin na ocasião de tiroteio durante visita do candidato Tarcísio em Paraisópolis, Paiva determinou um cinegrafista da Jovem Pan que apagasse as imagens que captou do episódio que resultou na morte de um jovem de 27 anos.

À época, matéria na Folha de São Paulo registrou que Paiva teria perguntado ao profissional de imprensa se ele teria feito imagens de policiais atirando.

Após a resposta “não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM para cima dos caras”, Paiva ordenou então: “Você tem que apagar”.

 Cena de crime alterada

Vendido em um primeiro momento como um possível atentado à Tarcísio, o tiroteio alavancou a campanha do bolsonarista que disputava o segundo turno com o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad.

Um Boletim de Ocorrência (BO) feito pela Polícia Civil após o ocorrido registrou, no entanto, que a cena do crime foi alterada pela Polícia Militar.

As últimas informações dão conta de que a PF investiga o governador Tarcísio de Freitas por possível crime eleitoral.

Segundo o inquérito policial, foi determinou a apuração de possível violação do Código Eleitoral. Os crimes seriam associados ao capítulo II: Dos Crimes Eleitorais

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