JUSTIÇA

Investigações sobre Braga Netto expõem farra de militares durante intervenção no Rio de Janeiro

Ex-ministro que foi candidato à vice-presidência da República na tentativa frustrada de reeleição de Bolsonaro se vê em meio a suspeitas de corrupção
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 12 de setembro de 2023
Investigações sobre Braga Netto expõem farra de militares durante intervenção no Rio de Janeiro

Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Braga Netto foi poupado até agora, mas evidências de superfaturamentos e orgias gastronômicas de militares colocam o general no centro das investigações da PF

Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Depois de Ricardo Salles (PL/SP), o general da reserva do Exército Brasileiro, Walter Braga Netto, é o segundo expoente do governo Bolsonaro que se torna suspeito de corrupção via cooperação de agências de investigação dos Estados Unidos com a Polícia Federal (PF) brasileira.

Se o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro pediu demissão de seu cargo após autoridades norte-americanas terem denunciado operações de contrabando de madeira extraída de forma ilegal na Amazônia, o general de quatro estrelas não só serviu durante todo o mandato do ex-presidente, como foi alçado a candidato à vice-presidência na chapa que buscava a reeleição.

Na manhã desta terça-feira, 12, Braga Netto teve seu sigilo telefônico quebrado pela Operação Perfídia, que investiga indícios de fraudes em verbas geridas pelo militar em 2018.

Na época, o general comandava a intervenção federal do governo Temer (MDB/SP) na segurança pública do estado do Rio de Janeiro.

Braga Netto é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro e, segundo analistas, até então vinha sendo poupado nas investigações.

Superfaturamento de coletes

Ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, ele foi considerado um personagem controverso no período da pandemia, mas não chegou a ser convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 no Senado. Também não se tornou inelegível ao lado do ex-presidente no recente julgamento do Superior Tribunal Eleitoral (STE).

Braga Netto entrou na mira da PF após a Agência de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos (HSI) ter identificado na investigação que realiza sobre o assassinato do ex-presidente do Haiti, Jovenel Moïse, um superfaturamento na compra dos coletes balísticos usados na intervenção no Rio de janeiro.

As informações estavam na contabilidade da empresa CTU Secutiry LLC que forneceu apoio militar para o crime em 2021.

Braga Netto disse em nota que ele mesmo suspendeu a compra dos coletes sob investigação da PF.

No entanto, registros evidenciam que partiu do general a assinatura do processo de dispensa de licitação para a aquisição emergencial dos produtos.

Eles chegaram a ser pagos, mas, posteriormente, seus valores foram estornados. Nos bastidores, a informação é que o recuo se deu devido a fortes questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU).

Luxos gastronômicos na conta da intervenção

Dados do TCU mostram gastos efetuados pelo Comando Militar do Leste e pelo Comando da 1ª Região Militar (RJ) de fevereiro a dezembro de 2018, durante o período da intervenção de Braga Netto na segurança do estado.

Chamam a atenção, no 1º Batalhão de Infantaria Motorizado, R$ 43.544,00 gastos na compra de camarões, R$ 27.378,00 mil em tortas holandesas, R$ 5.245,00 em bacalhau e R$ 11.590,00 em salgadinhos diversos.

No mesmo período, o Comando da Brigada de Infantaria Paraquedista, gastou R$ 149.186,88 em camarões e R$ 12.194,40 em vinhos.

Já o Comando Militar do Leste apresenta gastos de R$ 21,8 mil em mel, R$ 12.094,42 em cream cheese, R$ 6.525,00 em geleias de frutas e R$ 4.410,00 em presunto parma.

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