Militares mantidos no GSI vazaram informações sobre Lula a Mauro Cid
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Três militares que trabalhavam no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e permaneceram nos cargos após a transição de governo repassaram ao ex-ajudante de ordens do ex-presidente, tenente-coronel Mauro Cid, informações detalhadas sobre viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A informação foi apurada pelo site Metrópolis. Márcio Alex da Silva, do Exército; Dione Jefferson Freire, da Marinha; e Rogério Dias Souza, da Marinha serão investigados por determinação do ministro-chefe do GSI, Marcos Antônio Amaro.
O general informou que os militares teriam sido afastados das atividades do GSI depois que a CPMI do 8 de janeiro divulgou documentos que comprovam a espionagem. As exonerações seriam publicadas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
Mauro Cid está preso desde maio e é alvo da CPMI da Câmara dos Deputados que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro.
O ex-ajudante de ordens recebeu dos três militares espiões mensagens de e-mails com informações sobre viagens e eventos do presidente Lula que foram parar na CPMI.
Os e-mails funcionais de Cid enviados à comissão mostraram que ele recebeu documentos “urgentíssimos”, de militares lotados no GSI, sobre a movimentação do presidente dentro e fora do país.
As informações sobre a segurança de Lula vazadas pelo GSI foram sobre viagens a Pequim e Xangai, na China, e eventos em Brasília, Foz do Iguaçu (PR) e Boa Vista (RR), em março e abril.
De acordo com o site, as mensagens da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, do GSI, foram enviadas a Cid de 6 a 13 de março deste ano, quando o ex-ajudante de ordens estava com Bolsonaro nos Estados Unidos.
Lavagem de dinheiro
O ex-presidente deixou o país em dezembro para não ter que passar a faixa presidencial a Lula.
De acordo com um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que investiga o ex-presidente por lavagem de dinheiro, só nos primeiros seis meses de 2023, Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix de empresários, militares, fazendeiros do agronegócio e advogados.
A quebra dos sigilos bancário e fiscal do militar pela CPMI mostrou que Mauro Cid recebeu R$ 4 milhões em depósitos dessas doações entre julho do ano passado e maio deste ano.