Cresce número de matrículas nas escolas privadas gaúchas
Foto: Igor Sperotto
Foto: Igor Sperotto
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) divulgou, em fins de fevereiro, informações do Censo Escolar 2023 referentes à Educação Básica. Com base nesses dados, o escritório regional do Departamento Intersindical de Economia e Estatística (Dieese) elaborou alguns recortes para o Rio Grande do Sul com foco na rede privada de ensino. Em se tratando de Brasil, a pesquisa revelou que, no ano de 2023, registraram-se 47,3 milhões de matrículas nas 178,5 mil escolas de educação básica, cerca de 77 mil matrículas a menos em comparação com o ano de 2022, o que corresponde a uma diminuição de 0,2% no total.
Essa leve queda é reflexo do recuo de 1,3% observado no último ano na matrícula da rede pública, que passou de 38,4 milhões em 2022 para 37,9 milhões em 2023, e o aumento de 4,7% das matrículas da rede privada, o qual cresceu de 9 milhões para 9,4 milhões, com números absolutos menores que a redução observada na matrícula da rede pública.
Já no Rio Grande do Sul, de acordo com os dados do Censo Escolar 2023, o número de matrículas no ensino básico privado totalizou 500.466, revelando crescimento em relação a 2022 de 8,8%, com acréscimo de 40.674 matrículas.
Já o setor público registrou queda de -1,9%, passando de 1.806.702 matrículas, em 2022, para 1.771.585 em 2023. Com isso, a rede privada aumentou sua participação no total de matrículas na educação básica no estado, de 20,3% em 2022 para 22% em 2023.
Em 2023, todos os níveis de ensino (infantil, creche, pré-escola, fundamental, médio EJA, ed. profissional) registraram crescimento no número de matrículas da rede privada do RS.
Nos últimos 10 anos – de 2014 a 2023 –, o número de matrículas na rede privada gaúcha aumentou 26,8%. O maior crescimento foi em 2023, quando comparado com o ano anterior, que ocorreu na etapa Educação Profissional, com crescimento de 37,3%, o que representa incremento de 26.442 novas matrículas.
Em 2023, houve aumento de 2% no número de estabelecimentos de ensino da rede privada, em relação ao ano anterior, representando 52 novas escolas.
Matrícula na educação básica por dependência administrativa Rio Grande do Sul, 2023
Fonte: INEP – Censo Escolar da Educação Básica | Elaboração: DIEESE
Fonte: INEP – Censo Escolar da Educação Básica | Elaboração: DIEESE
“Quase o dobro de outros estados”
“Comparando o crescimento das matrículas no RS com as de outras redes privadas pelo Brasil, é quase o dobro dos 4,7% de outros estados, o que é uma situação bastante favorável para as escolas privadas aqui do estado”, explica a economista e técnica do Dieese Anelise Manganelli. Segundo ela, também é muito significativo o espaço que a rede privada vem ocupando, “em detrimento da rede estadual, que teve queda de 5% nas matrículas”.
Número de Matrículas – ensino básico privado Rio Grande do Sul, 2012 a 2023
Fonte: Inep / Elaboração Dieese
Mais escolas privadas
Nos últimos 10 anos, o número de estabelecimentos na rede privada gaúcha cresceu 6,8%. Isso significa 173 escolas a mais, sendo 52 dessas novas escolas só em 2023, cujo aumento foi de 6% em relação ao ano anterior.
Com isso, cresceu também o número de docentes da rede privada. São 1.246 professores a mais em 2023, 4,43% de aumento. Na década de 2014 a 2023, o crescimento foi de 8,9%.
Número de Estabelecimentos na Educação Básica da Rede Privada Rio Grande do Sul, de 2012 a 2023
Fonte: Inep / Elaboração Dieese
Cenário favorável
Outra questão que a economista do Dieese chama atenção é que, se, por um lado, as matrículas da rede privada cresceram quase 9% aqui no estado, o número de docentes não acompanhou esse aumento. O crescimento foi de menos de 5%. Um outro dado é que as mensalidades das escolas privadas aumentaram bem acima da inflação do último período.
“Isso coloca um cenário de possibilidade para recuperação de perdas salariais para os trabalhadores da rede privada e melhores condições de trabalho pra esses educadores. Seria uma valorização para quem faz o dia a dia da escola e que, certamente, vai resultar numa melhor qualidade de ensino”, defende Manganelli.