Pais reúnem quase 5 mil assinaturas em favor de professor do Anchieta
Foto: Reprodução/Facebook/Anchieta
Foto: Reprodução/Facebook/Anchieta
Em resposta à polêmica gerada pelo afastamento de sala de aula de um professor do Colégio Anchieta em decorrência de uma aula de História sobre o conflito Israel-Hamas, no dia 30 de outubro, pais de alunos da escola reuniram mais de 5 mil assinaturas pela permanência do docente e sua volta às atividades na escola.
O movimento foi uma resposta a outro abaixo assinado promovido pela mãe de uma estudante que divulgou vídeos de uma aula e que contou com apoio de pais identificados com o movimento e escola sem partido e de políticos ligados à extrema direita, em Porto Alegre. O abaixo-assinado que pede a demissão do docente teria arrecadado cerca de duas mil assinaturas.
Reportagem do Extra Classe, no dia 3 de novembro, expôs o caso recente e outros semelhantes sofridos por professores nos últimos dois anos, além de divulgar estudo apresentado na Câmara dos Deputados na semana passada, em que o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) apurou que 64,4% dos educadores já sofreram perseguição ou censura no trabalho, 63,7% têm medo de retaliações e 61,9% repensaram conteúdos por temor aos patrulhamentos políticos.
Na manhã desta terça-feira, 7, o Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro/RS) esteve reunido com dirigentes da escola para manifestar uma posição no sentido de que os ânimos sejam acalmados. “O Núcleo de Apoio ao Professor (NAP) tem o objetivo de defender o professor e também a harmonia no ambiente escolar”, explica Cecília Farias, diretora do Sindicato.
No que refere ao abaixo-assinado, a iniciativa de contraponto ao pedido de demissão foi de um pai de aluno que é advogado e professor universitário, que prefere não ter seu nome destacado por tratar-se de um coletivo de pais. Ele conta que desde a última sexta-feira, 3, o movimento pela permanência do docente rapidamente ganhou a adesão de centenas de famílias “anchietanas” e milhares de assinaturas. Ele relata que o abaixo-assinado na defesa do docente foi aberto por pais de alunos da escola “em defesa de um professor no exercício da docência e que teve trecho de aula gravado, editado e divulgado de forma indevida em redes extremistas”.
“Os interessados na demissão afirmam falsamente que o docente estava a fazer defesa do Hamas por dizer que era antes um grupo político e não meramente um grupo terrorista. Em dado momento o professor afirma que o Hamas, apesar de grupo político praticou ato terrorista ao atacar Israel, mas esta informação é ignorada pelos que divulgaram o material”, contextualiza.
O professor, segundo a escola, permanece sendo “preservado”. Enquanto isso, o pleito do grupo de pais que pedem a demissão, segue repercutindo em grupos identificados com a extrema-direita.
Já no documento enderaçado à Direção do Colégio Anchieta, os paia subscrevem o seguinte:
“Nós, abaixo assinados, responsáveis por estudantes desta instituição de ensino, vimos, por meio da presente manifestação, expressar nossa solidariedade ao professor de história do 9º ano ensino fundamental do Colégio Anchieta (cujo nome, por cautela, omitimos), que está sendo vítima de uma situação insólita, que já coleciona ilícitos como assédio moral e crimes contra a honra e de perseguição, com ampla repercussão pública negativa a envolver, também, a Escola e toda a comunidade de alunos e de pais de alunos”.
O texto e documento completo e o abaixo-assinado podem ser acessados em https://chng.it/7htRL6VgNB .
Após elencar vários pontos que opõem a filosofia da escola “inaciana” ao movimento ocorrido contra o professor e contra a liberdade de cátedra, os pais fazem três solicitações pontuais à escola.
Veja as solicitações dos pais à escola:
- A construção de um processo de retomada do exercício da docência pelo professor envolvido, diga-se, de excelente conceito e de atuação profissional condizente com os princípios Inacianos;
- A normatização firme, clara e imediata pelo Colégio referente à gravação de aulas e, se autorizadas, aos modos de utilização das gravações de aulas por parte dos alunos, de modo a garantir, sem sobressaltos, a eficiência da atividade educativa;
- A edição de uma nota de repúdio à publicização em rede social de trecho de aula gravado sem o consentimento do Professor e/ou da Instituição, bem como à divulgação ampla por outros meios, envolvendo terceiros e externos à comunidade educativa, de modo a resgatar a Missão, a Visão, os Valores e os Princípios de Convivência do Colégio Anchieta, reafirmando a necessidade de respeito à dignidade da função docente no ambiente escolar.