Bullying, tiros e três vítimas em escola do Ceará
Foto: Reprodução/Redes sociais
Um estudante adolescente de 15 anos atirou em três colegas do 1º ano do ensino médio, na Escola Professora Carmosina Ferreira Gomes. O episódio ocorreu nesta quarta-feira, 5, em Sobral, no Ceará. O município é considerado referência em educação.
Uma das vítimas está em estado grave e entubada. Outra, com quadro de saúde estável já foi liberada. Os dois meninos foram atingidos na cabeça. O terceiro, foi baleado na perna e segue sob avaliação médica. O atirador alegou ser vítima de bullying.
A assessoria de imprensa da Santa Casa de Sobral informou que as três vítimas foram levadas imediatamente para o hospital após o ocorrido.
Arma pertencia a CAC
A polícia já sabe que a arma pertence a um CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador). Chegou a circular a informação de que a pistola seria do pai do atirador, porém os investigadores não confirmam a informação, pois ainda tentam confirmar a real identidade do proprietário da arma.
No Brasil, o número de armas registradas por CACs cresceu quase cinco vezes entre 2018 e 2022, após os decretos presidenciais que facilitaram o acesso deste segmento a armamentos. Saltou de cerca de 350 mil armas para mais de 1 milhão.
Atirador alegou ser vítima de Bullying
O Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (Raio), grupo especial da Polícia Militar do Ceará, logo após o ocorrido, seguiu para a residência do adolescente e fez as apreensões.
De acordo com o comando do Raio, o atirador disse que seu motivo para o atentado foi o bullying que sofria na escola.
Para o professor Hugo Monteiro Ferreira, responsável pelo treinamento dos atendentes do serviço Pode falar, canal de ajuda em saúde mental para jovens da Unicef no Brasil, “o bullying é um tipo de violência e como toda natureza de violência, o bullying é matriz, campo fértil, para que novas maneiras, novas formas, novos modelos de violência emerjam”.
Segundo o educador que é pós-doutor em Estudos da Criança pela Universidade do Minho, Portugal e doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a vítima do bullying, ao contrário do que se costuma pensar, pode ser muito violenta.
A dor do bullying é permanente
“A vítima do bullying costuma guardar em sua memória a dor sofrida e essa dor não passa com o tempo”, afirma.
Uma característica, aponta Ferreira, de modo geral que sofre bullying planeja e arquiteta vinganças.
“Jeitos de fazer sofrer quem também a fez sofrer. Nem sempre esse ‘quem a fez sofrer’ deve ser entendido pela pessoa, pelo grupo que a perseguiu sistematicamente”, analisa.
“Pode ser alguém que lembre, se relacione, represente de alguma maneira, aqueles e aquelas que a violentaram. Ao contrário, com o tempo, se fortalece e é capaz de fazer a vítima consolidar ataques violentíssimos”, completa.
O professor desabafa: “o bullying é um cancro. O Brasil ainda não entendeu isso”.
Ataque recente na Bahia
No último dia 26 de setembro, uma estudante cadeirante foi morta dentro da Escola Municipal Eurídes Sant’Anna, em Barreiras, BA.
O responsável também estudava na escola. Ele foi baleado depois que a polícia foi chamada e levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral do Oeste.
O atirador, de 14 anos, divulgava discursos de ódio contra gays, lésbicas e nordestinos e bandeiras políticas da extrema direita em suas rede sociais, onde anunciou o ataque poucas horas antes. É filho de policial militar reformado e usou arma do pai.
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