EDUCAÇÃO

Conjunturas econômica e educacional foram tema de seminário de sindicatos de professores

Além de elaborar a política de atuação sindical nas negociações coletivas do próximo período, Sinpro/RS, Sinpro Caxias e Sinpro Noroeste lançaram o Fórum Permanente da Educação Superior
Da Redação / Publicado em 25 de outubro de 2021

Foto: Igor Sperotto/ Arquivo

Professores manifestaram expectativa de retorno das atividades acadêmicas presenciais em todas as instituições

Foto: Igor Sperotto/ Arquivo

O seminário Cenário Econômico e Educacional Brasileiro e as perspectivas da Educação Superior, realizado de forma virtual no sábado, 23, pelo Sinpro/RS, SinproNoroeste e Sinpro Caxias, proporcionou aos professores do ensino privado uma análise sobre a realidade econômica do país e os impactos da conjuntura para o setor educacional. Ao final do evento, foi lançado o Fórum Permanente da Educação Superior.

Em seu painel sobre a conjuntura econômica, Paulo Jäger, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) chamou a atenção para os baixos indicadores de desenvolvimento e de consumo que mantiveram a economia “andando de lado” nesse período. “As perspectivas para os próximos meses, talvez para todo o próximo ano são muito delicadas. A evolução do PIB divulgada pelo IBGE no segundo trimestre foram como uma ducha de água fria nas expectativas por resultados um pouco melhores”, explicou o economista.

No segundo trimestre de 2020, a economia mergulhou numa queda de quase 10% na comparação com o 1º trimestre, que já havia caído 2,3% devido ao impacto da pandemia. “A política econômica do governo não estimula a retomada do desenvolvimento de uma economia que já vinha há muitos anos em crise”, destacou. Segundo Jäger, a pandemia se sobrepôs e agravou a recuperação, que tem sido pior do que em outros países devido à forma como o governo brasileiro vem enfrentando a crise. Para ele, o país pode estar vivendo uma “década perdida” caso persistam as políticas econômicas de Paulo Guedes.

“O governo deixou solta a desvalorização cambial, com uma intervenção muito reduzida, e liberou que a Petrobras praticasse uma política de preços que atrela o valor dos combustíveis e derivados de petróleo aos preços internacionais. O descontrole cambial se espalha como alta de custo para todas as cadeias produtivas. A atividade econômica fraca e alta generalizada de preços impactam o mercado de trabalho, com desemprego recorde de 14 milhões de trabalhadores, e o consumo das famílias está num patamar muito reduzido, inclusive caindo”, enumerou.

Heitor Strogulski, diretor da consultoria educacional Flamingo Edu apresentou um panorama da educação superior no país e no estado, marcada por uma série de desafios impostos aos professores pela pandemia. Destacou fenômenos como a redução de carga horária, a tendência de permanência de ensino híbrido pós-pandemia. O professor alertou para a sobrecarga de trabalho imposta aos professores pelo excesso de trabalho e turmas estendidas decorrentes da reestruturação curricular.

Manifestações de professores

Com o objetivo de elaborar a política de atuação sindical com vistas à preservação da empregabilidade dos professores nas negociações coletivas do próximo período, o seminário contou com a participação de professores vinculados às diversas IES nas regiões de abrangência dos três sindicatos que puderam manifestar suas avaliações, considerações e proposições que foram sistematizadas pela coordenação do evento.

Os professores chamam a atenção para a importância de um compromisso do poder público, das instituições de ensino, dos sindicatos e da própria categoria com a qualidade do ensino.

A expectativa dos docentes é que as instituições de ensino, no âmbito dos espaços institucionais e na interlocução com as representações dos docentes, oportunizem e valorizem as suas contribuições na definição das políticas e iniciativas para o enfrentamento da crise.

Além disso, a categoria destacou a necessidade de uma definição por parte das instituições, sobre a utilização e destinação dos seus espaços físicos, face à redução do número de alunos, de modo a potencializarem suas receitas.

A retomada do ensino presencial também foi enfatizada pelos docentes como uma prioridade para o ensino superior. Eles manifestaram a expectativa de retomada de todas as atividades acadêmicas nas universidades e centros universitários do estado com todos os protocolos de segurança anticovid.

Leia a síntese das avaliações, ponderações e expectativas dos professores definidas no Seminário

Fórum permanente da educação superior

Ao final do seminário, as entidades fizeram o lançamento do Fórum Permanente da Educação Superior. O Fórum tem como objetivo a produção periódica e veiculação de conteúdos opinativos e informativos sobre o setor pelas três entidades. “Esse espaço visa a discutir os problemas da educação superior e aprofundar um debate na categoria sobre essa conjuntura que não se restrinja aos ativistas, aos diretores dos sindicatos, mas que inclua também os professores”, explicou Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS.

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