Estudantes protestam em frente à Reitoria da Ufrgs contra nomeação de Bulhões
Foto: Igor Sperotto
Centenas de estudantes ocuparam o pátio da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), no Centro Histórico de Porto Alegre, nesta quinta-feira, 17, desde o começo da tarde em Ato Público de protesto contra a nomeação do novo reitor Carlos Bulhões, candidato derrotado nas últimas eleições da Universidade.
A nomeação foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro Milton Santos, do MEC, no último dia 15, contrariando a tradição de nomear o primeiro colocado na lista tríplice e vendedor das eleições. Bulhões ficou em terceiro, com baixa aprovação tanto entre estudantes, quanto na comunidade acadêmica.
O DCE acusa o governo de intervenção. “Nós já tínhamos um ato convocado para esta quinta-feira, justamente contra a intervenção e contra os cortes de verbas que o MEC anunciou recentemente”, explica Ana Paula Souza dos Santos, coordenadora geral do DCE da Ufrgs.
A convocatória foi feita junto com a Associação de Pós-Graduandos (APG) e o Sindicato dos Técnico-administrativos da Universidade (Assufrgs). Também participou o Conselho de Entidades de Base (CEB) do DCE e o ato foi aprovado com quase 40 centros e diretórios acadêmicos, que também estão atuando na mobilização do movimento.
Foto: Igor Sperotto
Ataques às universidades
“Na nossa opinião o professor Bulhões não possui nenhuma legitimidade para assumir a reitoria pelos próximos anos. Trata-se de uma medida que visa atacar a autonomia e democracia da Universidade”, resume Ana Paula.
O DCE entende, segundo sua coordenadora, que um reitor indicado pelo presidente Bolsonaro fará com que o projeto “de destruição que o governo tem para a educação” seja facilitado.
Ela relembra, que desde o início do mandato, o presidente e o MEC vêm promovendo “ataques às universidades”, com cortes e ameaças ideológicas. “A indicação do professor Bulhões fortalece e simboliza essa política de desmonte da educação”, analisa.
Palavra quebrada
“No nosso entendimento o professor Bulhões deveria ter recusado sua nomeação, honrando o que disse num vídeo em que ele próprio afirmou que seu desejo era de que o Governo fizesse a indicação do primeiro colocado da lista tríplice”, argumenta a líder estudantil.
Para a coordenadora geral do DCE, seria muito prejudicial ter na instituição um reitor que não honra a própria palavra.
Foto: Igor Sperotto
Decisão ideológica
“O presidente Bolsonaro é declaradamente contra todas as ações afirmativas, contra a ciência, contra a pesquisa, que são pilares da Ufrgs. Então, não se trata apenas de uma nomeação, mas de um sinal claro de intervenção”, diz.
A estudante argumenta que “por trás e ao fim desse processo” há uma forte questão ideológica em que o presidente pretende impor “a sua ideologia” a partir da escolha de um reitor que não tem respaldo político na instituição, uma vez que foi derrotado em todos os espaços de consulta à comunidade acadêmica.
Rumos do movimento
Nos bastidores fala-se em possibilidade de ocupação da reitoria, mas questionada sobre o assunto, a coordenadora geral do DCE afirma que não existe qualquer encaminhamento nesse sentido e que o tema não foi debatido, porém não descarta.
“Todas as possibilidades estão em aberto, pois ainda não debatemos quais estratégias adotaremos. Num primeiro momento e a partir da repercussão do ato definiremos os próximos passos”, conclui.