Rombo fiscal que Lula herdará será três vezes maior do que o estimado
Foto: Pedro França/Agência Senado
Ao contrário da opinião do relator-geral do Orçamento de 2023 da União, senador Marcelo Castro (MDB/PI), o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem afirmado que o rombo fiscal que será deixado pelo governo Bolsonaro para o próximo período será quase três vezes maior que o estimado.
Se o governo chegou a falar em R$ 150 bilhões e Castro estima a necessidade de ao menos R$ 100 bilhões para ajuste nas contas do ano que vem entre o parlamento e a equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o início do seu mandato, Meirelles vê um déficit que pode chegar a R$ 400 bilhões.
Segundo o experiente economista, esse é o valor mais próximo da realidade e tem sido confirmado por entidades independentes.
Meirelles afirma que o Teto de Gastos, medida criada por ele durante o governo de Michel Temer (MDB/SP) não está “desmoralizada”.
A desmoralização, segundo ele, recai sobre a política fiscal do presidente Jair Bolsonaro (PL/RJ). “Por isso nós temos um risco Brasil elevado”, afirma.
Mourão critica, Gleisi rebate
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Nas discussões para a construção de um orçamento adequado para 2023 – com o relator Castro deixando claro que na peça orçamentária enviada por Bolsonaro ao Congresso não há recursos suficientes para praticamente nenhuma política social –, a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, senador eleito no Rio Grande do Sul pelo Republicanos, trocaram farpas durante a reunião que definiu a PEC da transição.
Sobre as negociações para o possível incremento de R$ 200 bilhões na previsão de gastos do próximo ano para viabilizar políticas públicas, Mourão acusou falta de responsabilidade fiscal.
“O futuro governo de Lula está negociando com o Congresso um rombo de R$ 200 bilhões no orçamento de 2023, ou seja, zero compromisso com o equilíbrio fiscal. O resultado será aumento da dívida, inflação e desvalorização do real. Onde estão os críticos?”, provocou o militar em sua conta no Twitter.
Na mesma rede social, Gleisi rebateu o vice-presidente. “(A) declaração de Mourão é no mínimo desonesta. Nem bem acabamos de iniciar a transição e estamos negociando a pauta que interessa ao povo trabalhador. Onde ele estava durante a farra do orçamento secreto e o uso perdulário e ilegal da máquina pública nas eleições?”, devolveu a deputada federal pelo Paraná (PR).
Entre outros compromissos com a agenda social, Lula prometeu, assim como Bolsonaro, manter a transferência mensal de R$ 600,00 à população socioeconomicamente vulnerável.
A diferença é que o presidente que deixará o Planalto em janeiro não previa esse recurso na peça orçamentária enviada para o Congresso.
No documento apresentado por Bolsonaro, o programa que batizou de Auxilio Brasil para apagar a marca Bolsa Família, criada nos governos anteriores do PT, voltaria a R$ 450,00.
O futuro governo ainda trabalha para que seja efetivado o compromisso do repasse de R$ 150,00 por filho às famílias beneficiárias do programa que deverá voltar a se chamar Bolsa Família.