Cesta Básica em Porto Alegre é a quarta mais cara do país
Foto: Igor Sperotto
Na passagem de dezembro para janeiro, o valor do conjunto de bens alimentícios básicos em Porto Alegre registrou alta de 1,72%. O custo de vida na capital gaúcha já é o quarto mais alto do país. Dos 13 produtos que compõem o conjunto de gêneros alimentícios essenciais previstos, dez ficaram mais caros: a batata (9,28%), a banana (6,72%), o arroz (6,51%), o açúcar (6,50%), a farinha de trigo (6,24%), o café (1,96%), o feijão (1,30%), pão (1,57%), a carne (0,40%) e o tomate (0,17%). Por outro lado, três itens caíram de preço: o óleo de soja (-3,03%), a manteiga (-2,63%) e o leite (-2,39%).
Em 12 meses, os 13 itens registraram aumento de preços, sendo as maiores altas verificadas no óleo de soja (107,58%), na batata (98,73%), no arroz (94,24%), no feijão (63,45%) e na banana (42,08%).
Aumentos de preços em 13 capitais
Arte: Dieese
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As maiores altas foram registradas em Florianópolis (5,82%), Belo Horizonte (4,17%) e Vitória (4,05%). O valor da cesta apresentou redução em quatro capitais do Nordeste: Natal (-0,94%), João Pessoa (-0,70%), Aracaju (-0,51%) e Fortaleza (-0,37%).
Arte: Dieese
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Em São Paulo, capital onde a cesta apresentou o maior preço, o custo ficou em R$ 654,15, com alta de 3,59%, na comparação com dezembro de 2020. Em 12 meses, o valor do conjunto de alimentos subiu 26,40%.
Com base na cesta mais cara, que, em janeiro, foi a de São Paulo, o Dieese estima que o salário mínimo necessário foi equivalente a R$5.495,52, o que corresponde a cinco vezes o mínimo já reajustado, de R$ 1.100,00.
O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.
Alimentos consomem quase 55% do salário mínimo
O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, em janeiro, foi de 111 horas e 46 minutos, menor do que em dezembro, quando ficou em115 horas e 8 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% para a Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em janeiro, na média, 54,93% do salário mínimo líquido (reajustado em janeiro) para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em dezembro, o percentual foi de 56,57%.
O doce amargo da inflação
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O valor do açúcar aumentou em 15 cidades, em janeiro de 2021, com destaque para Florianópolis (12,58%), Campo Grande (11,44%) e João Pessoa (7,19%). O volume ofertado foi menor por causa da entressafra e da pressão das usinas para segurar a cotação, o que explica a alta no varejo.
Na pesquisa, são levantados os preços da banana prata e da nanica. Em 15 capitais, o preço médio da fruta aumentou. As altas mais expressivas, entre dezembro e janeiro, foram observadas em Florianópolis (20,70%), Goiânia (12,50%) e Brasília (11,76%). A banana prata esteve com oferta limitada devido à entressafra, por isso a elevação de preços, enquanto a nanica teve valores reduzidos.
A carne cada vez mais inacessível
Em 2020 o governo Bolsonaro comprou 714 mil quilos de picanha, 80 mil unidades de cervejas e 1,3 milhão de quilos de carvão para os comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, de acordo com um pedido de investigação protocolado no Ministério Público Federal pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO). Enquanto isso, a carne sumiu da mesa dos brasileiros assalariados e, no último período, ficou ainda mais distante do orçamento da população nas capitais.
Em 14 capitais, o preço médio da carne bovina de primeira registrou alta: variou de 0,17%, em João Pessoa, a 6,00%, em Curitiba. As quedas ocorreram em três cidades do Nordeste: Natal (-2,41%), Aracaju (-2,25%) e Fortaleza (-0,79%). A baixa disponibilidade de animais para abate no campo e a demanda externa elevada resultaram em aumentos de preço.
A batata, pesquisada no Centro-Sul, teve o valor aumentado em nove de 10 cidades. As altas oscilaram entre 3,23%, em Curitiba, e 18,60%, em Goiânia. A retração foi registrada em Campo Grande (-10,71%). A oferta reduzida, com o fim da colheita de inverno, elevou os preços do tubérculo. Mesmo com a intensificação da safra das águas em Santa Catarina, Minas Gerais e Paraná, os preços continuaram em alto patamar, pois a colheita foi dificultada com as chuvas.
O prato vazio
Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
O escândalo do leite condensado, que revelou gastos bilionários do governo federal com alimentos supérfluos e exóticos no valor de R$ 1,8 bilhões em 2020, coincidiu com as maiores altas de preços dos alimentos básicos para a população.
O preço do feijão subiu em 12 capitais. O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, variou entre 2,71%, em Goiânia, e 9,16%, em Belém. Em Aracaju (-3,41%), Campo Grande (-1,46%), São Paulo (-0,85%) e Brasília (-0,26%), o valor médio diminuiu. Já o custo do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, aumentou em todos esses locais – com destaque para Florianópolis (4,82%), Rio de Janeiro (1,85%) e Vitória (1,85%). Problemas climáticos acarretaram redução da disponibilidade de feijão e alta nos preços. Parte da oferta de feijão preto foi garantida por grão importado.