ECONOMIA

Desemprego recua em julho, mas ainda atinge 12,6 milhões

População ocupada ficou em 93,6 milhões de pessoas e chegou ao maior número da série histórica da Pnad/IBGE, iniciada em 2012
Por Gilson Camargo* / Publicado em 30 de agosto de 2019
Mesmo com a queda de 4,6% nesse período, no país ainda há 12,6 milhões pessoas em busca de trabalho

Foto: Wilson Dias/ ABr

Mesmo com a queda de 4,6% nesse período, no país ainda há 12,6 milhões pessoas em busca de trabalho

Foto: Wilson Dias/ ABr

A taxa de desemprego do país recuou para 11,8% no trimestre finalizado em julho deste ano. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira, 30, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa é inferior aos 12,5% do trimestre encerrado em abril deste ano e aos 12,3% de julho de 2018.

A população desocupada ficou em 12,6 milhões de pessoas no trimestre finalizado em julho, 4,6% abaixo do trimestre encerrado em abril (menos 609 mil pessoas), mas estatisticamente estável em relação a igual período de 2018.

Já a população ocupada ficou em 93,6 milhões de pessoas e chegou ao maior número da série histórica, iniciada em 2012.

O contingente é 1,3% maior (mais 1,22 milhão de pessoas) do que em relação ao trimestre encerrado em abril e 2,4% superior (mais 2,22 milhões de pessoas) do que o trimestre finalizado em julho do ano passado.

Na comparação com o trimestre terminado em abril, o período teve menos 609 mil pessoas desocupadas. Mesmo com a queda de 4,6% nesse período, no país ainda há 12,6 milhões pessoas em busca de trabalho. “A elevação de 1,2 milhão de pessoas no contingente de ocupados, com redução significativa da pressão sobre o mercado de trabalho (menos 609 mil pessoas desocupadas), provocou essa retração considerável na taxa”, explica o gerente da PNAD Contínua, Cimar Azeredo.

Dempregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada somam 11,7 milhões de maio a julho

Foto: Pedro Vidal/Agência IBGE Notícias

Dempregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada somam 11,7 milhões de maio a julho

Foto: Pedro Vidal/Agência IBGE Notícias

 INFORMALIDADE – No entanto, a melhora na taxa de desemprego está relacionada ao aumento do trabalho informal. No trimestre encerrado em julho, o total de empregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada atingiu 11,7 milhões de pessoas, o maior contingente da série histórica iniciada em 2012. O aumento em relação ao trimestre anterior foi de 3,9%, o que representa 441 mil pessoas nessa categoria. Já em relação ao trimestre encerrado em julho do ano passado, a elevação foi de 5,6%, um adicional de 619 mil pessoas.

Outro fator relacionado à informalidade, de acordo com o IBGE, são os trabalhadores por conta própria, que também atingiram o maior patamar da série: 24,2 milhões de pessoas. O crescimento registrado foi de 1,4% na comparação com o trimestre anterior (fevereiro a abril de 2019), significando mais 343 mil pessoas neste contingente. Em relação ao ano anterior, o indicador também apresentou elevação (5,2%), um adicional estimado de 1,2 milhão de pessoas.

“Desde o início da crise econômica a inserção por conta própria vem sendo ampliada em função da falta de oportunidade no mercado formal. Um dos sinais de recuperação do mercado de trabalho, dada experiências em crises anteriores, é a redução desta forma de inserção, que atingiu o nível mais alto neste trimestre”, explica Azeredo.

No trimestre, havia aproximadamente 28,1 milhões de pessoas subutilizadas no país. Esse grupo apresentou estabilidade frente ao trimestre anterior e na comparação com o trimestre encerrado em julho de 2018, um aumento de 703 mil pessoas subutilizadas.

"Desde o início da crise econômica a inserção por conta própria vem sendo ampliada em função da falta de oportunidade no mercado formal", destaca o gerente da PNAD Contínua, Cimar Azeredo

Foto: IBGE/ Divulgação

“Desde o início da crise econômica a inserção por conta própria vem sendo ampliada em função da falta de oportunidade no mercado formal”, destaca o gerente da PNAD Contínua, Cimar Azeredo

Foto: IBGE/ Divulgação

INTERIOR – Em julho, um levantamento feito a partir dos microdados da PNAD Contínua revelou um retrato inédito do mercado de trabalho do interior do país. As informações do primeiro trimestre de 2019 mostram que o desemprego no interior é menor que nas regiões metropolitanas em 18 estados. Entre os cinco estados sem região metropolitana, apenas o interior do Mato Grosso do Sul tem a desocupação maior que a capital.

Para chegar a esse recorte territorial, o interior foi considerado como todos os municípios do estado, excluída a região metropolitana, quando existir, e a capital. Na comparação com a taxa de desocupação do país, de 12,7%, apenas 10 regiões de interior tiveram desemprego maior que o índice nacional.

Mas esses resultados não significam que as condições do mercado de trabalho sejam melhores fora dos grandes centros urbanos. Pelo contrário, 62,4% das pessoas que trabalham na informalidade estão no interior, ou seja, 20,8 milhões de trabalhadores sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ e sem contribuição para a previdência oficial (empregadores e por conta própria) ou sem remuneração (auxiliam em trabalhos para a família). No Brasil, 36,3% da população ocupada está nessa condição.

A informalidade no interior é maior que nas regiões metropolitanas, mas isso só não acontece nos estados de São Paulo e Santa Catarina. Quanto à proporção dessa população, o país tem 13 estados com pelo menos metade de seus trabalhadores do interior em condições informais. Todos esses locais estão no Norte e Nordeste, sendo que o interior do Amazonas tem o maior percentual, com 71,7% de informais. Já o interior de Santa Catarina tem a menor taxa, com 19,4% de seus ocupados na informalidade.

O Amazonas também é o estado com a maior diferença de trabalhadores informais na comparação entre interior e região metropolitana, seguido por Sergipe, Ceará, Piauí, Bahia e Paraíba.

Além da desocupação e da informalidade no interior, os microdados da PNAD Contínua mostram o rendimento médio desses locais no primeiro trimestre do ano. De acordo com a pesquisa, o rendimento mensal dos ocupados no interior equivale a menos da metade do recebido pelos trabalhadores das capitais de oito estados. A média do país é de R$ 2.291.

No Espírito Santo, por exemplo, enquanto um trabalhador do interior recebia R$ 1.725, um da capital ganhava R$ 4.653, a maior diferença encontrada, de RS 2.928. Já Rondônia teve a menor diferença, de R$ 514, onde o rendimento médio do interior foi de R$ 1.736, contra R$ 2.250 em Porto Velho.

Os menores ganhos mensais se concentraram no interior das regiões Norte e Nordeste, sendo o mais baixo no Amazonas, com rendimento médio de R$ 1.016. As regiões de interior com os maiores rendimentos estão nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, todos acima de R$ 2 mil.

*Com informações do IBGE.

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