Marcelo Delacroix apresenta canções inéditas, que anunciam novo álbum
Foto: Vitória Proença/Divulgação
Foto: Vitória Proença/Divulgação
Compositor, violonista, cantor e estudioso atento à música feita no continente sul-americano, no Brasil, no Rio Grande do Sul e na sua própria aldeia, o artista Marcelo Delacroix Cury, 58 anos, filho de um casal de imigrantes vindos da França – o Cury do pai é de família Síria – é de dono de uma voz única e potente, e com ela apresentará, acompanhado de seu violão, uma seleção da nova lavra das suas canções inéditas neste sábado, em show gratuito, na Fundação Ecarta, intitulado Tempo presente. O espetáculo integra o projeto Ecarta Musical.
A músicas novas anunciam que vem por aí um novo álbum. Mas o próprio Marcelo Delacroix, ainda não sabe quando lançará nem como se chamará. “Previsão ainda não há, nem nome, mas eu já tenho todas as músicas para um novo disco. Só não faço ideia de como vou conseguir viabilizar isso. Os meus dois primeiros discos (solo) foram feitos através do Fumproarte, depois, mais recentemente, fiz uma campanha de financiamento coletivo. Nos meus discos normalmente eu não não traço um conceito. Eles são um apanhado das músicas que eu vou compondo ao longo de um determinado tempo. Quando eu vejo que eu tenho músicas suficientes e que estou satisfeito aí monto o álbum”.
Entre as inéditas estão os temas Fio de Ar (com poema de Marceli Becker), Benfazeja (parceria com Arthur de Faria e Nelson Coelho de Castro), e Fonte da Nostalgia (com Carlo Pianta), além de uma seleção dos discos anteriores, como Depois do Raio (Marcelo Delacroix/Arnaldo Antunes), Tempo Bom (Marcelo Delacroix/Tatiana Cruz) Passará (Marcelo Delacroix/Ronald Augusto) e Milonga Moura (Marcelo Delacroix/Jerônimo Jardim), e ainda algumas músicas escolhidas de outros compositores locais.
“Agora, casualmente para este esse show na Ecarta, pensei num conceito que foi explorar a minha própria relação com o tempo. Estou completando 58 anos em julho. Estou com dois netos e meu filho está com 38 anos. Aí, tenho pensado muito sobre o tempo e me dou conta que muitas músicas minhas falam ou tangenciam sobre este tema”, explica.
A partir desta ideia do artista no seu tempo, com um olhar apontando para o futuro e outro revisitando o passado, Marcelo, sozinho no palco busca um contato direto com o público e, através do repertório escolhido intercalará musica com um bate-papo descontraído que permeará todo o show.
Formato
“O show deste sábado será voz e violão, mas eu vou ter a participação do André Paz e do Mateus Mapa. O Mateus que toca comigo há muitos anos desde o meu primeiro disco. Ele canta uma música comigo no meu primeiro disco Amigo do Rei e ele agora está indo morar no Mato Grosso do Sul. Então convidei ele pra gente fazer essa pequena despedida”, adianta.
As canções serão apresentadas em seu estado natural, como foram originalmente compostas, expõem os detalhes da harmonia e contrapontos entre voz e violão, possibilitando um mergulho mais profundo na interpretação.
“O que me move como artista é manter o mesmo frescor e o prazer que eu senti lá aos treze, quatorze anos, quando eu comecei. Então, eu já completei mais de quarenta músicas, de quarenta anos envolvido com composição. Eu busco então não perder aquele prazer que um dia me fez querer fazer música. Não tenho muita preocupação com mercado. Talvez devesse ter mais. Nem sei como essas coisas funcionam na verdade. Vou fazendo as coisas como eu sei e como eu posso e vendo o resultado que dá. E, daqui pra frente, neste resto de vida que sobra eu quero fazer isso com prazer. Não estou correndo atrás de ‘dar certo’. Dar certo é ser feliz, né?”,
Segundo ele, os critérios pra fazer uma canção não partem muito de um conceito, a não ser que seja uma música de encomenda. “Normalmente a ideia é que é que vem antes de traçar qualquer critério. Mas falando de característica, eu gosto muito de melodia, gosto muito de harmonia e gosto muito da relação da melodia com a harmonia, ou seja, como as coisas vão se tensionando e relaxando e se resolvendo. Essa relação de tensão e repouso que existe entre melodia e harmonia é um pouco o que acaba conduzindo assim minhas músicas na hora de compor”, define.
Trajetória
Músico, compositor, cantor e produtor. Iniciou seus estudos na escola de música da OSPA e graduou-se em Música na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Lançou cinco discos, sendo três individuais: Marcelo Delacroix (2000) e Depois do Raio (2006) – ambos vencedores do Prêmio Açorianos de Música, nas categorias de Melhor Disco de MPB e Melhor Disco do Ano; e mais recentemente o disco Tresavento (2019), nomeado ao Latin Grammy 2020, na categoria melhor disco de cantor e compositor.
Além desses, o disco de música instrumental com o grupo Quebra Cabeça (1994) – indicado ao Prêmio Açorianos de Melhor Disco Instrumental, e o Canciones Cruzadas (2013) em parceria com o músico uruguaio Dany López, indicado ao Prêmio Açorianos de Melhor Disco e Melhor Intérprete.
Apresentou-se em diversas cidades no Brasil, Uruguai, Argentina, Espanha, Alemanha e Bélgica. Entre os parceiros de composição estão Arnaldo Antunes, Arthur de Faria, Jerônimo Jardim, Leandro Maia, Mar Becker, Nelson Coelho de Castro, Raul Ellwanger, Ronald Augusto, Sérgio Napp, Mario Falcão, entre outros.
Integrou vários grupos, entre eles o “Conjunto de Câmara de Porto Alegre” (música medieval e renascentista), o “Bando Barato pra Cachorro” (Samba dos anos 30 e 40) – escolhido Grupo.
Revelação do ano de 1992, e premiado com o Prêmio Açorianos de Música como Melhor Grupo de 1993. Compôs diversas trilhas para teatro e dança, tendo recebido o Troféu Açorianos por A Bota e sua Meia, do dramaturgo alemão Herbert Achternbusch, e Os crimes da rua do Arvoredo, ambas com direção de Camilo de Lélis; e por Sonho de Uma Noite de Verão, dirigido por Patrícia Fagundes. Trabalhou também com os diretores Zé Adão Barbosa, Luciano Alabarse, Miriam Benigna, Élcio Rossini, Adriane Mottola, Marcelo Aquino, Jussara Miranda e Carlota Albuquerque.Na Área da Dança, ganhou o Prêmio Açorianos pela música por Létis, da Muovere Cia de Dança. No cinema fez a direção vocal do filme A Paixão de Jacobina, de Fábio Barreto, e canta a música final do filme Referendo, do diretor Jaime Lerner.
Para a TV fez trilhas para documentários, como Sul sem Fronteiras TVE-RS e Histórias Curtas RBS “Um risco no céu”, em homenagem ao compositor gaúcho Carlinhos Hartilieb, tendo recebido diversos prêmios, entre eles o de melhor trilha.
Apresentou-se com a Orquestra de Câmara da Ulbra e foi solista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre no concerto em homenagem ao pianista e compositor Geraldo Flach. Em 2010 cria, ao lado de Vítor Ramil, Ana Prada e Daniel Drexler o show Poa Montevideo/Sin Fronteras, apresentado nas duas capitais, e que acabou inspirando a criação do documentário “A Linha Fria do Horizonte”. Prepara em 2020/2021 canções novas compostas durante a pandemia, e que devem fazer parte de um novo disco. Atua também como educador musical, já tendo trabalhado em diversas escolas e projetos sociais, ministrando cursos e oficinas de musicalização para crianças e adultos. Coordena atualmente os grupos de canto: Sol de Si e o Quartas Cantantes
As músicas de Marcelo Delacroix podem ser encontradas nas principais plataformas de streaming.