CULTURA

O professor, o gigante e o escritor

Fabrício Silveira lança romance histórico ficcional ambientado na Itália entre 1876 e 1916 sobre Ugo Battista, o homem mais alto do mundo
Por Gilson Camargo / Publicado em 20 de agosto de 2019
Fabrício Lopes da Silveira se inspirou em uma história real para basear seu primeiro romance histór

Foto: Igor Sperotto

Fabrício Lopes da Silveira se inspirou em uma história real para basear seu primeiro romance histórico e ficcional

Foto: Igor Sperotto

A literatura de ficção sempre bateu à porta do jornalista e professor de Comunicação Fabrício Lopes da Silveira, 47 anos, que, durante duas décadas de docência, dedicou-se a escrever livros sobre comunicação e cultura popular. Autor de O Parque dos Objetos Mortos – E outros ensaios de comunicação urbana (Armazém Digital, 2010), Grafite Expandido (Modelo de Nuvem, 2012), Rupturas Instáveis – Entrar e sair da música pop (Libretos, 2013), entre outros, o professor relata que sempre quis se aventurar pelo gênero ficcional, o que foi adiando, até por conta da dinâmica do mundo acadêmico. A oportunidade surgiu quando ele se deparou com a história do italiano Ugo Battista, um gigante de 2 metros e 39 centímetros de altura, considerado o homem mais alto do mundo à sua época, que viveu apenas 40 anos, entre 1876 e 1916. “Ele era da região de Piemonte. Trabalhou como atração de circo, os freak shows da época, e era uma espécie de celebridade antes da cultura moderna das celebridades”, define Fabrício, que resolveu escrever um romance histórico para resgatar a trajetória do curioso personagem.

Foto: Reprodução/Web

Ugo Battista tinha 2 metros e 39 centímetros de altura

Foto: Reprodução/Web

Assim, o livro Gigante Figura (Editora Riacho, 2018), ilustrado pelo artista gráfico Denny Chang, assinala a estreia do autor no gênero ficção. “Descobri uma pequena biografia desse personagem e fiquei fascinado. Me pareceu, de imediato, um ótimo personagem para acompanhar, para recriar sua vida, utilizando-o como um modo de passear pela época, pelos primórdios da cultura comunicacional que vivemos hoje. O circo, como a fotografia, o cinema, o showbiz são construções históricas muito evidenciadas naquele momento”, revela.

A transição não foi fácil. “Foi um salto inesperado, tive que reaprender. A escrita ficcional impõe mais sofrimento, mas também é mais prazerosa porque mantém o autor ancorado na realidade histórica, o que considero importante como jornalista”, situa. O livro foi escrito no contexto de uma experiência de sala de aula. “Meus alunos tiveram acesso às elaborações parciais do texto. Puderam discuti-las, afinal, existem ali conteúdos que estavam sendo trabalhados. É uma via dupla: se pode, aqui, remeter tanto ao entendimento da história, de aspectos, personagens ou fatos históricos, quanto às próprias técnicas narrativas e/ou literárias.”

Graduado na Universidade Federal de Santa Maria (1995), Fabrício é Mestre em Comunicação e Informação pela Ufrgs (1998) e Doutor em Ciências da Comunicação (2003) pela Unisinos, instituição na qual foi professor da graduação e da pós em Comunicação de 1998 a 2018. Licenciado da instituição para fazer pós-doutorado na Ufrgs, ele dá uma pista sobre a tese. “Fiz um trabalho sobre comunicação urbana em Porto Alegre. Utilizei muita coisa de um autor que me acompanha até hoje: Walter Benjamin. Não há uma conexão direta com a literatura. No entanto, o próprio Benjamin era um crítico literário, explorava diferentes formatos narrativos em seus escritos. Além disso, a cidade de Porto Alegre, por exemplo, é uma presença forte e muito inspiradora na literatura gaúcha.” Os próximos livros, adianta, são uma coletânea de contos ilustrados por Chang e um romance sobre o mundo do trabalho.

 

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