CULTURA

Para qual leitor se fazem os livros?

Por Gilson Camargo / Publicado em 22 de outubro de 2006

“O escritor não sabe para quem escreve”, diz Alcy Cheuiche, patrono da 52ª Feira do Livro de Porto Alegre, para definir uma pesquisa do Ibope encomendada pela Câmara Rio Grandense do Livro e que traça o perfil dos leitores de livros e será divulgada no final do mês, na Feira do Livro de Porto Alegre. Cheuiche, 66 anos, estreou na literatura em 1966 com O gato e a revolução. O livro de prosa foi lançado em Porto Alegre no ano seguinte. Na seção de autógrafos, o primeiro da fila era Mario Quintana. Seguiu-se um épico: Sepé Tiaraju: romance dos sete povos das Missões. Das obras mais conhecidas, destacam-se ainda A mulher do espelho e romances históricos como Ana sem terra, A Guerra dos Farrapos, Nos céus de ParisRomance da vida de Santos Dumont e o inédito O farol da solidão. “Os personagens históricos me atraem”, diz nesta entrevista.

Extra Classe – Qual a importância da pesquisa?
Alcy Cheuiche
– A surpresa pode ser grande para alguns, mas é uma iniciativa positiva, porque há um movimento editorial a partir da Feira, que gera seus filhotes e proporciona um nível maior de leitura. É fundamental para o escritor saber quem lê o que ele escreve.

EC – Quem são os seus leitores?
Cheuiche
– Meu leitor gosta de cinema, pois escrevo romances históricos, que se aproximam da técnica cinematográfica, dos movimentos que lembram muito os filmes. Agora mesmo está em fase de captação de recursos a adaptação para o cinema de Sepé Tiaraju, dirigido por Henrique de Freitas Lima (Lua de Outubro e Concerto Campestre).

EC – Há uma forte identidade com a história gaúcha nos seus livros…
Cheuiche
– Sou um homem que vem do campo. Minha família por parte de mãe, Sílvia Tavares, cujo sobrenome não adotei, acompanhou a revolução dos Farrapos. O coronel João da Silva Tavares, meu avô, era amigo e compadre do Bento Gonçalves, mas enfrentou as tropas farroupilhas na batalha do Seival porque era um liberal e não queria separação do Rio Grande. Se eu já existisse naquela época, ia enfrentar os farrapos. Minha obrigação no romance histórico é reconstruir. Não se pode ser faccioso. Há quem diga que os farrapos não tinham consciência social. Karl Marx tinha 17 anos quando começou a escrever O Capital e também não era marxista.

EC – O que representa ser eleito patrono da Feira?
Cheuiche
– O troféu do patrono é emblemático, o mais importante que já me deram, pelo conjunto da obra. Estou tranqüilo para escrever mais e com mais paz. Sou daqueles que lutaram contra o movimento que queria tirar a Feira da praça no final dos anos 80 sob o argumento de que a chuva atrapalhava, estragava os livros. Se tivéssemos perdido isso, teríamos uma dessas bienais onde o leitor entra na fila, mostra tudo quanto é documento e paga 15 reais para entrar numa sessão de autógrafos.

Filosofar
Em Sobre a construção do sentido – O pensar e o agir entre a vida e a filosofia (Editora Perspectiva, 103 páginas), Ricardo Timm de Souza nos impele a filosofar. O livro é resultado de sua experiência como docente nos cursos de graduação e extensão em Filosofia ministrados em várias universidades e em outras instituições. Sua clareza e objetividade conquistam o leitor, facilitando sua incursão no mundo filosófico.

 

Handebol
Referência para profissionais de Educação Física que desenvolvam a prática do handebol ou se interessem pelo esporte estão presentes em Preparação física no handebol, de Carlos Alberto Tenroller e Andréia Tenroller, (Editora Calábria, 112 páginas). De uma maneira didática e objetiva, os autores apresentam o conceito, contexto e a história do esporte. Em seguida, são abordados a preparação física, o treinamento e a importância de uma alimentação balanceada para o bom condicionamento dos atletas.


Biografia

A obra Protásio Alves e o seu tempo 1859 – 1933(431 páginas, Já Editores), de Maria do Carmo Campos e Martha Geralda Alves D’Azevedo retrata sua trajetória familiar e profissional detalhada contendo cartas, manuscritos, fotos da época, entrevistas e documentos. Um mergulho na vida do renomado Doutor, que entre seus feitos teve a fundação da Faculdade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre, hoje integradas à UFRGS.


Televisão e Academia

O distanciamento existente entre quem produz televisão e pesquisadores e a possibilidade ou não de analisar os sentidos e a significação dos produtos televisuais independentemente de suas condições de produção e recepção, são questões abordadas emTelevisão entre o mercado e a academia (Editora Sulina, 311 páginas).Trata-se de uma análise mais aprofundada dos produtos televisuais e o retorno das mesmas ao mercado para serem utilizadas pelos profissionais de televisão. Organizado por Elizabeth Bastos Duarte e Maria Lília Dias de Castro, a obra integra a coleção Estudos sobre o audiovisual.

Orientação Profissional
Formação e Orientação Ocupacional – Manual para jovens à procura de emprego (Editora Sulina, 133 páginas), de Jorge Castellá Sarriera, Sheila Gonçalves Câmara e Cynthia Schwarcz Berlim. Fruto da experiência no acompanhamento de programas de inserção junto aos jovens em busca de emprego, o Manual pretende potencializar os jovens, proporcionando o conhecimento de suas capacidades e compreendendo-os como sujeitos capazes de apropriarem-se de suas habilidades e tentarem ingressar no mundo do trabalho. Para isso, apresenta exercícios práticos, enfatiza questões teóricas de uma maneira didática e agradável.

Bolsa Família
Livro do colaborador do Extra Classe Marco Aurélio Weisheimer, Bolsa Família – Avanços, Limites e Possibilidades (Perseu Abramo, 159 páginas) apresenta uma radiografia detalhada do programa que tem sido a menina dos olhos da gestão Lula, sem deixar de avaliar criticamente e apresentar vários posicionamentos sobre o tema.

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