Plebiscito decide pelo fim da exploração de petróleo na Amazônia equatoriana
Foto: Juan Crespo/ Observatório do Clima
Nas eleições presidenciais de domingo, 20, no Equador, os eleitores votaram a favor da suspensão da exploração de petróleo no interior do Parque Nacional do Ysuní, na floresta Amazônica.
Eles aprovaram nas urnas a suspensão da exploração de petróleo no interior do Parque Nacional do Ysuní, na floresta Amazônica. Com 98% das urnas apuradas na manhã desta segunda-feira, 21, a suspensão obteve 59% de votos para o “sim” e 41% “não”.
A reserva de petróleo existente no subsolo da reserva florestal vinha sendo explorada pelo governo.
Agora, com o resultado histórico do plebiscito popular promovido por ambientalistas, o que restou de petróleo deverá permanecer na reserva por tempo indeterminado.
O Ysuni é o menor dos três campos de petróleo situados na região Amazônica do Equador que ainda estavam em atividade. Sua paralisação retira dos cofres do governo quase R$ 82 bilhões nas próximas duas décadas.
Situada entre as províncias de Orellana e Pastaza, a reserva abriga indígenas das etnias waoranis, kichwas e as comunidades autoisoladas tagaeri, taromenane e dugakaeri.
Com essa decisão, o Equador é o primeiro país do mundo a banir com um plebiscito a exploração de combustíveis fósseis numa zona ambientalmente sensível.
Os eleitores equatorianos decidiram abrir mão da receita imediata da atividade petroleira em favor dos povos indígenas que habitam o Yasuní, da biodiversidade da região – uma das maiores do planeta – e da proteção do clima, afirmou o Observatório do Clima.
“O resultado da consulta é uma conquista da sociedade civil. Há uma década o coletivo Yasunidos luta na Justiça pelo direito da população de decidir sobre a continuidade da exploração. O povo waorani também já havia obtido uma decisão judicial contra a abertura de mais um bloco de petróleo no parque, em 2019”.
A decisão ocorreu tarde demais para influenciar a Cúpula da Amazônia, que falhou em decidir pela suspensão da exploração de óleo e gás na região, o voto equatoriano fortalece a mobilização por uma Amazônia sem petróleo – que contava com a colômbia a favor do fim dos fósseis na bacia.
No Brasil, o governo Lula e políticos dos Estados amazônicos vêm tentando abrir uma nova fronteira de óleo e gás na Foz do Amazonas, uma bacia sedimentar no litoral do Pará e do Amapá. O Ibama vetou um pedido da Petrobras para um dos blocos.
A Agência Internacional de Energia mostrou que, se o mundo quiser ter uma chance de estabilizar o aquecimento global em 1,5oC, como determina o Acordo de Paris, nenhum projeto novo de combustíveis fósseis pode ser autorizado, em nenhum lugar do planeta, alerta Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
“Esperamos que o governo brasileiro se mire no exemplo equatoriano e decida fazer a única coisa compatível com um futuro para a humanidade e com a liderança que o Brasil quer ter na luta contra a crise climática: deixar o petróleo da Foz do Amazonas no subsolo e apoiar, quando assumir a presidência do G20, no mês que vem, um pacto global pela eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis”, sinalizou.