Recorde de focos de incêndio no Brasil e na Argentina altera condições climáticas no RS
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O alto volume de queimadas registrado no Norte da Argentina e no Sudeste do Paraguai tem causado efeitos climáticos severos também no Rio Grande do Sul. A fumaça trazida ao estado pelo vento da Amazônia, que elevou as temperaturas em pleno inverno, é encorpada pelas queimadas nos Aparados da Serra e no Planalto Sul Catarinense. Os registros são recordes na série histórica medida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O epicentro das queimadas é a província de Formosa, no Norte da Argentina e na divisa com o Paraguai. O número de focos de incêndio triplicou na região em relação a 2019, passando de 9 mil para 35 mil. No Paraguai a situação é igualmente grave, com mais que o dobro de focos este ano em relação a 2019. No Mato Grosso do Sul, na divisa com Paraguai, o aumento no volume de pontos de queimada chegou a 92%.
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Mas a concentração de focos no Rio Grande do Sul, especialmente no município de Cambará do Sul, também chama a atenção. A área faz parte do bioma Mata Atlântica, um dos mais afetados do país pelas queimadas em 2020.
Segundo a MetSul Meteorologia, as condições climáticas deverão favorecer um registro mais acentuado de fumaça nesta segunda-feira, 10, em todo o estado.
“As correntes de vento de Norte que trazem o ar quente transportam junto a fumaça para as latitudes médias da América do Sul. No Rio Grande do Sul, a fumaça tem sido perceptível com cores mais alaranjadas e avermelhadas do sol ao fim da tarde e da lua à noite, especialmente no Oeste e no Sul gaúchos, que estão mais próximos da área de concentração de fumaça”, explicou o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall.
Névoa seca e partículas de fuligem chegam a Serra
Também há registros de névoa seca e partículas de fuligem em cidades da Serra gaúcha, como Caxias do Sul, Farroupilha e Nova Petrópolis, entre outras. “Podemos afirmar que se trata de fuligem porque o material particulado altera a coloração do ambiente, que fica mais avermelhado que o normal”, completa Nachtigall. O efeito também pôde ser observado em Porto Alegre no final de semana
A região Sul do Brasil, incluindo Santa Catarina e Paraná, concentrou o maior aumento no número de pontos de incêndio entre janeiro e agosto deste ano, com 71% de alta em relação a 2019. O índice é muito superior à média nacional, de 9%.
Segundo levantamento publicado pela MetSul, com informações de satélites da Nasa (a agência espacial norte-americana), a região de abrangência do Estado concentrava fumaça em um território estimado de 1,8 milhão de quilômetros quadrados – que inclui todo o Paraguai, Norte da Argentina e pelo menos dois terços do território gaúcho.
O bioma característico dessa região é uma extensão do Cerrado e do Pantanal brasileiros, bastante afetados pelas condições climáticas de calor excessivo e baixa umidade do ar.
Em Porto Alegre, capital gaúcha, por exemplo, a umidade média do ar nesta segunda-feira, 10, deve ser de 22%. O ideal é que esse índice fique em torno de 60%.
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Desmatamento
O mês de julho bateu recorde de queimadas em todo o país, com 20,6 mil quilômetros quadrados, 60% a mais do que em junho e 9% em relação ao ano passado. O Pantanal foi o bioma que mais registrou alta, com aumento de três vezes em relação a julho de 2019.
No Rio Grande do Sul foram registrados mais de 2,2 mil focos de incêndio este ano, com alta de 73% em relação a 2019 segundo os dados do Inpe.
“O fogo ainda é uma das principais ferramentas para o desmatamento, especialmente por grileiros e agricultores, para limpar áreas de pastagem ou plantio. Os registros de incêndio se acentuam com as condições climáticas mas, igualmente, pela falta de uma política de proteção ambiental e de prevenção a novos focos”, afirmou o porta-voz da ONG ambientalista Greenpeace, Rômulo Batista.
O bloqueio atmosférico que foi responsável pelo predomínio do tempo seco, com muitos dias de sol desde o começo do mês, vai cair a partir desta terça-feira,11, com o avanço de uma frente fria impulsionada por uma massa de ar polar.