AMBIENTE

Plebiscito decide pelo fim da exploração de petróleo na Amazônia equatoriana

Por maioria de votos, eleitores decidem proteger parque Parque Nacional do Ysuní, na floresta Amazônica contra exploração de petróleo
Por Gilson Camargo / Publicado em 21 de agosto de 2023
Plebiscito decide pelo fim da exploração de petróleo na Amazônia equatoriana

Foto: Juan Crespo/ Observatório do Clima

Parque Nacional Yasuní, na Amazônia Equatoriana, onde a sociedade civil quer parar a exploração de petróleo

Foto: Juan Crespo/ Observatório do Clima

Nas eleições presidenciais de domingo, 20, no Equador, os eleitores votaram a favor da suspensão da exploração de petróleo no interior do Parque Nacional do Ysuní, na floresta Amazônica.

Eles aprovaram nas urnas a suspensão da exploração de petróleo no interior do Parque Nacional do Ysuní, na floresta Amazônica. Com 98% das urnas apuradas na manhã desta segunda-feira, 21, a suspensão obteve 59% de votos para o “sim” e 41% “não”.

A reserva de petróleo existente no subsolo da reserva florestal vinha sendo explorada pelo governo.

Agora, com o resultado histórico do plebiscito popular promovido por ambientalistas, o que restou de petróleo deverá permanecer na reserva por tempo indeterminado.

O Ysuni é o menor dos três campos de petróleo situados na região Amazônica do Equador que ainda estavam em atividade. Sua paralisação retira dos cofres do governo quase R$ 82 bilhões nas próximas duas décadas.

Situada entre as províncias de Orellana e Pastaza, a reserva abriga indígenas das etnias waoranis, kichwas e as comunidades autoisoladas tagaeri, taromenane e dugakaeri.

Com essa decisão, o Equador é o primeiro país do mundo a banir com um plebiscito a exploração de combustíveis fósseis numa zona ambientalmente sensível.

Os eleitores equatorianos decidiram abrir mão da receita imediata da atividade petroleira em favor dos povos indígenas que habitam o Yasuní, da biodiversidade da região – uma das maiores do planeta – e da proteção do clima, afirmou o Observatório do Clima.

“O resultado da consulta é uma conquista da sociedade civil. Há uma década o coletivo Yasunidos luta na Justiça pelo direito da população de decidir sobre a continuidade da exploração. O povo waorani também já havia obtido uma decisão judicial contra a abertura de mais um bloco de petróleo no parque, em 2019”.

A decisão ocorreu tarde demais para influenciar a Cúpula da Amazônia, que falhou em decidir pela suspensão da exploração de óleo e gás na região, o voto equatoriano fortalece a mobilização por uma Amazônia sem petróleo – que contava com a colômbia a favor do fim dos fósseis na bacia.

No Brasil, o governo Lula e políticos dos Estados amazônicos vêm tentando abrir uma nova fronteira de óleo e gás na Foz do Amazonas, uma bacia sedimentar no litoral do Pará e do Amapá. O Ibama vetou um pedido da Petrobras para um dos blocos.

A Agência Internacional de Energia mostrou que, se o mundo quiser ter uma chance de estabilizar o aquecimento global em 1,5oC, como determina o Acordo de Paris, nenhum projeto novo de combustíveis fósseis pode ser autorizado, em nenhum lugar do planeta, alerta Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

“Esperamos que o governo brasileiro se mire no exemplo equatoriano e decida fazer a única coisa compatível com um futuro para a humanidade e com a liderança que o Brasil quer ter na luta contra a crise climática: deixar o petróleo da Foz do Amazonas no subsolo e apoiar, quando assumir a presidência do G20, no mês que vem, um pacto global pela eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis”, sinalizou.

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