SAÚDE

Governo lança campanha de prevenção à Aids entre jovens

Novo boletim epidemiológico mostra redução no coeficiente de mortalidade pela doença. População mais atingida tem entre 25 e 39 anos. Unaids alerta sobre desigualdades
Da Redação / Publicado em 1 de dezembro de 2022

Foto: Julia Prado/Ministério da Saúde

A estimativa de 2021 do Ministério da Saúde mostra que 960 mil pessoas estão vivendo com HIV no Brasil. No mesmo ano, foram detectados 40,8 mil casos de HIV e 35,2 mil casos de Aids. Cerca de 727 mil estão em tratamento. População mais atingida são jovens

Foto: Julia Prado/Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira, 1° de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, a campanha nacional para reforçar e conscientizar sobre a prevenção do HIV/Aids – principalmente entre os jovens de 15 a 24 anos, população mais afetada pela doença de acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2022.

Com o tema “Quanto mais combinado, melhor!”, a campanha de 2022 tem o objetivo de conscientizar e informar sobre as formas de se proteger e prevenir a infecção.

A estimativa de 2021 do Ministério da Saúde mostra que 960 mil pessoas estão vivendo com HIV no Brasil. No mesmo ano, foram detectados 40,8 mil casos de HIV e 35,2 mil casos de Aids. Cerca de 727 mil estão em tratamento.

“Precisamos humanizar o tratamento dessas pessoas não só no SUS. A gente não pode deixar que doenças como a Aids fiquem um pouco a margem diante de novas situações, como foi com a chegada da pandemia. Que gente possa gerar equidade em todo o mundo para o tratamento do HIV”, afirma a secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Sandra Barros.

Os dados epidemiológicos lançados na quinta-feira, 30, revelam que há maior concentração dos casos de Aids em pessoas com idade entre 25 e 39 anos: 51,7% dos casos do sexo masculino e 47,4% dos casos do sexo feminino pertencem a essa faixa etária.

Esse cenário torna muito importante a disseminação de informações sobre o uso combinado de novos métodos de prevenção, como as profilaxias pré e pós exposição (PrEP e PEP).

Em 2022, com a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), a recomendação da profilaxia foi atualizada para todos os adultos e adolescentes com mais de 15 anos sob risco de infecção, ampliando o acesso.

Além disso, a estratégia também prioriza a promoção do uso de preservativos e do incentivo à testagem regular, fundamental para a detecção precoce do vírus entre a população mais jovem.

O Ministério da Saúde afirma que tem como prioridade a redução da mortalidade por Aids. “Nesse sentido, foram elaboradas diversas estratégias para qualificação do cuidado e fortalecimento da rede de atenção e às pessoas com Aids Avançada, com a incorporação de novos insumos para detecção de infecções oportunistas”, anuncia a campanha do MS.

Transmissão vertical

O boletim do Ministério da Saúde aponta que a taxa de detecção da Aids em menores de cinco anos apresentou queda nos últimos dez anos, passando de 3,4 casos a cada 100 mil habitantes em 2011 para 1,2 casos a cada 100 mil em 2021, o que corresponde a uma redução de 66%.

Já a taxa de detecção de HIV em gestantes aumentou 35% no mesmo período.

Para redução da transmissão vertical, o Ministério da Saúde investe na qualificação do cuidado, acompanhamento e detecção precoce da doença. “A estratégia Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical fortalece as gestões locais do SUS para aprimorarem ações de vigilância, diagnóstico, assistência e tratamento das gestantes, além da capacitação de profissionais de saúde”, reforça o comunicado.

Em janeiro de 2023 está prevista a distribuição do medicamento dolutegravir 5 mg, para crianças que vivem com HIV/Aids com mais de quatro semanas de vida.

Mais ações

O Ministério da Saúde também apresenta o Projeto de Reestruturação dos Centros de testagem e Aconselhamento (CTA), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que busca ofertar serviços específicos para os CTA integrada à rede de Atenção Primária, a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS).

O governo federal informou que promove a capacitação de trabalhadores de saúde e gestores, “com foco na melhoria do acesso e acolhimento das populações em situação de maior vulnerabilidade, além de organizar pontos de atenção, integrando ações de vigilância em saúde, prevenção, assistência e intervenções de base comunitária”.

Desigualdades perigosas

Em mensagem divulgada no Dia Mundial de Luta contra a Aids, a diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) Brasil, Claudia Velasquez, afirmou que é fundamental garantir que sejam oferecidos os serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV e da AIDS.

“O Brasil é um exemplo ao ter estes serviços disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único da Saúde (SUS), Mas, claramente, isto não é suficiente. Como mostra nosso relatório, as desigualdades criam barreiras que impedem as pessoas em vulnerabilidade de acessar estes serviços”, alertou.

A entidade lançou nesta semana o relatório Desigualdades Perigosas, que traz um vigoroso alerta sobre como as múltiplas desigualdades estão limitando o avanço da resposta ao HIV e à AIDS em todo o mundo.

Violência de gênero, masculinidade tóxica, racismo estrutural, estigma e discriminação e pobreza extrema são apenas algumas das manifestações das desigualdades para os quais é necessária uma ação imediata e coordenada entre os diversos níveis de governos, setor privado e sociedade civil, enumera.

Claudia lembrou que “igualmente importante é garantir que as comunidades e as pessoas vivendo ou convivendo com o HIV e a AIDS estejam no centro das estratégias, das políticas e das ações desenvolvidas”.

A diretora da Unaids disse que acabar com as desigualdades exige uma abordagem multisetorial, que realmente reconheça como elas se cruzam para afetar de maneira brutal a vida de milhões de pessoas todos os dias.

“Acabar com a pandemia de HIV/AIDS até 2030 está longe de ser uma utopia. Temos todos os instrumentos para conseguir esta meta, que foi acordada pelos países, incluindo o Brasil, na Assembleia Geral da ONU. Cumprir esta meta está, portanto, em nossas mãos, nas mãos desta geração”, concluiu.

Comentários