Bispos católicos criticam violência, fake news e uso político da religiosidade
Foto: CNBB/ Reprodução
O arcebispo de Salvador (BA), cardeal Sergio da Rocha, fez a leitura na manhã desta sexta-feira, 16, da mensagem da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aos brasileiros. O documento seguiu a linha histórica da CNBB, crítica às políticas de Estado que, na opinião dos bispos, deixam à margem da sociedade os mais pobres. Nesse ano, mais uma vez, o comunicado teve um forte questionamento aos discursos de ódio e as tentativas de ampliar o acesso as armas no país.
A manifestação é uma tradição do episcopado católico no país e é sempre feita no último dia da reunião, que nesse ano foi realizada de forma virtual devido à pandemia. A assembleia Geral da CNBB iniciou no último dia 12 e se encerra nesta sexta-feira.
“Sempre que assumimos posicionamentos em questões sociais, econômicas e políticas, nós o fazemos por exigência do Evangelho. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”, frisaram os prelados.
Os bispos ainda afirmam que perante a atual situação nacional, agravada pela pandemia, não podem se calar quando a vida é “ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”.
Foto: Vatican News/ Divulgação
Violência
Os religiosos ainda manifestaram sua preocupação com as “múltiplas formas de violência” que estão sendo disseminadas no Brasil e as políticas de governo que visam a facilitar o acesso a armas.
“A desinformação e o discurso de ódio, principalmente nas redes sociais, geram uma agressividade sem limites”, diz o documento.
Os bispos ainda ressaltaram que constatam “o uso da religião como instrumento de disputa política, justificando a violência e gerando confusão entres os fiéis e na sociedade”.
Missão de cuidar
Em uma crítica velada às tentativas recentes de se promover aglomerações em templos, a mensagem da CNBB afirma que os bispos católicos são pastores e têm a missão de cuidar. “Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade”, afirma.
O documento ainda faz um agradecimento aos profissionais de saúde e uma forte defesa do Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS).
Para a CNBB, o momento do Brasil pede competência e lucidez. “São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”, registra a mensagem da conferência.
Os religiosos afirmam também que os três poderes da República têm em suas especificidades a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado”. Acesse a íntegra da mensagem.