MOVIMENTO

Chilenas vão às ruas contra o machismo

Manifestações do 8 de março levaram 2 milhões de mulheres do país andino às ruas por mudanças culturais e na perspectiva de gênero
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 9 de março de 2020
Milhares de mulheres tomaram as ruas de Santiago, a capital, para combater o machismo e o patriarcado

Imagem: Florencio Valenzuela Cortes/ Reprodução

Milhares de mulheres tomaram as ruas de Santiago, a capital, para combater o machismo e o patriarcado

Imagem: Florencio Valenzuela Cortes/ Reprodução

Na esteira dos recentes protestos que tomaram conta das ruas do Chile desde outubro passado, neste 8 de março mulheres do país andino se mobilizaram e realizaram grandes atos para exigir mudanças culturais na perspectiva de gênero. Também rescaldo dos movimentos anteriores, a exigência por uma Assembleia Nacional Constituinte que reverta o que as organizadoras do movimento 8M no Chile denominaram de “neoliberalismo selvagem” instalado durante a ditadura Pinochet. Com cerca 2 milhões de pessoas participando ativamente do Dia Internacional da Mulher no país, os chilenos mais uma vez chamaram a atenção da mídia internacional.

A agência internacional de notícias BBC, que cobriu intensamente os movimentos do 8 de março mundo afora, nomeou o Chile como um dos mais importantes em termos de presença nos atos. “No Chile, por exemplo, milhares de mulheres tomaram as ruas de Santiago, a capital, para combater o machismo e o patriarcado”, resumiu a agência britânica, acrescentando que “segundo os organizadores do evento, cerca de 2 milhões de pessoas participaram da marcha”.

O número divulgado não foi corroborado pelos Carabineiros (a truculenta força policial do Chile) que informou uma frequência de 125 mil pessoas. No entanto, vídeo de parte de uma das marchas passando pelo bairro santiaguino de Lastarria, enviado ao Extra Classe pelo professor Florencio Valenzuela Cortes, mostra um número muito mais expressivo do que a projeção dos policiais. Os carabineiros, na repressão aos protestos que se iniciaram em outubro no Chile, foram fortemente criticados por sua atuação, incluindo uma representação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Para o professor Cortes, o fato que mais chamou a atenção foi que a coordenação do 8M no Chile, ao convocar os atos, pediu aos homens que não participassem. “Foi uma imensa concentração fundamentalmente de mulheres”, assinala Cortes.

Memória: manifestantes lembraram o assassinato de Daniela Carrasco, a “Mimo", presa e executada por carabineiros em outubro de 2019

Foto: Reprodução

Memória: manifestantes lembraram o assassinato de Daniela Carrasco, a “Mimo”, presa e executada por carabineiros em outubro de 2019

Foto: Reprodução

Os atos pelo Dia Internacional da Mulher começaram no Chile ao meio-dia, com palavras de ordem aludindo à violência de gênero, à desigualdade social, ao femicídio, entre outros temas. O refrão “o estado opressor é um macho estuprador”, da música “Um estuprador no seu caminho”, criada por quatro feministas do coletivo Las Tesis, predominou e a ativista e artista de rua Daniela Carrasco, a “Mimo”, presa pela polícia durante manifestações em 23 de outubro e foi encontrada enforcada em uma praça pública em Santiago foi lembrada durante as manifestações. Uma das atividades deste domingo foi realizada nos arredores do Palácio de La Moneda, exatamente quando o presidente Sebastián Piñera anunciou uma série de projetos, como parte da comemoração do Dia Internacional da Mulher.

Na cidade de Valparaíso, importante caixa de ressonância nacional, por ser sede do Congresso do país, a movimentação também foi expressiva. Na primeira marcha, realizada no início da tarde, as manifestantes lembraram a memória das vítimas de feminicídio no Chile.

Já às 19h, com manifestantes vindos da cidade vizinha de Viña del Mar, uma multidão rumou para o Congresso Nacional.

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