Trabalhadores dos Correios tentam recuperar prejuízo bilionário causado por banco americano
Foto: Divulgação/Fentect
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios Telégrafos e Similares (Fentect) está intensificando suas ações para resgatar prejuízo bilionário causado ao fundo de pensão de sua categoria, o Postalis, pelo BNY Mellon Administração de Ativos.
Aos valores de hoje, a estimativa de perdas causadas ao Postalis pela corretora é de R$ 12 bilhões.
Esta semana, a federação que é filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), contratou a Almeida, Castro, Castro e Turbay, fundada pelo renomado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, para atuar no caso.
A BNY Mellon Administração de Ativos é o braço brasileiro do The Bank of New York Mellon Corporation (BNY Mellon), instituição americana de serviços bancários e financeiros com atuação em todo o mundo e que mantêm escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A má gestão de ativos do Postalis denunciado pela Fentect já rendeu contra o BNY Mellon uma acusação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e uma ação ajuizada pelo Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP).
Se a CVM entende que o BNY Mellon falhou na “gestão de liquidez” e promoveu uma “verdadeira armadilha” para os fundos que administrava, o MPF destacou que o banco “praticou atos irregulares que dilapidaram o patrimônio do Postalis e obrigaram os participantes a arcar com uma contribuição extraordinária de 25 98% (além da ordinária de 9%) por 180 meses”.
Banco norte-americano é pressionado por todos os lados
Para o secretário-geral da Fentect, Emerson Marinho, a entrada do escritório de advocacia de Kakay é mais um passo importante da Federação “na busca da recuperação do dinheiro que foi usurpado pelo BNY Mellon e que prejudica milhares de trabalhadores que dependem da aposentadoria”, destaca.
Segundo o dirigente sindical, estava estabelecido no contrato do Postalis com o banco uma cláusula para garantir ressarcimentos por danos causados por possíveis gestões temerárias nos investimentos sob responsabilidade da sua filial brasileira.
Além da frente jurídica, a Fentect tem investido forte na mobilização política para denunciar o prejuízo causado pela instituição financeira e pressionar autoridades brasileiras e americanas para a busca de uma solução.
Em 1° de setembro do ano passado, a federação realizou na frente da sede do banco, em Nova Iorque, um ato internacional que contou com o apoio da UniGlobal Union, organização sindical com sede na Suíça e que congrega entidades de trabalhadores de 150 países.
Em novembro passado, mais de 600 trabalhadores aposentados e na ativa dos Correios sob o chamado da Fentect protestaram na frente do escritório do BNY Mellon no Rio de Janeiro.
De acordo com a federação, “outras mobilizações devem ser organizadas até que autoridades americanas e brasileiras possam obrigar a ex-gestora a devolver o dinheiro do trabalhador”.